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02/10/2002 - 11h02

Ex-presidente da Bósnia se declara culpada de crimes contra humanidade

da Folha Online

A ex-presidente dos sérvios da Bósnia Biljana Plavsic, 72, se declarou hoje culpada da acusação de crimes contra a humanidade, convertendo-se assim na primeira dirigente a reconhecer sua culpa ao TPI (Tribunal Penal Internacional) desde sua criação, em 1999.

Em uma medida que pode reascender a especulação de que ela possa testemunhar contra o ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic, Plavsic resolveu mudar sua estratégia de defesa inicial em um acordo com a acusação, que por sua vez aceitou retirar todas as outras acusações contra ela.

Questionado pelo juiz Richard May, o procurador Mark Harmon aceitou a renúncia de todas as outras acusações que pesavam contra Plavsic (genocídio, crimes de guerra e outras quatro acusações de crimes contra a humanidade).

O juiz Richard May informou então que o tribunal receberá, a partir do dia 16, os argumentos das partes para ditar a sentença.

Plavsic, ex-presidente da Republika Srpska (nome da entidade sérvia na Bósnia) e líder dos sérvios durante a Guerra da Bósnia, entre 1992 e 1995, se entregou à Justiça em janeiro de 2001, quando se declarou inocente pelos crimes de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra.

A ex-presidente, que passou nove meses presa em Haia e possuía a maior cela de todas -por ser a única mulher da prisão-, saiu da prisão sob a custódia da Iugoslávia, que ofereceu garantias de que ela participaria dos julgamentos.

Plavsic é uma ultranacionalista que apoiava a limpeza étnica na Guerra da Bósnia. Seu partido diz que ela se entregou para defender "a dignidade do povo sérvio".

Slobodan Milosevic foi transferido em junho de 2001 à prisão do TPI. Em um processo considerado histórico, o ex-presidente sérvio está sendo julgado desde fevereiro pelo TPI por "crimes de guerra, crimes contra a Humanidade e genocídio" nos três conflitos que desmembraram a ex-Iugoslávia na década de 1990: Croácia, Bósnia e Kosovo.

Milosevic

Milosevic iniciou hoje o contra-interrogatório do presidente croata, Stipe Mesic, acusando-o de estar envolvido em uma série de assassinatos políticos e de ter trabalhado para os serviços de inteligência croatas.



Mesic testemunhou na segunda-feira (30) contra Milosevic ante o TPI para a ex-Iugoslávia em Haia (Holanda).

Milosevic iniciou hoje uma veloz sessão de perguntas e respostas que atrapalhou o trabalho dos tradutores e levou o juiz britânico a pedir que ambos falassem mais lentamente.

O ex-presidente iugoslavo enumerou nomes de personalidades croatas, pertencentes em especial à segurança do Estado, afirmando que foram executadas por ordem de Stipe Mesic.

Em relação a isso, Mesic desmentiu categoricamente qualquer envolvimento no caso, dizendo que se tratava de uma "fabulação" e de mera "fantasia".

Milosevic também insinuou que se Mesic está cooperando com o TPI é para evitar processos contra ele.

Quando Milosevic tentou acusá-lo pelo incêndio de aldeias sérvias na Croácia, Mesic replicou: "É tudo invenção".

Depois dos primeiros duelos verbais, os dois homens iniciaram um debate constitucional. Para Mesic, em virtude da Constituição iugoslava de 1974, as repúblicas da Iugoslávia, entre elas as Croácia, tinham o direito de fazer secessão.

Para Milosevic, em compensação, se tratava de povos e não de repúblicas que gozavam de soberania.

Stipe Mesic é o primeiro chefe de Estado que comparece no julgamento de Slobodan Milosevic e também o primeiro chefe de Estado em exercício que presta testemunho ante o TPI desde sua criação em 1999.

Slobodan Milosevic foi transferido em junho de 2001 à prisão do TPI. Em um processo considerado histórico, o ex-presidente sérvio está sendo julgado desde fevereiro pelo TPI por "crimes de guerra, crimes contra a Humanidade e genocídio" nos três conflitos que desmembraram a ex-Iugoslávia na década de 1990: Croácia, Bósnia e Kosovo.

Com agências internacionais

Leia mais no especial sobre Slobodan Milosevic


 

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