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18/04/2002
-
11h32
Folha de S.Paulo
A sociedade medieval européia formou-se a partir de uma série de fatores, desde o século 4º. Essa nova sociedade, denominada feudal, reuniu elementos característicos do Império Romano e outros originários dos povos "bárbaros".
Os romanos construíram uma grande civilização ao longo de séculos, apoiando-se no escravismo e nas conquistas militares, envolvendo praticamente todos os territórios ao redor do Mediterrâneo. Os povos bárbaros migraram do norte da Europa e, a partir do século 3º, passaram a ocupar terras dentro das fronteiras romanas. Esse processo é conhecido como "invasões bárbaras". Para o romano, todos os que não viviam sob suas leis e dentro de suas instituições eram bárbaros; invasão é um termo que gera confusão, pois esse movimento migratório dos povos germânicos não se utilizou necessariamente da violência.
A ocupação de terras por parte dos bárbaros agravou a crise do Império, acentuando a ruralização, e permitiu a formação do "sistema de colonato", caracterizado pela fixação do homem à terra, preso a obrigações. No mesmo período, a prática de doação de terras tendeu a desenvolver-se, fortalecendo os laços entre os proprietários _suseranos e vassalos.
Eis os embriões da organização socioeconômica medieval. Outras várias características foram decisivas na organização desse novo modo de produção, algumas de origem romana, outras de origem bárbara.
Da Roma "civilizada" encontramos o cristianismo como a contribuição mais importante para o mundo feudal. Uma igreja hierarquizada, que passou a monopolizar a cultura e formou a ideologia dominante, justificadora e mantenedora da ordem segundo uma visão dogmática do mundo, em que "alguns trabalham, outros rezam e outros combatem".
Do germânico "bárbaro", encontramos as relações sociais baseadas em laços de fidelidade, nas quais vale a palavra e a honra, envolvendo aqueles que conservam o valor guerreiro.
Perceba que, em vários momentos da história, as noções de civilizado e de bárbaro estão envoltas em preconceitos e não só refletem uma visão maniqueísta da sociedade como possuem uma função ideológica, que reforça o discurso dominante. Você se lembra de outros exemplos?
Claudio Recco é coordenador do site www.historianet.com.br e professor do Objetivo
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História: Europa medieval, uma "bárbara civilização"
CLAUDIO RECCOFolha de S.Paulo
A sociedade medieval européia formou-se a partir de uma série de fatores, desde o século 4º. Essa nova sociedade, denominada feudal, reuniu elementos característicos do Império Romano e outros originários dos povos "bárbaros".
Os romanos construíram uma grande civilização ao longo de séculos, apoiando-se no escravismo e nas conquistas militares, envolvendo praticamente todos os territórios ao redor do Mediterrâneo. Os povos bárbaros migraram do norte da Europa e, a partir do século 3º, passaram a ocupar terras dentro das fronteiras romanas. Esse processo é conhecido como "invasões bárbaras". Para o romano, todos os que não viviam sob suas leis e dentro de suas instituições eram bárbaros; invasão é um termo que gera confusão, pois esse movimento migratório dos povos germânicos não se utilizou necessariamente da violência.
A ocupação de terras por parte dos bárbaros agravou a crise do Império, acentuando a ruralização, e permitiu a formação do "sistema de colonato", caracterizado pela fixação do homem à terra, preso a obrigações. No mesmo período, a prática de doação de terras tendeu a desenvolver-se, fortalecendo os laços entre os proprietários _suseranos e vassalos.
Eis os embriões da organização socioeconômica medieval. Outras várias características foram decisivas na organização desse novo modo de produção, algumas de origem romana, outras de origem bárbara.
Da Roma "civilizada" encontramos o cristianismo como a contribuição mais importante para o mundo feudal. Uma igreja hierarquizada, que passou a monopolizar a cultura e formou a ideologia dominante, justificadora e mantenedora da ordem segundo uma visão dogmática do mundo, em que "alguns trabalham, outros rezam e outros combatem".
Do germânico "bárbaro", encontramos as relações sociais baseadas em laços de fidelidade, nas quais vale a palavra e a honra, envolvendo aqueles que conservam o valor guerreiro.
Perceba que, em vários momentos da história, as noções de civilizado e de bárbaro estão envoltas em preconceitos e não só refletem uma visão maniqueísta da sociedade como possuem uma função ideológica, que reforça o discurso dominante. Você se lembra de outros exemplos?
Claudio Recco é coordenador do site www.historianet.com.br e professor do Objetivo
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