Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
31/10/2002 - 08h36

Surfista brasileiro "difunde" o Islã nas ondas do Circuito Mundial

FERNANDO ITOKAZU
da Folha de S.Paulo

O brasileiro Jihad Kohdr estréia hoje na 44ª etapa do WQS (campeonato de acesso à divisão de elite do Mundial), na praia Mole, em Florianópolis, e tem mais uma chance para difundir internacionalmente o islamismo no surfe.

Aos 18 anos, Jihad é o único muçulmano no Circuito Mundial.

Caracterizado na mídia como "guerra santa", principalmente depois dos atentados de 11 de setembro, o termo Jihad consiste no esforço que todo o muçulmano deve desempenhar para difundir e proteger o islamismo.

"Jihad tem a conotação de guerreiro", afirmou o surfista. "Não estou certo, mas acho que meu desempenho no surfe pode abrir portas para outros muçulmanos."

Filho de libaneses, o surfista de Matinhos (PR) se classifica como um muçulmano "light".

"Fujo um pouco de algumas coisas, não sou radical, mas sou muçulmano e honro minha família", afirmou Jihad, que, diferentemente de seus pais, um comerciante e uma dona-de-casa, não costuma rezar diariamente.

"E toda a sexta-feira, que é o dia sagrado para o muçulmano, nos reunimos em casa e rezamos", contou o surfista.

Mesmo bebida alcoólica, proibida pelo islamismo, não está totalmente descartada por Jihad.

"Quando vou a algumas festas com amigos, às vezes bebo um pouco de cerveja, mas é raro."

Ele diz também que ainda não fez a peregrinação a Meca (Arábia Saudita), que todo o muçulmano apto deve fazer pelo menos uma vez na vida. "Espero um dia conhecer Meca, mas atualmente está complicado. São muitas viagens, está bem corrido."

Jihad afirma que começou a pegar onda aos oito anos, com uma prancha de isopor, depois de ver um primo praticando o esporte.

A prancha de isopor só foi trocada anos depois com a ajuda de outro surfista de Matinhos, Peterson Rosa, que já conquistou o título do Brasileiro três vezes e disputa o WCT (a elite do surfe).

O surfista disse que enfrentou resistência dentro de casa quando decidiu se dedicar às ondas.

"Muçulmano pensa que surfe é coisa de largadão, de quem usa drogas, que não é esporte", disse ele, que costuma fazer um sinal muçulmano, equivalente ao sinal da cruz, antes de entrar no mar. "E digo uma série de palavras em árabe pedindo proteção."

Jihad conta que atualmente seus pais apóiam a sua carreira.

O destaque de Jihad não ocorre somente pelo fato de ele ser seguidor da religião islâmica. No mês passado, ele conquistou a quinta de seis etapas do SuperSurf -o Campeonato Brasileiro.

Neste ano, Jihad não tem mais chances de ficar entre os 15 primeiros que se classificam para o WCT, objetivo que ele coloca como principal para 2003.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página