Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
08/12/2002 - 11h20

Reencontro dos Doces Bárbaros é histórico na MPB; saiba como foi

AUGUSTO PINHEIRO
free-lance para a Folha Online

O reencontro dos Doces Bárbaros, grupo formado em 1976 por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia, em um show no parque do Ibirapuera, em São Paulo, foi daqueles momentos que vão ficar marcados na memória e na história da MPB. Até o temporal que atingiu a cidade no final do show pareceu ter vindo para abençoar os cantores.

Super à vontade e trocando carinhos mútuos, as quatro estrelas baianas cantaram juntas, em duplas e sozinhas. A platéia vip estava apinhada de famosos, da prefeita Marta Suplicy a Fernanda Torres, passando por Raí e João Paulo Diniz.

Grande parte do repertório foi tirada do LP duplo lançado pelo grupo, em 1976, pela Philips, como a música "Fé Cega, Faca Amolada", de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, que abriu o show do Ibirapuera cantada pelos quatro juntos -assim como no disco.

Já o visual estava bem distante dos tempos hippies dos Bárbaros: Caetano e Gal estavam de branco -ela com um conjunto de calça e blusa da Maria Bonita e uma capa toda recortada, e ele com uma camisa de piquê de uma linha lançada pelo ator norte-americano John Malkovich e uma calça com bolsos na frente.

Gil estava à vontade em calça e camisa azuis de Armani, e Maria Bethânia estava de calça e camisa verdes, compradas na Europa, com um colete de paetê azul.

A segunda canção do espetáculo, "Outros Bárbaros", a única inédita, foi composta por Gilberto Gil especialmente para este show, o do reencontro, que será repetido ainda no Rio de Janeiro e em outras capitais. "Trata do nosso amor, da nossa relação de afeto. Foi feita para os Doces Bárbaros de então, de hoje e sempre", disse Gil.

Enquanto cantavam, o telão passava imagens do documentário do grupo feito em 1976 por Jom Tob Azulay, com registros de shows, bastidores e entrevistas.

Depois os quatro entoaram "Atiraste uma Pedra", também do disco "Doces Bárbaros". Gal e Bethânia saíram para que Caetano e Gil cantassem outra do mesmo LP, o rock "Chuckberry Fields Forever", com Caetano rebolando na frente da guitarra de Gil.

Caetano estreou os momentos solos da noite cantando uma composição de Gil, "Drão", com seu violão de design moderno. Depois, mostrou uma música sua, "Trilhos Urbanos".

A seguir, o palco ficou feminino com Bethânia e Gal em momento apaixonado. As duas cantaram "Esotérico", do repertório dos Doces Bárbaros, olhos nos olhos, com direito a um selinho no final.

Os quatro se juntaram novamente para cantar as animadas "São João Xangô Menino" (Gil e Caetano) e "Santo Antonio", com direito a dancinha de Gal e Caetano.

Bethânia iniciou sua vez sozinha no palco com "Viramundo", de Gilberto Gil e Capinam. "É maravilhoso encontrar Gil, Caetano e Gal. É comovente de uma maneira que não sei contar", disse a cantora ao público. E completou: "Bravo para vocês que estão aqui embaixo de chuva".

Chacoalhando as pulseiras douradas, entoou umas das mais belas canções do irmão, "Um Índio". Gil, Caetano e Gal chegaram, com semblantes sérios, para cantar o refrão, em uma das poucas encenações do espetáculo. Com uma bateria vibrante, foi um dos pontos altos do show.

Como também foi "Seu Amor", do LP "Doces Bárbaros", com sua letra tocante, cantada pelos quatro alternadamente, com Gil e Caetano nos violões.

Chegou a vez de Gal ficar sozinha. Começou com "Eu Te Amo", de Caetano Veloso, e terminou com "Lanterna dos Afogados", música do Paralamas do Sucesso, que gravou no seu CD acústico, com um arranjo um tanto brega de saxofone.

Gal desfilou suas havaianas cor-de-laranja e cantou, com Caetano, "Tieta", que, com batuque à la Timbalada, levantou o público. Até a banda, com dez integrantes, dançou junto.

Para abrir seu momento solo, Gil anunciou: "Vou cantar uma música 'nova' para vocês". E começou o sambinha "Máquina e Ritmo", em um dos poucos momentos minimalistas do show.

Depois iniciou a sessão forró do espetáculo, com "Esperando na Janela" e "Asa Branca", um dos hinos da música popular nordestina, em dupla com Bethânia. A sanfona foi substituída pela flauta.

"Saudade da Bahia" reuniu novamente os quatro no palco, que acabaram o show com a alto-astral "O Mais Doce dos Bárbaros", que traz imagens dos quatro em começo de carreira. Foi o momento mais carinhoso da noite, com abraços, afagos e beijinhos -como um "selinho" na boca entre Gal e Caetano.

O bis, com "Gente" (Gente é pra brilhar/Não para morrer de fome), foi o momento mais forte da noite. Com os quatro na frente do palco coberto, começou um temporal que invadiu o palco e molhou os Doces Bárbaros. Mas tudo era festa, e eles cantaram na chuva. E o público terminou o show ensopado, mas feliz.

Leia mais:
  • Volta dos Doces Bárbaros reúne 110 mil; hoje, show é no Rio

  • Doces Bárbaros cantam 21 músicas em show no Ibirapuera

  • Marta dançou forró com o namorado no show dos Doces Bárbaros

  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página