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26/09/2000
-
05h01
especial para a Folha
Na bacia amazônica, que cobre uma área de 7,05 milhões de km² no Brasil, na Guiana, no Suriname, na Guiana Francesa, na Venezuela, na Colômbia, no Peru, na Bolívia e no Equador, com sua maior parte (3.904.392,8 km²) no Brasil, circulam cerca de 20% das águas fluviais do mundo.
A floresta amazônica, batizada como hiléia por Humboldt, ocupa 5 milhões de km² da área da bacia, e 90% dela está assentada em terras firmes. Nelas, a floresta possui árvores altas (60 m a 65 m), latifoliadas, que formam um "teto" de copas bastante denso.
Com 30 mil espécies de plantas e 2,5 mil de árvores, ela está sendo ameaçada pela ação das madeireiras, dos garimpos e da ocupação agropecuária desordenada. Cerca de 15% da floresta já foi devastada. A exploração dos 70 bilhões de m³ de madeira comercializável é feita por mais de 2.000 madeireiras; apesar de o solo da floresta ser considerado pobre, a colonização agrícola, a pecuária e a cultura da soja destruíram, por derrubada e queimada, mais de 320 mil km² na Amazônia Legal (AC, AM, AP, PA, RO, RR,TO, MT e oeste do MA) ao longo, principalmente, das rodovias de penetração (BR-010, BR-222, BR-230, BR-319 e BR-364); os garimpos de ouro e cassiterita (estanho) no Pará, em Rondônia, no norte de Mato Grosso e no Amapá abriram enormes clareiras na floresta e poluíram os rios.
Recentemente, foi sugerido o uso de agentes químicos e de um fungo para destruir as plantações de coca na Colômbia, sem que se saiba quais poderiam ser as consequências ambientais.
As indústrias farmacêutica e de cosméticos também agem na hiléia, pesquisando, muitas vezes clandestinamente (biopirataria), insetos, plantas e animais que podem gerar até US$ 50 bilhões.
Além disso, as guerrilhas colombianas (Farc, ELN, AUC), ligadas aos narcotraficantes, ao fugir do Exército da Colômbia _que conta com apoio dos Estados Unidos_, ameaçam invadir o espaço brasileiro, criando um risco de vietnamização da área. A revitalização do Projeto Calha Norte mostra a preocupação dos militares com a segurança regional. Idealizado em 1985, em meio às tentativas dos países ricos de criar uma zona de exclusão na Amazônia (região pouco populosa e povoada, sem infra-estrutura, mal demarcada e sem vigilância, com problemas sociais e ambientais), o projeto pretendia ocupar e desenvolver ordenadamente a região norte da área.
Com poucos recursos, o projeto restringiu-se à proteção dos 6.000 km de fronteira, e as outras ações foram definidas pelo Plano de Desenvolvimento da Amazônia, executado insatisfatoriamente.
Márcio Masatoshi Kondo é professor do Objetivo em Americana, do CLQ-Objetivo em Piracicaba e em Limeira e do Positivo em Capivari
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MÁRCIO MASATOSHI KONDOespecial para a Folha
Na bacia amazônica, que cobre uma área de 7,05 milhões de km² no Brasil, na Guiana, no Suriname, na Guiana Francesa, na Venezuela, na Colômbia, no Peru, na Bolívia e no Equador, com sua maior parte (3.904.392,8 km²) no Brasil, circulam cerca de 20% das águas fluviais do mundo.
A floresta amazônica, batizada como hiléia por Humboldt, ocupa 5 milhões de km² da área da bacia, e 90% dela está assentada em terras firmes. Nelas, a floresta possui árvores altas (60 m a 65 m), latifoliadas, que formam um "teto" de copas bastante denso.
Com 30 mil espécies de plantas e 2,5 mil de árvores, ela está sendo ameaçada pela ação das madeireiras, dos garimpos e da ocupação agropecuária desordenada. Cerca de 15% da floresta já foi devastada. A exploração dos 70 bilhões de m³ de madeira comercializável é feita por mais de 2.000 madeireiras; apesar de o solo da floresta ser considerado pobre, a colonização agrícola, a pecuária e a cultura da soja destruíram, por derrubada e queimada, mais de 320 mil km² na Amazônia Legal (AC, AM, AP, PA, RO, RR,TO, MT e oeste do MA) ao longo, principalmente, das rodovias de penetração (BR-010, BR-222, BR-230, BR-319 e BR-364); os garimpos de ouro e cassiterita (estanho) no Pará, em Rondônia, no norte de Mato Grosso e no Amapá abriram enormes clareiras na floresta e poluíram os rios.
Recentemente, foi sugerido o uso de agentes químicos e de um fungo para destruir as plantações de coca na Colômbia, sem que se saiba quais poderiam ser as consequências ambientais.
As indústrias farmacêutica e de cosméticos também agem na hiléia, pesquisando, muitas vezes clandestinamente (biopirataria), insetos, plantas e animais que podem gerar até US$ 50 bilhões.
Além disso, as guerrilhas colombianas (Farc, ELN, AUC), ligadas aos narcotraficantes, ao fugir do Exército da Colômbia _que conta com apoio dos Estados Unidos_, ameaçam invadir o espaço brasileiro, criando um risco de vietnamização da área. A revitalização do Projeto Calha Norte mostra a preocupação dos militares com a segurança regional. Idealizado em 1985, em meio às tentativas dos países ricos de criar uma zona de exclusão na Amazônia (região pouco populosa e povoada, sem infra-estrutura, mal demarcada e sem vigilância, com problemas sociais e ambientais), o projeto pretendia ocupar e desenvolver ordenadamente a região norte da área.
Com poucos recursos, o projeto restringiu-se à proteção dos 6.000 km de fronteira, e as outras ações foram definidas pelo Plano de Desenvolvimento da Amazônia, executado insatisfatoriamente.
Márcio Masatoshi Kondo é professor do Objetivo em Americana, do CLQ-Objetivo em Piracicaba e em Limeira e do Positivo em Capivari
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