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02/11/2002 - 08h37

Itália sofreu 144 tremores de terra desde quinta-feira

da Folha Online

A terra tremeu 144 vezes desde quinta-feira (31) na região de Molise, acarretando a morte de 29 pessoas, das quais 26 são crianças do povoado de San Giugliano di Puglia (sudeste da Itália), segundo informou hoje o Instituto Nacional Italiano de Geofísica (INGV).

O último tremor, de 3,8 na escala Richter, aconteceu na madrugada de hoje, às 3h21 (horário de Brasília). Antes disso, 27 réplicas foram registradas na região de San Giugliano di Puglia, a sete quilômetros do epicentro do tremor de 5,4 na escala Richter.

Ontem, depois de a polícia retirar mais uma criança morta dos escombros no vilarejo de San Giuliano di Paglia, onde 26 crianças morreram depois de o teto da escola onde estavam cair com o impacto do tremor de 5,4 graus na escala Richter, mais um forte tremor de terra, de 5,1 graus na escala Richter, atingiu a região.

No momento do terremoto, 56 crianças, quatro professores e dois vigias estavam na escola.

As equipes de resgate retiraram 35 pessoas com vida da escola. Entre elas o menino Angelo, 8, cujas pernas estavam presas nos escombros. Ele passou 16 horas ao lado do corpo de uma menina. Ele quebrou o ombro e duas pernas, mas passa bem.

O terremoto derrubou muitos prédios de Giuliano di Puglia, com apenas 1.195 habitantes. A cidade fica perto de Campobasso, que foi o epicentro do tremor, a 80 km ao nordeste de Nápoles.



Em Campobasso, cerca de 70% das casas sofreram danos, de acordo com o governo italiano, com muros e paredes caindo sobre carros e nas calçadas.

Estrutura
Os italianos estão indignados com a morte das 26 crianças e a gora a pergunta é: "por que o prédio ruiu como um castelo de cartas durante um terremoto"?

Fotos aéreas de San Giuliano di Puglia, localizada na região de Molise (centro-sul), mostraram danos profundos em vários prédios do centro da cidade, muitos construídos há centenas de anos. Mas apenas a escola foi reduzida a uma pilha de concreto.

"Isso poderia ter sido evitado", disse Mimmo Nigro, integrante de uma equipe de resgate. "Os construtores da escola deveriam ter dado mais atenção às questões estruturais. O concreto do teto era pesado demais para as paredes. E, sem dúvida, foi usado pouco aço."

Desespero
Pais desesperados passaram a noite em vigília à espera de notícias de seus filhos, que participavam de uma festa de Halloween no momento do terremoto, ontem de manhã.

"Vou morrer com ele. Vou morrer com ele", gritava uma jovem mãe no local. Um homem na faixa de 30 anos, ao lado, disse, antes de desmaiar: "Nossa senhora. Meu pobre filho".

"É como uma guerra", comparou o morador Antonio Ieniri, 69. "É como se a cidade tivesse sido bombardeada."

Os bombeiros disseram que a escola, construída na década de 1950, tinha paredes frágeis e não estava preparada para um terremoto.

"Não há nada a dizer. É uma tragédia", declarou o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, que voou de helicóptero para a região. Na manhã de hoje, ele visitou crianças feridas em um hospital de Larino, cidade onde mil pessoas ficaram desabrigadas.

O terremoto foi o mais forte a atingir a Itália desde 1997, quando um tremor de 5,8 graus na escala Richter atingiu a Umbria. Em 1980, cerca de 2.800 pessoas morreram em um terremoto de 6,9 graus no sul de Nápoles.

O tremor de quinta-feira foi sentido até mesmo na Croácia, do outro lado lado do mar Adriático, segundo o Instituto Sismológico croata. Na Itália, grandes cidades como Roma e Nápoles também sentiram o tremor. O terremoto de ontem foi seguido por dois secundários, um de 2,9 graus e outro de 3,7 graus, ambos com epicentro em Campobasso.

Com agências internacionais

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