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10/10/2002 - 20h24

Padaria é metralhada no Rio após desobedecer ordem do tráfico

TALITA FIGUEIREDO
da Folha de S.Paulo, no Rio

Por desobedecer a ordem de fechar o comércio no complexo de favelas do morro do Dendê (Ilha do Governador, zona norte do Rio), o dono de uma padaria no morro do Guarabu teve a loja destruída por tiros de metralhadoras no início da manhã de hoje.

O fechamento do comércio imposto pelos criminosos foi um sinal de luto pela morte de um suposto traficante durante a operação da Polícia Civil realizada no complexo ontem.

Todo o comércio do Guarabu e parte das lojas próximas a acessos aos morros do Dendê e do Querosene fecharam, apesar de a região estar policiada desde a véspera.

Segundo a PM (Polícia Militar), cerca de 130 policiais foram deslocados para a área do Dendê.

"Eles não abrem porque não querem. Hoje, se passar uma criança de três anos mandando fechar o comércio, eles fecham", disse o comandante do 17º BPM (Batalhão de Polícia Militar), tenente-coronel Alcides Menezes de Azevedo.

De acordo com testemunhas ouvidas pela Folha e que pediram para não ser identificadas por temer os traficantes, o interior da padaria, que fica na esquina das ruas Trapiá e Tupirama (um dos acessos ao Guarabu), foi totalmente destruído.

Ninguém ficou ferido, pois os fregueses e funcionários tiveram tempo de correr antes do ataque.

No início da tarde, a Folha procurou o dono da padaria, mas a loja estava fechada. Segundo moradores, a PM não esteve no local.

O fechamento do comércio foi determinado por traficantes da facção criminosa TC (Terceiro Comando) por causa da morte de Carlos Alberto Januário Pedro, 38, o Gordo.

Segundo a Polícia Civil, Gordo seria o segundo homem na hierarquia da quadrilha de traficantes do Dendê.

A operação de ontem contou com cerca de 300 policiais de 13 delegacias especializadas. Foi preso Marcelo Silva Figueiredo, 21, o Chorrão, contra quem havia seis mandados de prisão expedidos sob a acusação de homicídio e tráfico. Marco Antônio do Livramento, 20, e um adolescente de 17 anos conhecido como Quito também foram presos.

Chorrão foi apresentado hoje na Chefia de Polícia Civil. Ele contou que entrou para o tráfico a fim de "vingar a morte do pai", assassinado há 14 anos, na sua frente. Segundo ele, o pai foi morto por policiais militares durante uma festa junina na favela.

Segundo Chorrão, ele e a irmã recebem indenização do governo estadual pela morte do pai. "Sou bandido, mas recebo R$ 606 do governo, porque a polícia matou meu pai na minha frente", disse.

Na operação, foram apreendidos quatro carros, duas motos, cerca de 1 kg de maconha, duas granadas e carregamentos de cerveja e refrigerante roubados de caminhões de entrega.


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