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13/11/2002
-
02h43
Editor de veículos e construção da Folha
Quem acha que usar a voz como instrumento musical é balela tem hoje uma chance de enxergar o equívoco em que está metido. Luciana Souza, cantora brasileira radicada nos EUA, faz no Bourbon Street o último show de sua curtíssima temporada paulistana.
Aliás, chamar a moça de cantora limita o alcance e a variedade de seus talentos, que em boa parte vieram do berço -ela é filha do violonista Walter Santos e da letrista Tereza Souza. O outro tanto foi lapidado em bancos de escolas de música norte-americanas.
Luciana passou quatro dos seus 36 anos estudando composição no Berklee College of Music, em Boston, escola que diplomou gente como o arranjador Quincy Jones, o saxofonista Branford Marsalis e o guitarrista John Scofield, entre outros bambas do jazz.
"Ali eu aprendi a dar nome aos bois, pois muita coisa eu já sabia intuitivamente", diz ela, por telefone à Folha, sem deixar de lembrar que, antes de ir para os EUA nos anos 80, teve aulas de piano e violão em território nacional. Apesar de graduar boa parcela da mais competente mão-de-obra jazzística contemporânea, a Berklee -onde Luciana é professora- é criticada por uniformizar o vocabulário de seus alunos.
"Quem critica vê parte da foto. A escola fornece apenas as ferramentas para que o estudante desenvolva a musicalidade que tem em si. Agora, se a pessoa vai fazer arte ou comércio, isso não é responsabilidade da Berklee."
Para encerrar o capítulo aprendizado, é preciso dizer que a cantora tem pendurado na parede o título de mestre obtido no New England Conservatory of Music.
E tanta teoria ajuda a moça a usar a voz para se expressar musicalmente? Muito. Com base em "Brazilian Duos" -CD que Luciana vem lançar no Brasil-, nota-se que ela pensa e age como um instrumentista de sopro.
Domina o tempo da respiração para estar com os pulmões sempre com as libras de ar necessárias para ir do sussurro ao discurso veemente com pleno controle. A herança afro-brasileira deixa as marcas na pulsação rítmica com que ela permeia as frases. E os anos de escola se fazem sentir na riqueza dos "scats" (canto sem palavras) que ela produz.
Tudo somado, Luciana é um daqueles produtos musicais que soam como brisa aos ouvidos norte-americanos. Isso dá à cantora uma espécie de "green card" artístico e faz dela mais uma candidata a brasileiros que foram para não mais voltar, como Airto Moreira, Flora Purim e Sérgio Mendes.
"Minha vida está aqui. Dou aulas, gravo e faço shows nos EUA. Quando junto dinheiro suficiente, vou ao Brasil, onde meus shows são bem recebidos", afirma a dona de uma discografia que já foi elogiada pelas duas mais renomadas publicações de jazz dos EUA, "Jazz Times" e "Downbeat".
"Brazilian Duos" é seu quarto trabalho solo. Ela estreou em 92 com um disco que leva seu nome e depois lançou "An Answer to Your Silence" (98) e "The Poems of Elizabeth Bishop and Other Songs" (2000). Além disso, participou de discos do pianista Danilo Perez, do baixista John Patitucci e do mago Hermeto Pascoal, entre outros.
O clima do show de hoje no Bourbon estará muito próximo da atmosfera registrada no mais recente disco da cantora. Para acompanhá-la, sobem ao palco os violonistas Marco Pereira -que participou de "Brazilian Duos"- e Swami Júnior, além do percussionista Marcos Suzano.
LUCIANA SOUZA
Quando: hoje, às 22h30
Onde: Bourbon Street Music Club (rua dos Chanés, 127, Moema, São Paulo, tel. 0/xx/ 11/5561-1643)
Quanto: de R$ 35 a R$ 75
Luciana Souza exibe "green card" artístico em último show em SP
EDSON FRANCOEditor de veículos e construção da Folha
Quem acha que usar a voz como instrumento musical é balela tem hoje uma chance de enxergar o equívoco em que está metido. Luciana Souza, cantora brasileira radicada nos EUA, faz no Bourbon Street o último show de sua curtíssima temporada paulistana.
Aliás, chamar a moça de cantora limita o alcance e a variedade de seus talentos, que em boa parte vieram do berço -ela é filha do violonista Walter Santos e da letrista Tereza Souza. O outro tanto foi lapidado em bancos de escolas de música norte-americanas.
Luciana passou quatro dos seus 36 anos estudando composição no Berklee College of Music, em Boston, escola que diplomou gente como o arranjador Quincy Jones, o saxofonista Branford Marsalis e o guitarrista John Scofield, entre outros bambas do jazz.
"Ali eu aprendi a dar nome aos bois, pois muita coisa eu já sabia intuitivamente", diz ela, por telefone à Folha, sem deixar de lembrar que, antes de ir para os EUA nos anos 80, teve aulas de piano e violão em território nacional. Apesar de graduar boa parcela da mais competente mão-de-obra jazzística contemporânea, a Berklee -onde Luciana é professora- é criticada por uniformizar o vocabulário de seus alunos.
"Quem critica vê parte da foto. A escola fornece apenas as ferramentas para que o estudante desenvolva a musicalidade que tem em si. Agora, se a pessoa vai fazer arte ou comércio, isso não é responsabilidade da Berklee."
Para encerrar o capítulo aprendizado, é preciso dizer que a cantora tem pendurado na parede o título de mestre obtido no New England Conservatory of Music.
E tanta teoria ajuda a moça a usar a voz para se expressar musicalmente? Muito. Com base em "Brazilian Duos" -CD que Luciana vem lançar no Brasil-, nota-se que ela pensa e age como um instrumentista de sopro.
Domina o tempo da respiração para estar com os pulmões sempre com as libras de ar necessárias para ir do sussurro ao discurso veemente com pleno controle. A herança afro-brasileira deixa as marcas na pulsação rítmica com que ela permeia as frases. E os anos de escola se fazem sentir na riqueza dos "scats" (canto sem palavras) que ela produz.
Tudo somado, Luciana é um daqueles produtos musicais que soam como brisa aos ouvidos norte-americanos. Isso dá à cantora uma espécie de "green card" artístico e faz dela mais uma candidata a brasileiros que foram para não mais voltar, como Airto Moreira, Flora Purim e Sérgio Mendes.
"Minha vida está aqui. Dou aulas, gravo e faço shows nos EUA. Quando junto dinheiro suficiente, vou ao Brasil, onde meus shows são bem recebidos", afirma a dona de uma discografia que já foi elogiada pelas duas mais renomadas publicações de jazz dos EUA, "Jazz Times" e "Downbeat".
"Brazilian Duos" é seu quarto trabalho solo. Ela estreou em 92 com um disco que leva seu nome e depois lançou "An Answer to Your Silence" (98) e "The Poems of Elizabeth Bishop and Other Songs" (2000). Além disso, participou de discos do pianista Danilo Perez, do baixista John Patitucci e do mago Hermeto Pascoal, entre outros.
O clima do show de hoje no Bourbon estará muito próximo da atmosfera registrada no mais recente disco da cantora. Para acompanhá-la, sobem ao palco os violonistas Marco Pereira -que participou de "Brazilian Duos"- e Swami Júnior, além do percussionista Marcos Suzano.
LUCIANA SOUZA
Quando: hoje, às 22h30
Onde: Bourbon Street Music Club (rua dos Chanés, 127, Moema, São Paulo, tel. 0/xx/ 11/5561-1643)
Quanto: de R$ 35 a R$ 75
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