Serra
defende exportação de câncer
Apenas
a lógica eleitoral explica a total falta de lógica
da defesa dos produtores de fumo feita por José Serra_
ninguém brigou tanto contra os fabricantes de cigarro
como o ministro da Saúde José Serra, o que mereceu
justos aplausos, a começar deste colunista.
De olho
nos votos, Serra disse aos plantadores que eles têm
condições de expandir seus negócios,
acelerando as exportações. Como ministro não
queria (e com razão) que ninguém fumasse. Como
presidenciável, defende a exportação
para gerar empregos e divisas. Exporta-se, de certa forma,
o câncer.
Quem é
contra o cigarro não se incomoda com a nacionalidade
da vítima; incomoda-se com um produto que faz mal à
saúde. Levada às últimas consequências,
a guerra contra o cigarro é a guerra contra qualquer
pessoa que ganha dinheiro com o fumo. Inclusive, por mais
penoso que seja, contra os empregos gerados pela indústria
do tabaco.
É
como defender a paz mundial, mas estimular os fabricantes
de armas, que trazem divisas para o país.
Pela lógica
de Serra, seria aceitável a idéia de deveríamos
produzir legalmente cocaína para exportação.
Se legalizássemos tal produção (e, claro,
pudéssemos resistir à invasão dos Estados
Unidos) não haveria, tão cedo, problema na balança
de pagamentos brasileira - e, a julgar pela demanda mundial
- reduziríamos rapidamente nosso taxa de desemprego.
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