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31/10/2000
-
11h24
especial para a Folha de S.Paulo
Por conta de um programa muito extenso, a disciplina de biologia, invariavelmente e em qualquer escola, sofre graves problemas de "compactação", quando não de verdadeiros cortes.
"Ficamos muito tempo discutindo a síntese de proteínas nos ribossomos do retículo endoplasmático rugoso? Então talvez não sobre tempo para ver alguma coisa em fisiologia vegetal". E assim por diante.
Deve ficar bem claro que não se trata de um erro, mas, sim, de uma contingência, pois a cada ano temos que sintetizar, nos mesmos três anos do ensino médio, mais e mais conhecimentos adquiridos pela sociedade.
Por exemplo: quem discutia riscos de transgênicos ou técnicas de clonagem há dez (ou cinco) anos? No lugar de qual assunto eles entraram?
Por outro lado, entretanto, devemos notar que os programas ou listas de conteúdos básicos fornecidos pelos principais vestibulares do país simplesmente não mostram cortes, apenas inclusões, o que gera tal "desencontro". E aí começam as tentativas de adivinhação sobre o que "cai ou não cai mais".
Uma das áreas eleitas por 9 entre 10 professores de biologia como pouco ou nada frequente em vestibulares é a embriologia, estudo do desenvolvimento embrionário dos organismos.
Como professor e biólogo fanático, eu sinto arrepios quando penso nisso, pois sei a importância e a beleza que envolvem tal estudo.
Na espécie humana, por exemplo, a transformação de uma simples célula inicial (zigoto), resultante da fusão entre espermatozóide e óvulo, em um organismo complexo e com muitos trilhões de células ao nascer é, no mínimo, fonte de grande curiosidade e "prazer cultural".
As primeiras clivagens (divisões celulares por mitose), a formação do arquêntero ("intestino primitivo"), o destino do blastóporo (boca ou ânus?), os dobramentos da ectoderme formando os primeiros esboços do complexo sistema nervoso.
Como abrir mão de nossa história mais básica, dos fantásticos processos de diferenciação celular que levam à formação de estruturas tão maravilhosas e distintas como olhos e ossos?
Pois é, fica a dica de que embriologia tem, estatisticamente falando, poucas chances de aparecer nos vestibulares, mas conhecê-la é simplesmente fundamental! Bons estudos.
Antonio Carlos Osse é professor de ensino médio do colégio Pueri Domus
Leia mais sobre vestibular no Fovest Online
Leia mais notícias de educação na Folha Online
RESUMÃO/BIOLOGIA: Onde foi parar a embriologia?
ANTONIO CARLOS OSSEespecial para a Folha de S.Paulo
Por conta de um programa muito extenso, a disciplina de biologia, invariavelmente e em qualquer escola, sofre graves problemas de "compactação", quando não de verdadeiros cortes.
"Ficamos muito tempo discutindo a síntese de proteínas nos ribossomos do retículo endoplasmático rugoso? Então talvez não sobre tempo para ver alguma coisa em fisiologia vegetal". E assim por diante.
Deve ficar bem claro que não se trata de um erro, mas, sim, de uma contingência, pois a cada ano temos que sintetizar, nos mesmos três anos do ensino médio, mais e mais conhecimentos adquiridos pela sociedade.
Por exemplo: quem discutia riscos de transgênicos ou técnicas de clonagem há dez (ou cinco) anos? No lugar de qual assunto eles entraram?
Por outro lado, entretanto, devemos notar que os programas ou listas de conteúdos básicos fornecidos pelos principais vestibulares do país simplesmente não mostram cortes, apenas inclusões, o que gera tal "desencontro". E aí começam as tentativas de adivinhação sobre o que "cai ou não cai mais".
Uma das áreas eleitas por 9 entre 10 professores de biologia como pouco ou nada frequente em vestibulares é a embriologia, estudo do desenvolvimento embrionário dos organismos.
Como professor e biólogo fanático, eu sinto arrepios quando penso nisso, pois sei a importância e a beleza que envolvem tal estudo.
Na espécie humana, por exemplo, a transformação de uma simples célula inicial (zigoto), resultante da fusão entre espermatozóide e óvulo, em um organismo complexo e com muitos trilhões de células ao nascer é, no mínimo, fonte de grande curiosidade e "prazer cultural".
As primeiras clivagens (divisões celulares por mitose), a formação do arquêntero ("intestino primitivo"), o destino do blastóporo (boca ou ânus?), os dobramentos da ectoderme formando os primeiros esboços do complexo sistema nervoso.
Como abrir mão de nossa história mais básica, dos fantásticos processos de diferenciação celular que levam à formação de estruturas tão maravilhosas e distintas como olhos e ossos?
Pois é, fica a dica de que embriologia tem, estatisticamente falando, poucas chances de aparecer nos vestibulares, mas conhecê-la é simplesmente fundamental! Bons estudos.
Antonio Carlos Osse é professor de ensino médio do colégio Pueri Domus
Leia mais sobre vestibular no Fovest Online
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