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14/11/2002
-
14h11
da Folha de S.Paulo
Notícias recentes mostraram que os níveis dos reservatórios de hidrelétricas que abastecem o Nordeste estão mais baixos que no período "pré-apagão". Apesar disso, dificilmente ocorrerá, por enquanto, racionamento, pois as medidas emergenciais adotadas, como a instalação de termelétricas e a ampliação das linhas de transmissão que permitem transferir energia entre as regiões, disponibilizará a energia necessária.
O setor elétrico brasileiro cresceu baseado em grandes investimentos estatais, que fizeram, por exemplo, da bacia do rio Paraná a mais explorada para a geração de energia, com usinas muito conhecidas, como a binacional Itaipu (estatal brasileira e paraguaia).
Os problemas recentes de abastecimento decorrem de uma série de fatores. A crise do petróleo fez com que o governo, a partir de subsídios nas tarifas elétricas, estimulasse a substituição do combustível por eletricidade nos processos industriais e também a instalação de indústrias eletrointensivas, que consomem muita eletricidade, como as de alumínio, que em alguns casos pagavam pela energia um preço abaixo do custo de geração.
Para atender o aumento do consumo, ampliou-se a construção de usinas à custa de financiamentos internacionais, cujos juros dispararam posteriormente. Somem-se a isso os sobrecustos das empreiteiras, que eram cada vez maiores, e têm-se os cofres públicos esvaziados. Com pouco dinheiro para investir e com a necessidade de diminuir o déficit público, vieram os cortes dos investimentos no setor.
A política de privatizações, que deveria, segundo o governo, aumentar a competitividade e a produção e forçar os preços para baixo, até agora não obteve o resultado esperado.
A solução emergencial encontrada para enfrentar uma nova necessidade de racionamento, ou seja, a instalação de termelétricas, parece que também não resolverá o problema a longo prazo, pois, apesar de inicialmente mais barata, apresenta um custo final mais elevado e, além disso, a capacidade das reservas de gás boliviano de suprirem as necessidades das usinas térmicas do Brasil vem sendo muito questionada.
Eder Melgar é coordenador de geografia do curso Intergraus
Geografia: A energia e o risco de racionamento
EDER MELGARda Folha de S.Paulo
Notícias recentes mostraram que os níveis dos reservatórios de hidrelétricas que abastecem o Nordeste estão mais baixos que no período "pré-apagão". Apesar disso, dificilmente ocorrerá, por enquanto, racionamento, pois as medidas emergenciais adotadas, como a instalação de termelétricas e a ampliação das linhas de transmissão que permitem transferir energia entre as regiões, disponibilizará a energia necessária.
O setor elétrico brasileiro cresceu baseado em grandes investimentos estatais, que fizeram, por exemplo, da bacia do rio Paraná a mais explorada para a geração de energia, com usinas muito conhecidas, como a binacional Itaipu (estatal brasileira e paraguaia).
Os problemas recentes de abastecimento decorrem de uma série de fatores. A crise do petróleo fez com que o governo, a partir de subsídios nas tarifas elétricas, estimulasse a substituição do combustível por eletricidade nos processos industriais e também a instalação de indústrias eletrointensivas, que consomem muita eletricidade, como as de alumínio, que em alguns casos pagavam pela energia um preço abaixo do custo de geração.
Para atender o aumento do consumo, ampliou-se a construção de usinas à custa de financiamentos internacionais, cujos juros dispararam posteriormente. Somem-se a isso os sobrecustos das empreiteiras, que eram cada vez maiores, e têm-se os cofres públicos esvaziados. Com pouco dinheiro para investir e com a necessidade de diminuir o déficit público, vieram os cortes dos investimentos no setor.
A política de privatizações, que deveria, segundo o governo, aumentar a competitividade e a produção e forçar os preços para baixo, até agora não obteve o resultado esperado.
A solução emergencial encontrada para enfrentar uma nova necessidade de racionamento, ou seja, a instalação de termelétricas, parece que também não resolverá o problema a longo prazo, pois, apesar de inicialmente mais barata, apresenta um custo final mais elevado e, além disso, a capacidade das reservas de gás boliviano de suprirem as necessidades das usinas térmicas do Brasil vem sendo muito questionada.
Eder Melgar é coordenador de geografia do curso Intergraus
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