Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
01/12/2002 - 15h48

Caminhadas e orações marcam dia contra Aids, mas epidemia avança

da Folha Online

Milhões de pessoas de diversos países celebraram o Dia Mundial de Luta contra a Aids hoje, com caminhadas e orações em meio à divulgação de estatísticas que apontam que o ritmo de progressão da epidemia supera todos os esforços para controlar a doença pelo mundo.

Estimativas divulgadas na semana passada pela Unaids, agência para a Aids da ONU (Organização das Nações Unidas), indicam que 42 milhões de pessoas em todo o mundo estarão infectadas pelo HIV, o vírus que causa a Aids, até o final de 2002.

Até o final deste ano, a Aids matará 3,1 milhões de pessoas, e mais 5 milhões serão infectadas, afirma a Unaids em seu relatório.

Na China, autoridades lançaram uma nova campanha nacional instruindo 1 milhão de estudantes a trabalhar na conscientização sobre a Aids.

No Reino Unido, especialistas em saúde alertaram para um alarmante aumento do número de infectados.

Na África do Sul, o país mais atingido pela doença, houve um funeral em massa para bebês.

"Nós homenageamos todas as crianças que faleceram sob nossos cuidados", disse Jackie Schoeman, do Cotlands Baby Sanctuary, que realizou uma cerimônia hoje, em Johannesburgo, para sepultar as cinzas das pequenas vítimas cremadas.

Estatísticas
As atividades do 15º Dia Mundial de Luta contra a Aids demonstram o quanto a doença vem se disseminado desde que foi detectada pela primeira vez entre homens homossexuais nos Estados Unidos, em 1981.

Pela primeira vez na história da epidemia, as mulheres passaram a representar 50% dos adultos que vivem com o HIV (eram 48% em 2001).

Para combater a Aids são necessários no mínimo US$ 10 bilhões por ano, quando se dispõe de apenas US$ 3 bilhões, segundo o médico Peter Piot, diretor da Unaids. A grande maioria dos doentes espalhados pelo mundo carece de tratamento, e a doença se propaga ao ritmo alarmante de 14 mil novos casos por dia.

O vírus parece estar se propagando por todas as regiões, o que poderia transformar a epidemia em um desastre realmente global. Além disso, o HIV tem a capacidade de se aperfeiçoar e adaptar, desenvolvendo resistência aos medicamentos de combate à Aids e dificultando a busca por uma vacina.

A África subsaariana, com 29,4 milhões de soropositivos, é a região mais afetada.

O Leste Europeu e a Ásia central, com 1,2 milhão de casos, exibem hoje o mais rápido ritmo de crescimento da epidemia. E autoridades internacionais temem que a China e a Índia sejam bombas-relógios da Aids devido às suas gigantescas populações.

Estimados 1 milhão de chineses estão infectados pelo HIV e, caso não sejam tomadas medidas efetivas, esse número pode chegar a 10 milhões -o equivalente a toda população da Bélgica- até o fim dessa década, segundo o relatório da Unaids.

Há muito criticada por sua lenta resposta à ameaça, a China lançou hoje uma nova campanha de conscientização e prevenção, enfrentando tabus, ao falar em público de atividades sexuais.

O governo chinês quer que estudantes ensinem habitantes de zonas rurais a evitar a doença e denunciar a discriminação contra suas vítimas.

Apesar de os países desenvolvidos terem registrado um declínio no número de novos casos nos últimos anos, autoridades do Reino Unido declararam essa semana que deve haver no país um aumento de 20% no total de infectados esse ano -duas vezes a taxa do final da década de 1990.

"Nós estamos seguindo na direção errada e isso é extremamente preocupante", afirmou o médico Barry Evans, do Public Health Laboratory Service, que monitora as doenças infecciosas no país.

O ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton defendeu maiores esforços para tratar as vítimas da doença, dizendo que a prevenção e a educação não são suficientes.

"Nós podemos e temos que fazer mais para deter a propagação da Aids atuando mais para tratar as pessoas já contaminadas", disse Clinton em um artigo publicado hoje no jornal "The New York Times". "Agora que temos a capacidade médica de salvar e melhorar as vidas de milhões de pessoas, não há outra opção moral ou prática."

Com agências internacionais

Leia mais:
  •  Depoimento: "Limparam a cadeira com cândida quando souberam que tinha Aids"

  •  Conheça os números da Aids em todo o mundo

  •  Leia cronologia do desenvolvimento da epidemia de Aids no mundo

  •  Luta contra Aids mobilizará 1 milhão de estudantes na China

  •  Termina sem sucesso reunião sobre genéricos da Aids

  •  Aids ameaça a estabilidade mundial
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página