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05/11/2002 - 03h01

Doação a partido que beneficia candidato bate recorde nos EUA

MÁRCIO SENNE DE MORAES
da Folha de S.Paulo

Nas últimas eleições em que podem aceitar "soft money" (fundos que, em tese, vão para os partidos, não para a campanha de seus candidatos), republicanos e democratas baterão o recorde de arrecadação desse tipo de doação, atingindo uma soma superior a US$ 500 milhões, segundo analistas ouvidos pela Folha.

"Depois que a nova lei de financiamento das campanhas eleitorais foi aprovada pelo Congresso, em março passado, ambos os partidos admitiram que tentariam arrecadar o máximo de 'soft money' possível, pois isso não será mais permitido", afirmou Steven Weiss, porta-voz do Center for Responsive Politics, um instituto independente que monitora campanhas eleitorais nos EUA.

"Na prática, isso significa que eles contataram seus doadores tradicionais de 'soft money' e disseram: 'Se vocês realmente nos apóiam, não deixarão de contribuir para que arrecademos o máximo possível na última vez em que podemos fazê-lo'".

Estatísticas divulgadas em meados de outubro mostraram que, combinados, republicanos e democratas já tinham arrecadado mais de US$ 450 milhões em "soft money", o que indica que o montante deverá ultrapassar os US$ 500 milhões recebidos na campanha para as eleições de 2000.

Essa constatação corrobora os argumentos dos detratores do financiamento via "soft money". Para eles, embora a lei não permita que as campanhas sejam financiadas dessa forma, isso é uma prática comum nos EUA. "Essas doações só deveriam ser usadas em atividades que visam a fortalecer o partido como um todo, não em campanhas", disse Weiss.

Essa lei, votada em 1972, criou uma agência federal responsável pelo monitoramento do financiamento das campanhas eleitorais nos EUA. Contudo, de acordo com John Bonifaz, diretor do Instituto Nacional de Direitos dos Eleitores (de Boston), os textos legais "não coíbem a corrupção".

Para Weiss, a nova lei de financiamento de campanhas também poderá ser contornada. "Grupos de interesse que apóiam um partido, como os sindicatos, poderão continuar a receber fundos para defender suas causas. Assim, eles poderão compensar as perdas decorrentes da proibição do financiamento via 'soft money'."

Ademais, algumas formas de doação similares às que serão banidas não serão proibidas a agremiações estaduais. Com isso, os dois partidos deverão criar organizações estaduais para continuar a receber essas doações.

Cerca de 50% dos fundos arrecadados pelos partidos e pelos candidatos na campanha são destinados ao pagamento da propaganda eleitoral na TV, que, nos EUA _diferentemente do que ocorre no Brasil_, não é gratuita.

Na eleição presidencial brasileira, em conjunto, a Coligação Lula Presidente (de Luiz Inácio Lula da Silva) e a Coligação Grande Aliança (de José Serra) tiveram uma previsão de gastos de US$ 30,4 milhões. Só na atual disputa senatorial da Carolina do Norte, até meados de outubro, os dois principais candidatos despenderam US$ 20,6 milhões entre "soft money" e fundos doados especificamente para suas campanhas.
 

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