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10/10/2002
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03h21
Esqueça aquele boneco fofinho, de bochecas coradas e olhos azuis que Walt Disney eternizou no longa de animação "Pinocchio", de 1940. O personagem imaginado pelo escritor florentino Carlo Lorenzini Collodi (1826-1890), no final do século 19, nasceu como uma sátira ao tradicionalismo da sociedade italiana da época.
O desenhista Sergio Staino, 62, que, como toda criança nascida na Itália, já conhecia a história de Pinóquio antes mesmo de aprender a ler, parece não ter se esquecido disso.
"Walt Disney traiu o personagem. Fez um Pinóquio muito superficial. No livro, Pinóquio é um garoto muito curioso, que tenta entender o mundo e, em 90% das situações, não escapa de monstros, serpentes e outras situações graves", destaca Staino, que está no país para a abertura da exposição e para uma palestra amanhã, às 19h30, no Istituto Italiano di Cultura (r. Frei Caneca, 1.071, SP, tel. 0/xx/11/3285-6933). "E isso me lembrou de tantos momentos terríveis do nosso século 20, como o Holocausto, a bomba atômica, esses grandes pavores coletivos, que são de certa forma reportados no livro de Collodi."
"Pinocchio Novecento", em cartaz no Sesc Pompéia até o dia 26, é portanto uma tentativa ora bem-humorada, ora sarcástica de recuperar esse viés. Gepeto, por exemplo, vira Albert Einstein: "Ele é um velho jogador, habilidoso e tentado a construir um boneco de acordo com suas vontades". Mestre Cereja, que, no original, presenteia Gepeto com a "matéria-prima" do boneco, é Sigmund Freud: "Ele fica preocupado que aquele pedaço de tronco que fala seja a manifestação da psiquê".
A lista de "monstros" inclui ainda Mussolini (o domador de circo), Berlusconi (o burrico), Carol Wojtla (a baleia), Tony Blair (policial), entre muitos outros.
Na Itália, Staino é mais conhecido por seu personagem Bobo, que estreou nas páginas da revista de quadrinhos "Linus" em 1979. Atualmente, publica suas charges no jornal "Corriere de la Sera" e na revista "Unitá", de orientação liberal.
"Walt Disney traiu Pinóquio", diz cartunista italiano Sergio Staino
da Folha de S.PauloEsqueça aquele boneco fofinho, de bochecas coradas e olhos azuis que Walt Disney eternizou no longa de animação "Pinocchio", de 1940. O personagem imaginado pelo escritor florentino Carlo Lorenzini Collodi (1826-1890), no final do século 19, nasceu como uma sátira ao tradicionalismo da sociedade italiana da época.
O desenhista Sergio Staino, 62, que, como toda criança nascida na Itália, já conhecia a história de Pinóquio antes mesmo de aprender a ler, parece não ter se esquecido disso.
"Walt Disney traiu o personagem. Fez um Pinóquio muito superficial. No livro, Pinóquio é um garoto muito curioso, que tenta entender o mundo e, em 90% das situações, não escapa de monstros, serpentes e outras situações graves", destaca Staino, que está no país para a abertura da exposição e para uma palestra amanhã, às 19h30, no Istituto Italiano di Cultura (r. Frei Caneca, 1.071, SP, tel. 0/xx/11/3285-6933). "E isso me lembrou de tantos momentos terríveis do nosso século 20, como o Holocausto, a bomba atômica, esses grandes pavores coletivos, que são de certa forma reportados no livro de Collodi."
"Pinocchio Novecento", em cartaz no Sesc Pompéia até o dia 26, é portanto uma tentativa ora bem-humorada, ora sarcástica de recuperar esse viés. Gepeto, por exemplo, vira Albert Einstein: "Ele é um velho jogador, habilidoso e tentado a construir um boneco de acordo com suas vontades". Mestre Cereja, que, no original, presenteia Gepeto com a "matéria-prima" do boneco, é Sigmund Freud: "Ele fica preocupado que aquele pedaço de tronco que fala seja a manifestação da psiquê".
A lista de "monstros" inclui ainda Mussolini (o domador de circo), Berlusconi (o burrico), Carol Wojtla (a baleia), Tony Blair (policial), entre muitos outros.
Na Itália, Staino é mais conhecido por seu personagem Bobo, que estreou nas páginas da revista de quadrinhos "Linus" em 1979. Atualmente, publica suas charges no jornal "Corriere de la Sera" e na revista "Unitá", de orientação liberal.
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