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31/10/2000
-
11h16
especial para a Folha de S.Paulo
O médico grego Hipócrates (460-377 a.C) foi o primeiro a olhar para um homem que sofria um ataque epiléptico _consequência da doença que faz com que as pessoas caiam ao solo, comportando-se como se já não mais tivessem o controle de seu corpo_ e dizer: "Não há nenhum deus aí dentro; é um fenômeno do corpo desse indivíduo".
Todos os outros povos da Antiguidade davam uma explicação religiosa para esse fenômeno. Viam deuses e demônios na epilepsia, que era chamada de "doença sagrada".
O médico Hipócrates, porém, afirmava que todas as doenças possuem uma causa natural, não devendo ser encaradas como uma punição divina.
A explicação de Hipócrates para a epilepsia ilustra o que a Grécia Antiga nos proporcionou: a idéia da investigação sistemática, de que o mundo é regido por leis da natureza, e não por deuses cheios de caprichos.
Matemáticos indianos inventaram o zero, chave da aritmética. A civilização chinesa inventou a pólvora e a bússola.
Nenhuma dessas civilizações, entretanto, conseguiu desenvolver um método científico que duvidasse de tudo, investigador e experimental. Esse método veio dos gregos antigos.
Uma civilização que desenvolveu uma assembléia, onde os homens aprenderam a persuadir uns aos outros por meio do debate, da polêmica; uma economia marítima que impedia o isolamento e, ao mesmo tempo, desenvolvia uma classe mercantil independente, que podia contratar seus próprios professores; que escreveu as obras "Ilíada" e "Odisséia" e que construiu uma religião que não era dominada por sacerdotes.
E, o fundamental, uma civilização que persistiu em conjugar esses fatores durante mil anos.
Como dizia o pensador romano Lucrécio, os gregos viam "a natureza livre e desembaraçada de seus senhores arrogantes, agindo espontaneamente por si mesma, sem a interferência dos deuses".
Mas isso não representou o fim da religiosidade entre os gregos antigos. O próprio juramento dos médicos, atribuído a Hipócrates, começa com uma invocação aos deuses Apolo, Esculápio, Higiéia e Panacéia.
Claro que libertar-se da superstição é uma condição necessária, mas não suficiente, para a ciência. Então, interessa ao estudante observar que percurso histórico explicaria o aumento do racionalismo. O que teria levado os gregos a se diferenciarem dos outros povos da Antiguidade?
Renan Garcia Miranda é autor de "Oficina de História", da Editora Moderna, e professor de história do curso Anglo Vestibulares
Leia mais sobre vestibular no Fovest Online
Leia mais notícias de educação na Folha Online
RESUMÃO/HISTÓRIA: Os gregos e a epilepsia
RENAN GARCIA MIRANDAespecial para a Folha de S.Paulo
O médico grego Hipócrates (460-377 a.C) foi o primeiro a olhar para um homem que sofria um ataque epiléptico _consequência da doença que faz com que as pessoas caiam ao solo, comportando-se como se já não mais tivessem o controle de seu corpo_ e dizer: "Não há nenhum deus aí dentro; é um fenômeno do corpo desse indivíduo".
Todos os outros povos da Antiguidade davam uma explicação religiosa para esse fenômeno. Viam deuses e demônios na epilepsia, que era chamada de "doença sagrada".
O médico Hipócrates, porém, afirmava que todas as doenças possuem uma causa natural, não devendo ser encaradas como uma punição divina.
A explicação de Hipócrates para a epilepsia ilustra o que a Grécia Antiga nos proporcionou: a idéia da investigação sistemática, de que o mundo é regido por leis da natureza, e não por deuses cheios de caprichos.
Matemáticos indianos inventaram o zero, chave da aritmética. A civilização chinesa inventou a pólvora e a bússola.
Nenhuma dessas civilizações, entretanto, conseguiu desenvolver um método científico que duvidasse de tudo, investigador e experimental. Esse método veio dos gregos antigos.
Uma civilização que desenvolveu uma assembléia, onde os homens aprenderam a persuadir uns aos outros por meio do debate, da polêmica; uma economia marítima que impedia o isolamento e, ao mesmo tempo, desenvolvia uma classe mercantil independente, que podia contratar seus próprios professores; que escreveu as obras "Ilíada" e "Odisséia" e que construiu uma religião que não era dominada por sacerdotes.
E, o fundamental, uma civilização que persistiu em conjugar esses fatores durante mil anos.
Como dizia o pensador romano Lucrécio, os gregos viam "a natureza livre e desembaraçada de seus senhores arrogantes, agindo espontaneamente por si mesma, sem a interferência dos deuses".
Mas isso não representou o fim da religiosidade entre os gregos antigos. O próprio juramento dos médicos, atribuído a Hipócrates, começa com uma invocação aos deuses Apolo, Esculápio, Higiéia e Panacéia.
Claro que libertar-se da superstição é uma condição necessária, mas não suficiente, para a ciência. Então, interessa ao estudante observar que percurso histórico explicaria o aumento do racionalismo. O que teria levado os gregos a se diferenciarem dos outros povos da Antiguidade?
Renan Garcia Miranda é autor de "Oficina de História", da Editora Moderna, e professor de história do curso Anglo Vestibulares
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