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05/11/2002 - 18h26

Norte-americanos votam flexibilização de leis sobre a maconha

da France Presse, em Los Angeles

Mais de três décadas depois do começo da iniciativa hippie para legalizar a cannabis sativa (nome científico da maconha), os eleitores de seis Estados norte-americanos votarão hoje sobre a flexibilização das leis para o consumo da droga.

Enquanto os especialistas ficam centralizados numa possível mudança do equilíbrio de poderes no Congresso nas eleições legislativas de hoje, os defensores da flexibilização do acesso à cannabis fazem apelos de último instante aos eleitores nos Estados de Nevada, Arizona e Dakota do Sul, assim como nas cidades de São Francisco (California) e Boston (Massachusetts).

Além disso, os eleitores do estado ocidental de Ohio e da capital norte-americana, Washington DC, votarão em referendos locais sobre se irão flexibilizar o castigo para os consumidores de cocaína, oferecendo tratamento ao invés de penalizações.

O debate ocorre anos depois que países europeus, como Holanda, Bélgica, Alemanha e Portugal despenalizaram o consumo da maconha. Muitos norte-americanos avaliam agora as propostas para legalizar a venda e consumo da planta em determinadas circunstâncias.

Os "Estados Unidos aparecem cada vez mais isolados no assunto maconha", disse Peter Reuter, professor de direito e criminologia da Universidade de Maryland. Acrescentou que os norte-americanos têm menos vontade de ser pragmáticos sobre esse assunto.

Proposta radical
A proposta mais radical é a de Nevada, onde os eleitores decidirão se serão os moradores do primeiro Estado que permite seus cidadãos carregarem uma quantidade máxima de 84 gramas de maconha.

Com essa proposta, os maiores de 21 anos poderiam comprar maconha em estabelecimentos autorizadas em seu Estado, em vez de comprar a droga de traficantes de rua.

"Nossa luta contra a droga não está funcionando, e é o momento de admitir isso", disse a congressista por Nevada Chris Giunchigliani, que apóia a iniciativa.

"Atualmente conseguir maconha é três vezes mais fácil que comprar álcool ou cigarro, porque simplesmente esta compra e venda não está regulada. Prefiro taxar esse produto, assim como fazemos com cigarros, e investir a arrecadação em educação e reabilitação, que colocá-lo nas mãos dos comerciantes de drogas", destacou.

Pesquisas
Mas as pesquisas indicam que os moradores de Nevada estão divididos a respeito desse assunto. Uma pesquisa recente demonstra que 44% dos eleitores apóiam a iniciativa, 46% estão contra e 10% estão indecisos.

No Arizona, os eleitores vão decidir se permitem a criação de um cadastro de pessoas autorizadas a utilizar drogas brandas para propósitos médicos.

A medida também reduziria as sanções por posse de maconha para apenas uma multa.

O "czar' norte-americano da droga, John Walters, fez campanha contra as propostas de liberalização da maconha, e chamou de irresponsáveis os movimentos que defendem a medida.

Os eleitores de Dakota do Sul, por sua vez, irão aprovar ou rejeitar uma lei estatal -não federal- para que as pessoas possam possuir ou transitar com haxixe.

Em São Francisco, "A proposta S" permitirá o cultivo e distribuição de maconha para uso médico.

A California e Arizona aprovaram o uso da maconha para propósitos médicos em 1996, mas a medida se chocou com as leis federais e provocou tensões entre os Estados, a cidade de são Francisco e as autoridades governamentais antinarcóticos.

"Ainda que acredite que nossa iniciativa em Nevada seja aprovada, nosso país foi formado por puritanos, e muitas pessoas se preocupam em não formar uma imagem negativa do Estado por causa da flexibilização do consumo e venda de maconha, disse Giunchigliani.
 

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