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26/12/2000
-
09h45
especial para a Folha de S.Paulo
São muito raras as vezes em não que me sinto menos que constrangido para dar "conselhos de saúde" aos meus alunos.
As perguntas são as mais diversas possíveis, mas as respostas sempre carregam uma elevada dose de responsabilidade, motivo pelo qual costumo, declaradamente, evitá-las.
Algumas perguntas destacam-se pelo caráter exótico, por exemplo, quando uma aluna perguntou se fazia mal consumir grandes quantidades daquele gelo que se forma nas paredes internas dos congeladores de casa.
Outras chamam a atenção pela qualidade: um aluno perguntou se a bexiga urinária seria um órgão com uma função apenas "social", isto é, por que ter uma estrutura que armazena internamente substâncias tóxicas (excretas) que são resultado de um processo complexo de filtragem do sangue? "Seria apenas para não andarmos por aí pingando?"
Admito que "gelei e ginguei" para responder, arriscando alguma coisa sobre a possibilidade de estar vinculado a um passado evolutivo ligado à delimitação de territórios.
Entretanto o importante agora é pensarmos na formação da urina: excretas nitrogenadas (uréia), oriundas da desmontagem de aminoácidos das proteínas após uma transformação no fígado (amônia-uréia).
Do fígado, a uréia passa à circulação sanguínea e é eliminada nos rins, em um processo que se dá nos néfrons (Cápsula de Bowman + túbulo proximal + Alça de Henle + tubo distal + ducto coletor).
O sangue chega aos rins pela artéria renal, que sofre muitas ramificações formando um glomérulo. A alta pressão do sangue no glomérulo provoca a passagem de grande quantidade de "plasma" à Cápsula de Bowman (150 litros de filtrado glomerular), que, ao longo dos tubos que se seguem, perde íons (Na/Cl), glicose e H2O por transporte ativo e passivo a capilares sanguíneos que os envolvem.
As excretas não são reabsorvidas e seguem em direção ao ducto coletor com um pouco de água não reabsorvida. O último ponto de reabsorção de água é o túbulo distal, mas a permeabilidade deste é controlada pelo hormônio antidiurético (ADH) que, portanto, controla a quantidade de "filtrado final", a urina, daí transportada pelos ureteres à bexiga e finalmente ao meio externo pela uretra. Simples, não? Será que você consegue esquematizar o processo em um desenho?
Antonio Carlos Osse, biólogo, é professor de ensino médio no colégio Pueri Domus
Resumão/Biologia - Quer ir ao banheiro durante a prova?
ANTONIO CARLOS OSSEespecial para a Folha de S.Paulo
São muito raras as vezes em não que me sinto menos que constrangido para dar "conselhos de saúde" aos meus alunos.
As perguntas são as mais diversas possíveis, mas as respostas sempre carregam uma elevada dose de responsabilidade, motivo pelo qual costumo, declaradamente, evitá-las.
Algumas perguntas destacam-se pelo caráter exótico, por exemplo, quando uma aluna perguntou se fazia mal consumir grandes quantidades daquele gelo que se forma nas paredes internas dos congeladores de casa.
Outras chamam a atenção pela qualidade: um aluno perguntou se a bexiga urinária seria um órgão com uma função apenas "social", isto é, por que ter uma estrutura que armazena internamente substâncias tóxicas (excretas) que são resultado de um processo complexo de filtragem do sangue? "Seria apenas para não andarmos por aí pingando?"
Admito que "gelei e ginguei" para responder, arriscando alguma coisa sobre a possibilidade de estar vinculado a um passado evolutivo ligado à delimitação de territórios.
Entretanto o importante agora é pensarmos na formação da urina: excretas nitrogenadas (uréia), oriundas da desmontagem de aminoácidos das proteínas após uma transformação no fígado (amônia-uréia).
Do fígado, a uréia passa à circulação sanguínea e é eliminada nos rins, em um processo que se dá nos néfrons (Cápsula de Bowman + túbulo proximal + Alça de Henle + tubo distal + ducto coletor).
O sangue chega aos rins pela artéria renal, que sofre muitas ramificações formando um glomérulo. A alta pressão do sangue no glomérulo provoca a passagem de grande quantidade de "plasma" à Cápsula de Bowman (150 litros de filtrado glomerular), que, ao longo dos tubos que se seguem, perde íons (Na/Cl), glicose e H2O por transporte ativo e passivo a capilares sanguíneos que os envolvem.
As excretas não são reabsorvidas e seguem em direção ao ducto coletor com um pouco de água não reabsorvida. O último ponto de reabsorção de água é o túbulo distal, mas a permeabilidade deste é controlada pelo hormônio antidiurético (ADH) que, portanto, controla a quantidade de "filtrado final", a urina, daí transportada pelos ureteres à bexiga e finalmente ao meio externo pela uretra. Simples, não? Será que você consegue esquematizar o processo em um desenho?
Antonio Carlos Osse, biólogo, é professor de ensino médio no colégio Pueri Domus
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