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27/11/2002 - 08h23

Tio e avô trancafiavam irmãos de 5 e 6 anos no Pará

MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha, em Belém

O Conselho Tutelar de Belém (PA) e a Polícia Militar libertaram ontem duas crianças que viviam havia quatro anos entre ratos e baratas trancadas em um quarto escuro no bairro da Terra Firme, na periferia da cidade. Elas não tinham acesso ao banheiro e mal sabem falar.

As crianças foram abandonadas pelos pais há cinco anos e viviam com o avô, o aposentado Francisco Rodrigues da Silva, 78, e com um tio, Daniel Lira da Silva, 27. O caso foi denunciado ao Conselho Tutelar por meio de abaixo-assinado feito pelos vizinhos.

A menina A.L., 6, e o menino A.L.S., 5, não tinham registros de nascimento e nunca estudaram. As crianças também eram proibidas de brincar. Em uma das poucas vezes que concordou em falar, a menina disse aos conselheiros que nunca teve brinquedos e que tinha 'vontade de estudar'.

Segundo o conselheiro tutelar Antônio Carlos da Silva Lopes, o tio das crianças pode ter distúrbios mentais e já havia ameaçado moradores vizinhos. 'Ele aparenta ter problemas mentais e dizia que, se os vizinhos denunciassem o caso, ele mataria as crianças e depois se suicidaria', disse.

As crianças são filhas da irmã dele, Ângela Silva, desaparecida há cinco anos. Segundo os conselheiros, o tio foi encontrado abraçado com o menino e pedia para que não levassem as crianças. Ele chorou e alegou que também havia sido abandonado pela mãe.

'A situação em que os encontramos foi degradante. Eles [crianças' estavam no meio de comida podre, sem lençol, e os colchões onde dormiam estavam sujos e furados. O lugar estava cheio de ratos e de baratas e cheirava mal', disse Lopes.

As duas crianças foram encaminhadas para um abrigo. O Ministério Público e o Conselho Tutelar tentarão localizar outros familiares delas. Caso não sejam encontrados parentes, as duas crianças poderão ser adotadas.

Os dois estavam desnutridos, e o menino apresenta pneumonia e febre alta. Eles passaram por exames médicos antes de serem encaminhados para um abrigo.

O avô das crianças declarou à polícia que o filho [tio das crianças] sofre de 'problemas espirituais', que teriam sido agravados desde que a mãe dele foi embora de casa há 14 anos. Segundo o aposentado, a família se mantém só com um salário mínimo. Ele ainda disse que o filho era o responsável por cuidar das crianças.

O Conselho Tutelar e o Ministério Público analisarão se o tio tem problemas mentais, antes de denunciá-lo por crime de cárcere privado.

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