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13/11/2002 - 23h43

Após reconstituição, Suzane é acusada pelo mesmo crime de namorado

LETÍCIA JARDIM GUEDES
da Folha Online

A estudante Suzane von Richthofen, 19, será acusada pela Promotoria pelos mesmos crimes que seu namorado Daniel Cravinhos de Paula e Silva, 21, e seu irmão Cristian, 26. Eles serão denunciados por duplo homicídio qualificado e roubo qualificado.

A perita criminal Rejane Marisa Pacheco, responsável pela reconstituição do assassinato, que durou cerca de dez horas hoje, confirmou que Suzane não esteve presente na "cena do crime", mas participou da morte dos pais. "Ela esteve o tempo todo no andar debaixo [o quarto onde o casal foi morto é no segundo andar da casa]. Ela não estava na cena do crime, os três depoimentos confirmam", disse.

Apesar de não ter participado dos golpes que mataram seus pais, Manfred e Marísia von Richthofen, Suzane teria planejado o crime e a execução, abrindo caminho para que os irmão agissem.

"Ela entrou em casa, abriu a porta, acendeu a luz para que os irmãos pudessem matar o casal, forneceu as meias, as luvas e o saco plástico. Ela teve participação e os três vão responder pela mesma acusação", disse o promotor Vergílio Ferraz do Amaral, que acompanhou a reconstituição do crime feita hoje, na casa das vítimas, no Brooklin, zona sul de São Paulo.

Segundo o promotor, ela ainda ouviu de Daniel, após o crime, que "tudo tinha acabado".

Para Amaral, eles poderão ser condenados de 11 a 30 anos, por homicídio, e de cinco a dez anos por roubo. As acusações formais ainda não foram elaboradas.

Choros
A reconstituição do assassinato do casal foi feita hoje, das 11h30 às 21h30, com Daniel, Cristian e Suzane. Segundo os policiais, os três tiveram de parar diversas vezes a reconstituição, pois se emocionaram muito.

Para a delegada responsável pelo inquérito, Cíntia Tucunduva Gomes, o resultado da ação foi esclarecedor. "Suzane realmente não participou da cena do crime e os depoimentos dos três conferem. Não houve contradições".

A delegada tem até sexta-feira para entregar o inquérito à Justiça, mas acredita que terá de pedir um adiamento, pois o laudo da reconstituição não deve ficar pronto até o prazo.

Reconstituição

Cada um deles relatou como foi o crime. Cristian foi o primeiro, e levou quatro horas relembrando os detalhes. Suzane, fez a reconstituição logo em seguida, em duas horas, e Daniel, em quatro horas. Os irmãos se encontraram no local, mas Suzane ficou isolada e não se reuniu com ninguém.

Segundo os depoimentos, Suzane dirigia o carro com Daniel e Cristian, o último no banco de trás do carro. Ao saírem do veículo pegaram duas barras de ferro, feitos por Daniel, no porta-malas. Eles já estavam com as meias-calças, usadas para não deixar pêlos.

Suzane entrou na casa e acendeu a luz do corredor, para que os irmãos pudessem achar o quarto do casal von Richthofen, que fica no segundo andar. Eles os golpearem e Cristian sufocou Marísia com um saco plástico, deixado na escada por Suzane.

Enquanto isso, Suzane permaneceu no primeiro andar ada casa e remexeu nos pertences da família para simular um assalto e levou cerca de US$ 5.000 e R$ 8.000. Ela disse que sabia o código de uma maleta do pai onde estava o dinheiro, mas contou que eles simularam um arrombamento com uma faca.

Após a morte dos pais, Suzane teria chorado e Daniel a consolado, dizendo "tudo está terminado". Eles se sentaram abraçados em um sofá, no primeiro andar. Daniel e Cristian roubaram as jóias e o dinheiro do local onde Suzane havia dito antes do crime. O revólver de Manfred chegou a ser carregado por Daniel, mas foi deixado no local. Depois de meia hora, deixaram a casa levando as armas.

O irmão Andreas

O irmão de Suzane, Andreas, 15, esteve no local e participaria da ação, mas a polícia considerou desnecessária sua participação. Ele não teria se encontrado com nenhum dos três.

Segundo a perita responsável pela reconstituição, o adolescente foi dispensado pois "não estava no local na hora do crime e não cabe suspeita em relação a ele".

O crime
Os corpos de Manfred e Marísia foram descobertos na cama, na madrugada de 31 de outubro. O engenheiro tinha uma toalha branca no rosto e Marísia estava com um saco plástico na cabeça.

Na sexta-feira (8), após depoimentos que se estenderam pela madrugada, a Polícia Civil anunciou ter desvendado o crime.

Segundo o DHPP, Suzane, Daniel e Cristian planejaram e executaram o assassinato. A motivação seria a proibição do namoro de Suzane e Daniel e a consequente herança deixada pelo casal. Suzane afirmou que planejou a morte dos pais 'por amor' ao namorado.

A casa não tinha sinais de arrombamento e o alarme e sistema interno de televisão estavam desligados, o que levou a polícia a investigar a hipótese de o crime ter sido cometido por pessoas próximas às vítimas. A biblioteca estava revirada.

Um revólver calibre 38, do engenheiro, foi encontrado ao lado da cama. Conforme a polícia, a arma não foi usada.

Suzane disse à polícia, no dia do crime, que havia saído com o namorado e com o irmão na noite de 30 de outubro. Deixaram Andreas em um cibercafé e foram a um motel. Na volta, disse que encontrou as portas abertas e as luzes acesas.

Na ocasião, informou aos policiais do 27º Distrito Policial o desaparecimento de R$ 8.000 e US$ 5.000.
Durante novos depoimentos feitos ao DHPP, os policiais perceberam contradições entre as falas de Suzane, do irmão e do namorado.

Jóias foram encontradas no sítio da namorada de Cristian, C., 16, em Mairinque (66 km a oeste de São Paulo). Ela é uma das testemunhas da polícia.

Seu pai disse ontem, após depoimento da adolescente no DHPP, que Cristian chegou a ameaçar a filha de morte caso ela contasse para alguém sobre o assassinato. Disse também que Cristian passou com sua família o primeiro final de semana depois do crime, quando, provavelmente, escondeu as jóias na casa.

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