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19/10/2002 - 07h07

Toquei num nervo exposto, diz Regina Duarte

MÔNICA BERGAMO
Colunista da Folha de S.Paulo

A atriz Regina Duarte afirmou ontem à Folha, numa rápida conversa, por celular, que não se arrepende do depoimento que fez no programa eleitoral do candidato José Serra, na última terça-feira. A atriz disse que "tocou num nervo exposto" ao declarar que tinha "medo" da eleição de Lula, entre outros motivos porque ela poderia significar a volta da "inflação desenfreada".

Regina, que passou a semana recolhida numa fazenda, disse que só vai se manifestar definitivamente após ler tudo o que foi publicado sobre ela na imprensa.

Folha - O que você está achando da polêmica causada pelo seu discurso? Você vai se manifestar, vai escrever algum artigo?
Regina Duarte
- Vou sim. Eu não sei ainda quando. Preciso dar uma pensada nisso.

Folha - Você não esperava um impacto tão grande?
Regina
- Tem tanto tempo que eu faço isso. E eu nunca vi acontecer nada assim. A impressão que eu tenho é que eu toquei num nervo exposto, de um sentimento enorme que está aí. O meu sentimento não é um sentimento isolado. É um sentimento grande. Senão, não teria a repercussão que teve.

Folha - O depoimento foi seu?
Regina
- Ah, sem dúvida. Sempre é meu, né? Na medida em que você assume dizer alguma coisa, mesmo que você não tenha escrito, você é co-autor. No caso, a autoria é minha mesmo.

Folha - Numa entrevista à revista "Carta Capital", o Lula disse que te admira mas que também tem o direito de discordar de suas posições. Ele afirmou que não contribui em nada uma atriz de sua estatura vender o medo para a população.
Regina
- Nunca foi minha intenção vender o medo. Eu acho que o meu depoimento contribuiu para uma discussão muito importante, que é a liberdade de expressão e o medo que todos têm da volta das patrulhas. O próprio Lula disse que eu tinha mais era que ter medo das novas atrizes da Globo, o que não é uma afirmação nem um pouco elegante. O que eu percebo é que ele já mudou novamente o seu discurso, amenizando o tom e voltando a ser o "Lulinha paz e amor" que tem vendido.

Folha - Você se sentiu mesmo "patrulhada", como dizem?
Regina
- Num primeiro momento, sim. Muito. Isso, de alguma forma, foi uma espécie de trailler de uma possível volta de uma situação que a gente já... Eu fiquei meio assustada no começo. Mas agora eu sinto que o tom foi ficando bem mais ameno. As pessoas perceberam que não dá para viver tempos de censura e patrulha ideológica. O direito de expressão é sagrado na democracia.

Folha - As pessoas que te criticaram dizem isso mesmo: que você exerceu o direito de se expressar e criticar, e elas, ao te criticarem, exerceram igual direito.
Regina
- Lógico.

Folha - Por que então definir as críticas como "patrulha"?
Regina
- É uma questão de tom. Existiu um tom de baixíssimo calão. Coisas assustadoras.

Folha - Você então se sente "patrulhada"?
Regina
- Você está me fazendo avançar num terreno onde eu preferia amadurecer melhor antes de falar alguma coisa. Eu ainda estou tomando conhecimento de como as coisas aconteceram. Tenho recebido muitas manifestações, do Brasil inteiro e queria ter conhecimento de tudo isso.

Folha - Contra e a favor?
Regina
- Muito mais a favor.

Folha - Você se arrependeu?
Regina
- De maneira nenhuma.

Veja também o especial Eleições 2002
 

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