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01/11/2002
-
20h09
da Folha Online
A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além das aguardadas mudanças na política econômica, leva ao Palácio do Planalto uma gramática e um discurso de tons bens distintos do atual presidente, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso.
Quando Lula assumir a Presidência, em janeiro de 2003, brasileiros estarão deixando para trás oito anos de erudição de FHC, com discursos picotados por orações entremeadas e recheadas de expressões ditas intelectuais _algumas, inclusive, fora de uso.
"Se há algum 'cochilo' no discurso de Lula, não é diferente [dos erros] de todo mundo", afirma Pasquale Cipro Neto, professor de português, apresentador de TV e colunista da Folha de S.Paulo.
Segundo o professor, Lula continua sendo "vítima de um preconceito injustificado", mesmo sendo autor de um discurso que não tem nada de simples.
"O presidente eleito é bem articulado. É um absurdo as pessoas ainda dizerem que Lula é isto ou aquilo. Lula se expressa muitíssimo bem", disse.
Dois comentários do presidente eleito feitos durante a campanha deste ano indicam a disposição do petista de combater o preconceito com humor. Ao usar a expressão latina "sine qua non", Lula arrematou ao seu interlocutor: "Gostou? Nada mal para quem terminou as eleições de 1989 falando 'menas laranjas'". O então candidato brincou também ao não escorregar na conjugação do pretérito do verbo "intervir" na terceira pessoa do singular.
Os eventuais "escorregões" do presidente eleito na conjugação dos plurais, segundo o professor Pasquale, fazem parte da gramática do português falado. "Não há como a gramática falada ser tão rigorosa como a escrita".
"É como se tivessem colado um selo: nordestino, veio da pobreza, não tem diploma. Ele pode dizer o que quiser, que o preconceito _que deveria ser escrito separado, com hífen e acento: pré-conceito_ faz de seu discurso impermeável", disse Pasquale.
Para Pasquale, ao assumir a Presidência, Lula pode estar iniciando uma nova fase no exercício do cargo: um presidente com um discurso mais direto, objetivo, e mais próximo da população média do país. "O importante é que ele diga o que tem que ser dito e faça o que deve ser feito", disse o professor.
Veja também o especial Governo Lula
"Lula é alvo de preconceito injustificado", diz professor Pasquale
SÍLVIA FREIREda Folha Online
A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além das aguardadas mudanças na política econômica, leva ao Palácio do Planalto uma gramática e um discurso de tons bens distintos do atual presidente, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso.
Folha Imagem |
O Professor Pasquale Cipro Neto |
Quando Lula assumir a Presidência, em janeiro de 2003, brasileiros estarão deixando para trás oito anos de erudição de FHC, com discursos picotados por orações entremeadas e recheadas de expressões ditas intelectuais _algumas, inclusive, fora de uso.
"Se há algum 'cochilo' no discurso de Lula, não é diferente [dos erros] de todo mundo", afirma Pasquale Cipro Neto, professor de português, apresentador de TV e colunista da Folha de S.Paulo.
Segundo o professor, Lula continua sendo "vítima de um preconceito injustificado", mesmo sendo autor de um discurso que não tem nada de simples.
"O presidente eleito é bem articulado. É um absurdo as pessoas ainda dizerem que Lula é isto ou aquilo. Lula se expressa muitíssimo bem", disse.
Dois comentários do presidente eleito feitos durante a campanha deste ano indicam a disposição do petista de combater o preconceito com humor. Ao usar a expressão latina "sine qua non", Lula arrematou ao seu interlocutor: "Gostou? Nada mal para quem terminou as eleições de 1989 falando 'menas laranjas'". O então candidato brincou também ao não escorregar na conjugação do pretérito do verbo "intervir" na terceira pessoa do singular.
Os eventuais "escorregões" do presidente eleito na conjugação dos plurais, segundo o professor Pasquale, fazem parte da gramática do português falado. "Não há como a gramática falada ser tão rigorosa como a escrita".
"É como se tivessem colado um selo: nordestino, veio da pobreza, não tem diploma. Ele pode dizer o que quiser, que o preconceito _que deveria ser escrito separado, com hífen e acento: pré-conceito_ faz de seu discurso impermeável", disse Pasquale.
Para Pasquale, ao assumir a Presidência, Lula pode estar iniciando uma nova fase no exercício do cargo: um presidente com um discurso mais direto, objetivo, e mais próximo da população média do país. "O importante é que ele diga o que tem que ser dito e faça o que deve ser feito", disse o professor.
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