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19/09/2000 - 08h35

HISTÓRIA: Crusoé, Adam Smith e o liberalismo

RENAN GARCIA MIRANDA
especial para a FOLHA

Robinson Crusoé foi parar numa ilha deserta depois que o navio em que viajava naufragou. Sem pestanejar, Crusoé decidiu suas prioridades: primeiro, construir um abrigo onde pudesse evitar o frio e os animais selvagens; depois, pescar e colher frutas para se alimentar. Já instalado, e com a sobrevivência garantida, pôde investir: melhorou as condições da casa improvisada, construiu equipamentos para pescar mais eficientemente e tomou algumas medidas para proteger-se contra outros habitantes da ilha que talvez fossem pouco amistosos.

Esse é o foco do romance profundamente atraente de Daniel Defoe (1660-1731), "A Vida e Estranhas e Surpreendentes Aventuras de Robinson Crusoé de York, Marinheiro", escrito em 1719.

A habilidade fantástica de Crusoé representa o triunfo do individualismo, da capacidade humana de dominar a natureza. Um indivíduo completamente dominado pela busca racional dos interesses materiais. Foi essa imagem da capacidade individual que o economista Adam Smith (1723-1790) reafirmou.

Inglês, como Defoe, vivendo na época em que seu país experimentava o início da Revolução Industrial e assistindo ao triunfo das fábricas e ao desejo voraz de conquistar mercados, ele se tornou um observador do homem de negócios independente, o empresário. Seu livro, "A Riqueza das Nações" (1776), em que postulou a liberdade à atividade empresarial, tornou-se uma espécie de bíblia do liberalismo.

Havia aí a noção de que o interesse individual deveria ser aceito e estimulado. Caberia aos governos ajudar os homens a expressarem seus interesses e, com isso, encontrarem a felicidade. Num mundo liberal regido pelas forças do mercado, uma mão invisível garantiria a sustentação da economia sem que fosse necessária a presença da "mão pesada" dos Estados mercantilistas. A mão invisível do mercado conciliaria o interesse pessoal com o interesse comum ou público.

O inglês Adam Smith expressava sua fé no progresso da sociedade, no indivíduo, tornando-se cada vez mais habilidoso em seu trabalho e, dessa forma, aumentando a quantidade de ciência. O conhecimento seria progressivo e, como resultado, a condição humana melhoraria constantemente. Seria o triunfo de uma sociedade de homens com o espírito de Robinson Crusoé.

Renan Garcia Miranda é autor de "Oficina de História", da Editora Moderna, e professor de história do curso Anglo Vestibulares

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