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18/11/2002 - 04h03

Show de Rush é chance para fãs saírem do armário

da Folha de S. Paulo

Duas razões tornam especialmente memorável a vinda do Rush ao Brasil. Uma delas é histórica: nunca uma banda tão importante, na sua formação original e produzindo a toda (quem duvida ouça "Vapor Trails", de 2002) deu as caras por estas terras antes. A outra é psicológica: finalmente os fãs do trio canadense vão poder sair do armário.

É, sair do armário, sim. Porque, para boa parte das pessoas que esperam por esse show há mais de uma década, pega mal se declarar fã de Rush.
O que você espera? Não bastasse ser uma banda que não toca em rádio (por favor, esqueça "Tom Sawyer"), o Rush ainda carrega a cruz de ser o último expoente do infame -ou glorioso, a depender da perspectiva- rock progressivo. E não tem nada menos "cool" que progressivo, com solos intermináveis e seu virtuosismo pedante, algo fora de moda desde o começo dos anos 80.

Fãs de Rush não são gente "cool". Passam longe. Em geral cultivam seu vício quase às escondidas, enquanto tentam, em vão, achar boas razões para ouvir aquelas bandinhas da Costa Leste dos EUA ou do sudoeste do País de Gales. Para eles, a verdadeira década perdida foram os anos 90.
Fãs de Rush são meninos e são chatos. Muitos não vêem problema nenhum em se declarar nerds e têm problemas, digamos, de abordagem com o sexo oposto na adolescência. Adquirem seu vício justamente nessa época, quando, em geral, tentam aprender a tocar algum instrumento musical para impressionar as meninas.

No começo é difícil se acostumar à voz esquisita de Geddy Lee e às variações bruscas de compasso das músicas. A maioria dos neófitos desiste e parte para algo mais palatável, como a bandinha do sudoeste (ou sudeste?) do País de Gales.

Mas, para os que ficam, a experiência é transformadora. "Ah, quer dizer que isso também é rock'n'roll?" Difícil é explicar aos outros, especialmente à média das meninas, por que é tão bom. Há que recorrer a detalhes técnicos, que só fazem sentido para chatos, sejam eles músicos, rushmaníacos ou ambas as coisas.

Então o sujeito arruma uma namorada e começa a reprimir o velho hábito. "Ela nunca vai entender." Saem "2112" e "Moving Pictures", entram Chico e Caetano. Ou, pior, bossa nova.

Começa um jogo do contente musical que só termina anos depois, quando o sujeito se casa e, um domingo, sozinho na sala, esbarra em algum fóssil gravado pelos jovens Lee, Lifeson e Peart. Arriscando um divórcio, ele põe o disco para tocar. No último volume. E pensa: "Puxa, esses caras não vêm nunca ao Brasil". Quem disse?

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