Pensata

Magaly Prado

09/11/2002

Programa "Garagem" sai do ar

O que eu vou ouvir nas segundas à noite? O programa mais alternativo do rádio dos últimos tempos foi descontinuado.

O trio formado pelos jornalistas Paulo Martín, André Barscinsky e Álvaro Pereira, que comandava o "Garagem" na Brasil 2000 FM, desde 99, se despediu na segunda passada com uma seleção de músicas que falavam "Good Bye".

Paulão (como é conhecido) frisa que acha "compreensível, por conta das mudanças na rádio, que vai permear as músicas pop-rock com ações sociais, culturais e educativas, e o "Garagem" não cabia na nova grade de programação da rádio".

Juan Pastor, atual coordenador artístico, apesar de gostar da parte musical do programa e não exatamente do formato, lamenta sua saída mas acrescenta que o "Garagem" não dava retorno suficiente. "Seu público era ouvinte do programa e não da rádio como um todo." Uma pena!

O "Garagem" ou trazia músicos internacionais de primeira linha ou convidava artistas do universo popularzão. Era escolher ouvir música emergente ou brega. Quem ouviu o programa em que eles trouxeram os músicos sessentões do grupo Jordans, da pré-Jovem Guarda, pois são de 1958, pode avaliar o estilão do programa.

O melhor quadro, o da broca que furava os discos, detonava inclusive os próprios músicos que tocavam na rádio. Mas era bastante engraçado! Era o que muita gente gostaria de fazer (em uma rádio) e não podia. Obviamente a maioria esmagadora dos programadores, locutores, técnicos, entre outros radialistas, não podem selecionar músicas do gosto pessoal, claro, são profissionais e colocam para tocar o que é determinado pela direção baseada em pesquisas de gosto do target definido.

Portanto, liberdade como eles tinham, será difícil, senão impossível uma outra emissora topar abrigá-los. A não ser que mudem o formato e deixem de meter o pau em quem frequenta as dez mais da própria rádio na qual veiculam seu "Garagem".

Outras emissoras segmentadas em rock possuem preocupação com audiência, portanto, resta aos meninos, adequar o programa para continuar figurando no dial. Boa sorte, e que consigam logo, já que estão negociando para qual devem ir.

Fato notório é a mídia espontânea que conseguiam. Visibilidade nos principais veículos de comunicação para um programa em uma segunda no final da noite, não é para qualquer um. Está certo que as festas que promoviam ajudavam e muito.

Segundo Paulão, eles eram bastante citados nas pesquisas internas, com o público-ouvinte da Brasil 2000. Obviamente, o mais citado é o "Na Geral", que mistura humor e futebol e em segundo vinha o próprio "Garagem" e "Backstage", de Vitão Bonesso.

O "Garagem" entrou no ar na gestão do Maia e Tatola, provavelmente mais Maia, acho eu, tem mais a cara dele. E permaneceu na gestão do Lélio Teixeira. Com a reformulação da programação da emissora que vai virar uma radioescola, perderam o espaço antes garantido.

Os rapazes recebiam cerca de 200 emails durante as duas horas do programa que era ao vivo (a única vez que entrou no ar uma gravação, foi na noite de um Natal que caiu na segunda, pois mesmo na virada de um ano novo, foi ao vivo).

Depois de anunciar a despedida, meia hora antes de acabar o programa, choveram mensagens por email e elas contabilizaram mais de mil. Lance inédito para um público que nem é muito chegado a ficar escrevendo.

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Ômega pop-rock fora do ar

A 106,9 volta para as mãos dos evangélicos. Aqueles pastores que pregam em português com tradução simultânea para o espanhol. Uma a menos!

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Abaixo você pode ler a matéria que publiquei no jornal Agora sobre a estréia do Marcelo Tas na Brasil 2000 FM.

Mas antes saiba que Marcelo Tas, 42, é um aficionado em rádio, pois desde pequeno foi acostumado a ouvir em Ituverava, no interior de São Paulo, rádio AM, principalmente à noite. Citou as rádios do Rio e lembrou de Big Boy; "Maré Mansa", de humor; a rádio Mundial (do Rio), Difusora. Alguns de seus ídolos foram Osmar Santos e Zé Silvério.

Dono de voz personalíssima, Tas comenta que muitas vezes é reconhecido por sua voz.

Quem já quiser acionar o "Blog do Tas" na internet, clique em:

http://www.brasil2000/blogdotas

Para quem não leu na minha coluna do jornal Agora

Programa de Marcelo Tas, que estréia na segunda, é início de projeto

"Blog do Tas" servirá como experiência do novo estilo de programação da Brasil 2000 FM (107,3). O próprio Marcelo Tas é quem está implantando o jornalismo que a rádio vai adotar. "Trata-se de uma incubadora de jovens do [Projeto] Aprendiz. Vamos aproveitar o material deles. É o próprio espírito do programa, ouvintes mais ativos do que passivos, com participação por meio de textos também. O que poderá ser feito pelo blog [site na internet que possibilita inclusão de comentários em tempo real de qualquer pessoa]", diz Tas.

"Notícias que dizem respeito ao mundo do ouvinte da Brasil 2000", complementa Tas. Exemplo? Se falar de violência, não será apenas o que acontece no mundo, será também direcionada à violência nas baladas. Todo final de semana, ficam sabendo de brutalidades de seguranças contra os frequentadores da noite. Isso será noticiado. Ouvintes da Brasil 2000 tem de 13 a 30 anos.

Mas nem só de noticiário será constituído o "Blog do Tas", de segunda à sexta, das 9h às 11h. Metade será música e Tas garante que "vai fazer o possível para interferir".

O blog é bastante simples. "Não precisa ser rato de internet", diz Marcelo Tas. O roteiro do programa é público. Dá para saber o que vai para o ar e participar antes, durante e depois.

O programa contará com entrevistas tanto no estúdio quanto pelo telefone. "Já temos várias reportagens gravadas. São coberturas de eventos na cidade", conta Tas. É um material que tem um toque do Aprendiz, de Gilberto Dimenstein, presidente do Conselho da Brasil 2000.

Marcelo Tas já trabalhou em rádio. Quem não se lembra do repórter Ernesto Varela, da 89 FM, no final da década passada? Agora encara uma atração diária ao vivo. "Já mudei meu fuso horário para chegar cedo e preparar o programa."

"Sou um ouvinte maciço de rádio. Ouço profissionalmente desde os 10 anos de idade. Gosto de ouvir notícias. Ouço AM e as 'estranhas'" , diz. Dá um exemplo: "Sabe o programa 'Chupim', da Metropolitana [às 20h]? Gosto do estilo do apresentador. Deixa-me com uma certa repulsa".

Tas gosta de ouvir os comunicadores. "Ouço a Capital, Zé Bettio; a Tupi, Gil Gomes. Ouço até os pastores. Fico impressionado como eles conseguem ficar tanto tempo no ar. Gosto da comunicação."

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Também dei na coluna do Agora

CICLO DE PALESTRAS

EM COMEMORAÇÃO AOS 80 ANOS DO RÁDIO NO BRASIL

Intitulado "O Rádio em Sintonia com o Século 21" acontece nos dias 19, 20, 21, 26, 27 e 28. Com esse ciclo, o Centro Cultural São Paulo pretende traçar um panorama da radiodifusão no Brasil, desde a década de 20.

Para entender o rádio e suas transformações, os profissionais vão discutir com o público temas como: "Radiohumor", "Liberdade de Expressão" e "Novas Tecnologias". Interessados nas palestras gratuitas podem se inscrever até dia 18, no (0/xx/11) 3277-3611, ramal 273.

Inaugura dia 19 com "Programação Musical, Qualidade, Critérios de Seleção, Participação do Ouvinte, Segmentação". Os convidados são Rogério Chiocchetti, produtor da Eldorado, e Ricardo Mendonça, coordenador artístico da 89 FM.

Dia 20, "Radiojornalismo, Elaboração e Seleção de Idéias e Edição de Reportagens, Prestação de Serviços". Convidados: Heródoto Barbeiro, gerente de jornalismo da CBN, e Joseval Peixoto, âncora do "Jornal da Manhã", da Jovem Pan. Acompanhe nesta coluna a programação.

TRIBUNA DO LEIOR-OUVINTE

"GARAGEM"

Tiraram o melhor programa de rock do ar.

A Brasil 2000 acabou com o único programa de rock alternativo de São Paulo. O Garagem tocava sempre o que era o produto marginal do rock. Similar as college radios norte-americanas.

Tudo o que era bom no underground de pop rock americano e europeu chegava primeiro pelo Garagem.

Um exemplo: o Strokes no Brasil. Depois de uns 2 meses, a música 'Last Night' era a mais pedidas nas 3 radios 'rock' de SP.

Uma pena. Era a unica hora da semana que eu ligava o rádio. Agora é voltar pra Radio1 da BBC.

Resp.: Concordo

ESTÁGIO

Magaly, Bom Dia, Me chamo Anderson de Souza Araújo, tenho 22 anos, sou estudante de comunicação social da Universidade Estácio de Sá campus Petrópolis-RJ, cursando 2º período.

Tenho e sempre tive um fascínio muito grande por rádio, gosto de locução e quero me especializar na área, até por causa de minha voz grave e minha identificação com locução.

Gostaria de saber se existe no Rio, algum curso recomendado pela rádio, ou ofertas de estágio c/ especialização p/ iniciantes.

Desde já agradeço.

Anderson de Souza Araújo

Petrópolis - RJ

Resp.: Se alguém souber, mande!

GUNS

Oi Magaly! Legal vc ter me respondido.
Bom, a promoção do show do Guns já está 'no ar'. É o seguinte toda vez q tocar uma musica do Guns deve-se ligar pra rádio e fazer a inscrição, o tel da 89 de Sp é 252-6543 de Campinas eu não sei, mas nao deve ser dificil de conseguir já que essas radios repetem toda hora o nº do telefone. Uma dica pra quem quer ***muito*** ir ao show é telefonar a noite ou de madrugada, q é mais facil conseguir linha.
É isso, um beijo pra vc e um abraço a todos os seus leitores,
Giuseppe


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Paulo Marra mandou:

O programa Museu da Pessoa: A Memória do Cidadão (veiculado diariamente pela Rádio Cultura AM) traz a cada novo dia um módulo inédito, onde brasileiros e imigrantes relembram histórias engraçadas e emocionantes, que ficaram em suas memórias. Um bom exemplo é o depoimento de Júlio Perazza, sobre uma passagem marcante de sua infância:

"Esse irmão mais novo que eu tenho hoje, quando nós morávamos em Birigüi, nós fomos... a gente tinha... era molequinho, eu tinha acho que 5 anos e meu irmão, acho que ele tinha 3, tudo mais ou menos nessa base. Nós fomos passear na casa de irmã dela, minha mãe falou 'vai na casa da sua tia'; ela morava no patrimônio lá em cima e tal. E fomos lá, que ela ia fazer um boné prá nós e aquele negócio, ela costurava. Chega lá e tudo bem, ela fazendo lá, eu sentei na porta lá, aquelas casas de tijolo velho, e tinha um poço ali na frente e esse meu irmão mais novo cismou de ir tomar água em cima do poço. Mas a tampa era podre, ele caiu com tampa e tudo prá baixo, e o pior de tudo que... era fundo e não tinha ninguém prá ajudar. Foi uma gritaria danada. Aí ela olhando lá prá baixo, ele gritava de baixo: 'Tia, desce o balde, desce o balde'."

Veiculado de segunda a sexta, às 8h55; aos sábados, às 9h30; e aos domingos; às 7h55 (com reapresentação diária às 20h55) Museu da Pessoa: A Memória do Cidadão é produzido em parceira pelas equipes do Museu da Pessoa, da Paulo Marra Assessoria de Comunicação e da Rádio Cultura AM.
Magaly Prado é jornalista e radiomaker. Escreve para a Folha Online aos sábados

E-mail: magalyprado@uol.com.br

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