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03/12/2002 - 13h11

Estudo aponta que 54 milhões vivem com até meio salário mínimo

ELAINE COTTA
da Folha Online, no Rio

O Brasil tem 54 milhões de pessoas vivem com menos de meio salário mínimo (R$ 100). Isso representa 31,8% dos cerca de 170 milhões de brasileiros, segundo dados de uma pesquisa sobre níveis de desigualdade da população nacional divulgada hoje pelo IBGE.

Desses 54 milhões, 49 milhões têm renda inferior a meio salário mínimo por mês. Os 5 milhões restantes são pessoas que sobrevivem sem nenhum tipo de renda.

O relatório do IBGE foi divulgado em conjunto com um levantamento da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre as desigualdades mundiais. Segundo a ONU, 3 bilhões de pessoas vivem hoje com menos de US$ 2 por dia, a chamada linha da pobreza.

No seu relatório, a ONU afirma que a queda nas taxas de natalidade do Brasil ajudou a melhorar a situação econômica do país e que o efeito foi um crescimento de 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto) per capita por ano entre 1972 e 1994.

Renda
Segundo o IBGE, a região Nordeste é a que mais sofre com a pobreza: 51% da população recebe até um salário mínimo por mês (R$ 200,00), enquanto no Sudeste essa proporção é de 18%.

Os dados mostram que a distribuição de renda no país continua desigual. Em 2001, 40% da população mais pobre teve acesso a apenas 10,1% do total de rendimento nacional, enquanto os 10% mais ricos detiveram 46,1% da renda.

No Nordeste, a desigualdade também é ligeiramente maior que no Sudeste. Enquanto os nordestinos mais ricos ficaram com 48,6% da renda, os mais pobres tiveram acesso a 10,2%. No Sudeste, 11% da renda ficou para os mais pobres e 42,2% para os mais ricos.

Segundo o IBGE, os dados entre o Nordeste e o Sudeste são a constatação das profundas diferenças existentes no Brasil quanto à distribuição quantitativa e qualitativa dos recursos da produção, da tecnologia e, sobretudo, da qualidade de vida que têm acompanhado a evolução histórica do país desde o final dos tempos coloniais.

Educação
Os dados do IBGE mostram ainda que as desigualdades quanto à escolaridade da população se diferenciam de acordo com o rendimento familiar.

Apenas 92% dos brasileiros de 15 a 19 anos das famílias mais pobres terminam o primeiro ano do ensino fundamental, mas só metade deles completa o quinto ano.

Em 2001, 15 milhões de brasileiros, ou 12,4% da população, ainda eram analfabetos e pertenciam às famílias consideradas mais pobres.

Entre as crianças até 6 anos, apenas 34,9% frequentam algum estabelecimento escolar. Dos adolescentes de 15 a 17 anos _faixa etária que corresponde ao segundo grau_ 81% completaram os estudos.

Segundo o IBGE, quando se analisam os dados tendo como parâmetro a renda familiar nota-se que as desigualdades de oportunidades entre os mais pobres e os mais ricos se acentuam.

Entre os brasileiros que têm 18 anos, apenas 34,8% atingem 11 anos de estudo _que corresponde ao ensino médio. Desse total, 11,9% pertencem a famílias com rendimento de até meio salário mínimo, quanto 74,6% vêm de famílias que ganham mais de dois salários mínimos.

No Nordeste, a situação se agrava ainda mais. Somente 17,8% dos jovens com 18 anos conseguem concluir o ensino médio.

Raça
Dos 54 milhões de miseráveis, 64,9% se declararam de cor negra ou parda. Os restantes se declararam brancos.

Os brancos também ganham mais e têm mais acesso ao mercado de trabalho. Enquanto o rendimento médio do branco era de R$ 757 em 2001, os negros e pardos ganhavam R$ 383,00 e R$ 375,00, respectivamente.

Entre as famílias com renda de até R$ 100,00 per capita em que o responsável é uma mulher, 64% delas se dizem pardas ou negras.

Nas famílias com renda superior a dois salários mínimos per capita comandadas por mulheres, apenas 22,1% delas são negras ou pardas.

Saneamento
O estudo mediu também condições de saneamento básico e educação como fatores de desenvolvimento.

No primeiro quesito, apenas 31,6% da população que vive com meio salário mínimo consegue viver em casas atendidas por saneamento básico.

Na região Nordeste, pessoas de renda mais alta não necessariamente gozam da estrutura. Entre as que ganham mais de dois salários mínimos, 23% não têm condições adequadas de saneamento.
 

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