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14/11/2002 - 17h30

Mafioso fugitivo se entrega após ouvir discurso do papa

da Folha Online

O discurso histórico dirigido hoje pelo papa João Paulo 2º ao Parlamento italiano emocionou um chefe da máfia, que decidiu se entregar à polícia após ouvir as palavras do pontífice transmitidas ao vivo pela TV estatal da Itália.

Sentenciado a 30 anos de prisão por assassinato, o mafioso Benedetto Marciante contou ao seu advogado que os comentários de João Paulo 2º sobre os valores familiares fez com que suas crenças religiosas despertassem. Por isso, ele dirigiu-se voluntariamente às autoridades de Roma para pagar pelos seus erros.

Na visita do papa o Parlamento italiano, o pontífice também advertiu sobre os perigos de uma guerra "sem solução", o terrorismo internacional e a globalização.

Com um discurso complexo, que durou 45 minutos, entre os mais longos pronunciados recentemente, o chefe da igreja se dirigiu pela primeira vez em 150 anos ao Parlamento italiano, reunido para uma sessão extraordinária.

A intervenção do papa, ovacionado e recebido de forma triunfal, foi interrompida vinte vezes por aplausos, enquanto os canais de televisão tanto públicos como privados mudaram sua habitual programação para transmitir o discurso ao vivo.

O sumo pontífice, 82, que sofre do mal de Parkinson, apareceu em boa forma, e falou com voz clara.

Em primeiro lugar, denunciou antes de tudo a "terrível dimensão" que está adquirindo o terrorismo internacional.

Aproveitou a oportunidade para negar qualquer responsabilidade das três religiões monoteístas, cristã, muçulmana e judaica, no desenvolvimento desse fenômeno e afirmou que têm sido envolvidas "de uma maneira totalmente deformada".

Ao falar do eventual conflito contra o Iraque, advertiu os países cuja 'matriz histórica foi a fé cristã' sobre o risco de caírem "prisioneiros da lógica dos confrontos, que não têm solução".

Convidou todos esses países a trabalharem para "encontrar caminhos de paz, sem ignorar as atuais ameaças" que pesam sobre eles.

Em sua exposição, o papa reiterou novamente sua preocupação com "as espantosas desigualdades" que marcam o mundo e se uniu ao coro daqueles que criticam a globalização selvagem sem alma e sem justiça.

Ante o presidente da república, o chefe de governo e 800 deputados e senadores, o papa pediu que os valores católicos sejam incorporados na futura constituição européia.

Ao nível nacional pronunciou-se a favor "da clemência" para alguns detidos, tranquilizando os setores de direita que se opõem, ao comentar que "a medida não deve comprometer a segurança dos cidadãos".

Menos aplaudida foi a parte relativa à redução dos nascimentos e à defesa da família, em particular dos direitos adquiridos através do casamento, da rejeição à união livre de heterossexuais e homossexuais.

Durante sua visita, o presidente da câmara dos deputados, Pier Ferdinando Casini, presenteou o papa com uma miniatura do sino da catedral de Cracóvia, declarando aberta a sessão.

Com agências internacionais

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