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04/12/2002 - 03h49

Academia rejeita indicação de filme palestino para Oscar de 2003

SILVANA ARANTES
da Folha de S. Paulo

No recorde de 54 longas aceitos na disputa pela indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood não admitiu um palestino. Mas incluiu um afegão brutalmente assassinado, no ano passado, nos Estados Unidos.

O elogiado "Intervenção Divina", prêmio do júri e da crítica no Festival de Cannes, não foi aceito porque a Academia não reconhece a Palestina como nação. A atitude segue a diretriz de política externa dos Estados Unidos para o Oriente Médio.

O fio condutor do longa de Elia Suleiman é o romance entre um palestino de Jerusalém e uma palestina de Ramallah. Mais precisamente, a tentativa do casal de viver o amor na área de conflito. "Por que ter dois Estados? Por que ter fronteiras? Eu faço filmes para criar uma realidade melhor, para acabar com as barreiras, não para criá-las", disse Suleiman, em outubro, ao "Le Monde".

Apresentado na última Mostra BR de Cinema, em outubro, "Intervenção Divina" tem estréia comercial no Brasil prevista para março de 2003.

Assassinato

Autobiográfico, "Firedancer", do afegão Jawed Wassel, é um filme realizado nos EUA sobre a vida de refugiados afegãos no país. Wassel e sua família deixaram o Afeganistão em 1979, fugindo da invasão soviética.

O cineasta morou no Paquistão, na Alemanha e na França antes de se instalar em Nova York, onde viveu por cinco anos até ser assassinado, aos 42, pelo produtor de "Firedancer", o norte-americano Nathan Powell, 38. Após matar o diretor, Powell esquartejou seu corpo e guardou-o numa geladeira. Há duas versões para a motivação do crime, que ocorreu no dia da estréia de "Firedancer" nos EUA -6 de outubro.

Diretor e produtor teriam discutido por causa da divisão da bilheteria, que Powell estimava em US$ 1 milhão. Já a defesa do produtor diz que ele ficou irado durante conversa em que Wassel teria culpado os EUA pelos atentados de 11 de setembro. Powell, segundo sua defesa, seria esquizofrênico e estaria com estresse pós-traumático decorrente dos ataques terroristas.

Apesar de estar na lista de candidatos a melhor filme em língua estrangeira, "Firedancer" tem diálogos em inglês. Controvérsias sobre os critérios para aceitação de um filme na categoria fizeram com que a Academia adiasse o anúncio dos títulos selecionados, ocorrido anteontem.

Além de Palestina e Afeganistão, havia dúvidas na Academia também sobre a aceitação dos filmes indicados pelo Reino Unido e por Hong Kong.

A Inglaterra inscreveu "Warrior", longa de estréia de Asif Kapadia, falado em hindi. Hong Kong inscreveu "The Touch", de Peter Pau, estrelado pela protagonista de "O Tigre e o Dragão", Michelle Yeoh. O filme tem a maioria dos diálogos em inglês, não em mandarim.

Nas regras especiais da Academia para a categoria, diz o segundo item do tópico "elegibilidade": "Os diálogos devem ser predominantemente na língua do país, exceto se a história demandar que uma língua adicional, que não o inglês, predomine".

"Warrior" e "The Touch" não figuram entre os 54 filmes que disputarão as cinco indicações. O Reino Unido aparece na lista com outro filme, "Eldra".

Diferentemente de outras categorias, em que todos os membros da Academia votam para definir os finalistas, a escolha dos candidatos a melhor filme estrangeiro é feita por um comitê da Academia. Haviam sido convidados 85 países a apresentar postulação. Os cinco nomeados, entre os 54 inscritos, serão conhecidos no dia 11 de fevereiro.

Com agências internacionais

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