Publicidade
Publicidade
12/12/2000
-
09h19
especial para a Folha de S.Paulo
Conjugar verbos em língua portuguesa não é tarefa das mais fáceis, sobretudo, por causa do grande número de verbos irregulares que compõem o nosso léxico. Mas isso não é motivo para desanimar, afinal, mesmo em meio a tanta variação, percebem-se certos padrões.
Os verbos regulares terminados em "-ear" conjugam-se, no presente do indicativo, como "passear" (passeio); os terminados em "-iar", como "adiar" (adio). É esse o caso dos parônimos arriar (arrio) e arrear (arreio).
Já o verbo "ansiar" se conjuga como "passear" apesar de sua terminação. Dizemos "eu anseio", forma seguida por: anseias, anseia, ansiamos, ansiais, anseiam. Trata-se, portanto, de um verbo irregular.
É interessante notar, entretanto, que a irregularidade desaparece nas duas primeiras pessoas do plural. Isso acontece com os demais verbos que acompanham o seu paradigma (mediar, intermediar, remediar, odiar, incendiar).
Digno de nota também é o verbo "requerer", que, na primeira pessoa do singular, no presente do indicativo, assume a forma "requeiro". Nas demais pessoas, segue o modelo de "querer". Mas só no presente.
No passado, a semelhança se desfaz: "eu quis", mas "eu requeri". "Reaver" é derivado de "haver" e como este se conjuga, mas apenas nos tempos e pessoas em que aparece a letra "v" (havemos/ reavemos).
Sua conjugação é incompleta, ou seja, é um verbo defectivo.
Alvo de constantes confusões é a flexão do futuro do subjuntivo, tempo empregado para exprimir a possibilidade de uma ação futura.
Isso porque sua forma se confunde com a do infinitivo nos verbos regulares. "Quando (ou se) eu pensar" é forma conjugada do futuro do subjuntivo, idêntica à do infinitivo. Se o verbo for irregular, as duas flexões não mais coincidirão. Dizemos: "Se eu fizer", não "fazer"; "se eu vir", não "ver".
Para obtermos o futuro do subjuntivo, devemos conjugar o verbo na terceira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo (fizeram, viram) e, a seguir, suprimir a terminação "-am". A forma resultante (fizer, vir) será a da primeira pessoa do singular.
Certa prova da Unicamp pediu aos vestibulandos que encontrassem uma inadequação no seguinte trecho: "...mas Lula só aprova um acordo se o governo retirar a medida provisória dos salários, suspender os vetos à Lei da Previdência e repor perdas salariais".
O candidato deveria notar que a forma "repor" (infinitivo) está empregada no lugar de "repuser" (futuro do subjuntivo) e explicar que a proximidade de dois verbos regulares (retirar e suspender) fez que o redator se confundisse.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha e apresentadora das aulas de gramática do programa "Vestibulando", da TV Cultura
Resumão/português: Verbos regulares e irregulares
THAÍS NICOLETI DE CAMARGOespecial para a Folha de S.Paulo
Conjugar verbos em língua portuguesa não é tarefa das mais fáceis, sobretudo, por causa do grande número de verbos irregulares que compõem o nosso léxico. Mas isso não é motivo para desanimar, afinal, mesmo em meio a tanta variação, percebem-se certos padrões.
Os verbos regulares terminados em "-ear" conjugam-se, no presente do indicativo, como "passear" (passeio); os terminados em "-iar", como "adiar" (adio). É esse o caso dos parônimos arriar (arrio) e arrear (arreio).
Já o verbo "ansiar" se conjuga como "passear" apesar de sua terminação. Dizemos "eu anseio", forma seguida por: anseias, anseia, ansiamos, ansiais, anseiam. Trata-se, portanto, de um verbo irregular.
É interessante notar, entretanto, que a irregularidade desaparece nas duas primeiras pessoas do plural. Isso acontece com os demais verbos que acompanham o seu paradigma (mediar, intermediar, remediar, odiar, incendiar).
Digno de nota também é o verbo "requerer", que, na primeira pessoa do singular, no presente do indicativo, assume a forma "requeiro". Nas demais pessoas, segue o modelo de "querer". Mas só no presente.
No passado, a semelhança se desfaz: "eu quis", mas "eu requeri". "Reaver" é derivado de "haver" e como este se conjuga, mas apenas nos tempos e pessoas em que aparece a letra "v" (havemos/ reavemos).
Sua conjugação é incompleta, ou seja, é um verbo defectivo.
Alvo de constantes confusões é a flexão do futuro do subjuntivo, tempo empregado para exprimir a possibilidade de uma ação futura.
Isso porque sua forma se confunde com a do infinitivo nos verbos regulares. "Quando (ou se) eu pensar" é forma conjugada do futuro do subjuntivo, idêntica à do infinitivo. Se o verbo for irregular, as duas flexões não mais coincidirão. Dizemos: "Se eu fizer", não "fazer"; "se eu vir", não "ver".
Para obtermos o futuro do subjuntivo, devemos conjugar o verbo na terceira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo (fizeram, viram) e, a seguir, suprimir a terminação "-am". A forma resultante (fizer, vir) será a da primeira pessoa do singular.
Certa prova da Unicamp pediu aos vestibulandos que encontrassem uma inadequação no seguinte trecho: "...mas Lula só aprova um acordo se o governo retirar a medida provisória dos salários, suspender os vetos à Lei da Previdência e repor perdas salariais".
O candidato deveria notar que a forma "repor" (infinitivo) está empregada no lugar de "repuser" (futuro do subjuntivo) e explicar que a proximidade de dois verbos regulares (retirar e suspender) fez que o redator se confundisse.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha e apresentadora das aulas de gramática do programa "Vestibulando", da TV Cultura
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Avaliação reprova 226 faculdades do país pelo 4º ano consecutivo
- Dilma aprova lei que troca dívidas de universidades por bolsas
- Notas das melhores escolas paulistas despencam em exame; veja
- Universidades de SP divulgam calendário dos vestibulares 2013
- Mercadante diz que não há margem para reajuste maior aos docentes
+ Comentadas
- Câmara sinaliza absolvição de deputados envolvidos com Cachoeira
- Alunos com bônus por raça repetem mais na Unicamp
+ EnviadasÍndice