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14/11/2000
-
12h32
especial para a Folha
O grande orgulho de Otávio Augusto, primeiro imperador romano, era ter encontrado uma cidade de tijolos e tê-la vestido de mármore.
As riquezas geradas pelas conquistas permitiram aos imperadores realizar inúmeras obras públicas. Aquedutos, arenas, esgotos, portos, estradas: símbolos visíveis do poder de Roma.
"Pão e circo" se tornaram a marca da relação dos imperadores com a plebe marginalizada. Aumentaram a distribuição de cereais gratuitos e o financiamento dos populares combates de gladiadores. Para facilitar a frequência a tais espetáculos, 159 dias foram assinalados como feriados públicos.
E havia ainda os edifícios para os banhos: vastos recintos, que lembravam templos, com banhos quentes, frios e tépidos, salas para massagens e até mesmo bibliotecas. O banho era um ritual que evidenciava a adoração ao corpo.
Culturalmente, o Império era um ambiente cosmopolita, em que as características regionais iam sendo absorvidas e fundidas, criando uma sociedade extraordinariamente aberta e diversificada. Tendências diferentes e muitas vezes divergentes coexistiam até num mesmo monumento.
Diante disso, a arte romana não revela um estilo coerente, como o que encontramos no Egito e na Grécia. Aliás, boa parte das obras de arte não era assinada, e seus autores poderiam ter vindo de todas as partes do território imperial. É nesse mosaico de estilos que reside a romanidade.
Essa romanidade se estendeu pelo Oriente e pelo Ocidente, por meio da progressão do uso do latim, da criação de cidades e do direito romano. As barreiras entre italianos e habitantes das províncias iam sendo rompidas à medida que espanhóis, gauleses, africanos e outros povos dominados alcançavam postos no Exército e na administração imperial, chegando até a imperadores.
Os romanos deram o nome de "pax romana" ao período de estabilização das fronteiras, que foi, para eles, a realização do sonho de uma ordem pública universal. Nesse período, 300 mil soldados, deslocando-se rapidamente pelas estradas, defenderam as fronteiras junto dos rios Reno e Danúbio contra as incursões das tribos germânicas, contiveram invasões orientais e sufocaram rebeliões internas.
A paz romana foi, antes de tudo, uma "paz armada", o maior símbolo de seu apogeu, que, no entanto, já carregava em seu interior os sinais da decadência do Império.
Renan Garcia Miranda é autor de "Oficina de História", da Editora Moderna, e professor de história do curso Anglo Vestibulares.
Resumão/história - Roma, cidade aberta
RENAN GARCIA MIRANDAespecial para a Folha
O grande orgulho de Otávio Augusto, primeiro imperador romano, era ter encontrado uma cidade de tijolos e tê-la vestido de mármore.
As riquezas geradas pelas conquistas permitiram aos imperadores realizar inúmeras obras públicas. Aquedutos, arenas, esgotos, portos, estradas: símbolos visíveis do poder de Roma.
"Pão e circo" se tornaram a marca da relação dos imperadores com a plebe marginalizada. Aumentaram a distribuição de cereais gratuitos e o financiamento dos populares combates de gladiadores. Para facilitar a frequência a tais espetáculos, 159 dias foram assinalados como feriados públicos.
E havia ainda os edifícios para os banhos: vastos recintos, que lembravam templos, com banhos quentes, frios e tépidos, salas para massagens e até mesmo bibliotecas. O banho era um ritual que evidenciava a adoração ao corpo.
Culturalmente, o Império era um ambiente cosmopolita, em que as características regionais iam sendo absorvidas e fundidas, criando uma sociedade extraordinariamente aberta e diversificada. Tendências diferentes e muitas vezes divergentes coexistiam até num mesmo monumento.
Diante disso, a arte romana não revela um estilo coerente, como o que encontramos no Egito e na Grécia. Aliás, boa parte das obras de arte não era assinada, e seus autores poderiam ter vindo de todas as partes do território imperial. É nesse mosaico de estilos que reside a romanidade.
Essa romanidade se estendeu pelo Oriente e pelo Ocidente, por meio da progressão do uso do latim, da criação de cidades e do direito romano. As barreiras entre italianos e habitantes das províncias iam sendo rompidas à medida que espanhóis, gauleses, africanos e outros povos dominados alcançavam postos no Exército e na administração imperial, chegando até a imperadores.
Os romanos deram o nome de "pax romana" ao período de estabilização das fronteiras, que foi, para eles, a realização do sonho de uma ordem pública universal. Nesse período, 300 mil soldados, deslocando-se rapidamente pelas estradas, defenderam as fronteiras junto dos rios Reno e Danúbio contra as incursões das tribos germânicas, contiveram invasões orientais e sufocaram rebeliões internas.
A paz romana foi, antes de tudo, uma "paz armada", o maior símbolo de seu apogeu, que, no entanto, já carregava em seu interior os sinais da decadência do Império.
Renan Garcia Miranda é autor de "Oficina de História", da Editora Moderna, e professor de história do curso Anglo Vestibulares.
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