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16/05/2002
-
10h26
da Folha de S.Paulo
A Baixa Idade Média é caracterizada por um conjunto de transformações socioeconômicas e conseqüentemente políticas, culturais e religiosas. Sem dúvida esse é um dos períodos mais complexos da história e, portanto, de grande dificuldade de compreensão para o estudante.
Para alguns, essas transformações, iniciadas a partir do século 11, refletem uma adaptação da elite às novas condições de vida na Europa e, portanto, uma tentativa de preservar seus privilégios.
A nobreza feudal, durante os séculos seguintes, manteve a cobrança de tributos sobre os mercadores que passaram a transitar por suas terras e, assim, preservou seus Exércitos, sua moeda e suas leis. Também aumentou o consumo de artigos de luxo provenientes do Oriente e, para isso, eliminou gradualmente as relações servis de produção, desobrigando-se de ceder terras a um número cada vez maior de servos -ao mesmo tempo em que criava um excedente de trabalhadores e transformava obrigações costumeiras em monetárias. Preservou ainda o controle sobre a maioria das cidades, às quais impunha seus tributos e suas leis, e sua influência sobre a Igreja e sobre os reis.
Para grande parte dos estudiosos e na maioria dos livros didáticos, o processo é inverso. Desde o século 11, o sistema feudal entrou em crise e surgiram os elementos pré-capitalistas. O desenvolvimento do comércio, das cidades e sobretudo de uma nova classe social foram os elementos que determinaram a ruína dos senhores feudais, pressionados por novos interesses econômicos e políticos.
A reabertura do Mediterrâneo ao comércio cristão, intensificando as relações entre o Ocidente e o Oriente, estimulou o desenvolvimento das atividades urbanas em detrimento da produção agrária, desmonetarizada e tendente à auto-suficiência, assim como fortaleceu a camada burguesa que, aliada aos reis, se confrontou com os interesses da nobreza.
O rei, com o apoio da burguesia, fortaleceu sua autoridade e centralizou o poder, substituindo o poder local pelo poder nacional.
Dica: procure exemplos de permanências feudais na Idade Moderna. É possível perceber as contradições que existem nas duas interpretações sobre o período?
Claudio Recco é coordenador do site www.historianet.com.br, professor do Objetivo e autor do livro "História em Manchete - Na Virada do Século"
Leia mais:
Atualidades: A política unilateral de George W. Bush contra o Brasil
Geografia: A variação de temperatura em latitude diferentes
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Português: Posição da palavra pode alterar sentido da frase
História: Entenda a transição do feudalismo para o capitalismo
CLAUDIO RECCOda Folha de S.Paulo
A Baixa Idade Média é caracterizada por um conjunto de transformações socioeconômicas e conseqüentemente políticas, culturais e religiosas. Sem dúvida esse é um dos períodos mais complexos da história e, portanto, de grande dificuldade de compreensão para o estudante.
Para alguns, essas transformações, iniciadas a partir do século 11, refletem uma adaptação da elite às novas condições de vida na Europa e, portanto, uma tentativa de preservar seus privilégios.
A nobreza feudal, durante os séculos seguintes, manteve a cobrança de tributos sobre os mercadores que passaram a transitar por suas terras e, assim, preservou seus Exércitos, sua moeda e suas leis. Também aumentou o consumo de artigos de luxo provenientes do Oriente e, para isso, eliminou gradualmente as relações servis de produção, desobrigando-se de ceder terras a um número cada vez maior de servos -ao mesmo tempo em que criava um excedente de trabalhadores e transformava obrigações costumeiras em monetárias. Preservou ainda o controle sobre a maioria das cidades, às quais impunha seus tributos e suas leis, e sua influência sobre a Igreja e sobre os reis.
Para grande parte dos estudiosos e na maioria dos livros didáticos, o processo é inverso. Desde o século 11, o sistema feudal entrou em crise e surgiram os elementos pré-capitalistas. O desenvolvimento do comércio, das cidades e sobretudo de uma nova classe social foram os elementos que determinaram a ruína dos senhores feudais, pressionados por novos interesses econômicos e políticos.
A reabertura do Mediterrâneo ao comércio cristão, intensificando as relações entre o Ocidente e o Oriente, estimulou o desenvolvimento das atividades urbanas em detrimento da produção agrária, desmonetarizada e tendente à auto-suficiência, assim como fortaleceu a camada burguesa que, aliada aos reis, se confrontou com os interesses da nobreza.
O rei, com o apoio da burguesia, fortaleceu sua autoridade e centralizou o poder, substituindo o poder local pelo poder nacional.
Dica: procure exemplos de permanências feudais na Idade Moderna. É possível perceber as contradições que existem nas duas interpretações sobre o período?
Claudio Recco é coordenador do site www.historianet.com.br, professor do Objetivo e autor do livro "História em Manchete - Na Virada do Século"
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