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30/09/2002 - 15h38

Acusação de grilagem ameaça vitória de Roriz no primeiro turno no DF

RICARDO MIGNONE
da Folha Online, em Brasília

As recentes acusações de envolvimento do governador Joaquim Roriz (PMDB) com a grilagem de terras no Distrito Federal caíram como uma bomba em sua campanha para a reeleição.

Há poucos dias, a vitória de Roriz no primeiro turno era apontada como certa. Hoje, o sinal amarelo está aceso na campanha visando a reeleição do governador. Os índices de Roriz caem nas pesquisas enquanto os de seus adversários mostram ascensão. O mais provável candidato a disputar um eventual segundo turno com o governador é o deputado federal Geraldo Magela (PT).

Os outros candidatos também subiram nas pesquisas. Apesar de adversários nas urnas, os políticos da oposição se uniram na tentativa de impedir a reeleição de Roriz. Hoje, o candidato do PSB ao governo, Rodrigo Rollemberg, encaminhou ao Ministério Público Federal novas denúncias contra o governador.

No documento, de 400 páginas, Rollemberg, que é deputado distrital, requer ao procurador da República Guilherme Schelb o bloqueio dos bens do governador e dos outros envolvidos nas acusações de grilagem de terras e, também, o afastamento de Roriz do governo. Além do PSB, o PT pede o impeachment do governador.

A edição desta semana da revista "Veja" mostra uma reportagem relatando uma conversa entre o governador e o fazendeiro Pedro Passos, acusado de comandar um esquema de grilagem de terras na capital e apontado, numa CPI em 1995, como o maior grileiro do DF.

Na conversa, Passos, que é candidato a deputado distrital pelo PSD, pede e Roriz concorda em mandar suspender a fiscalização sobre a construção de um condomínio numa área pública no Lago Sul.

Passos também conta a Roriz que um subordinado dele, o presidente da Terracap (Companhia Imobiliária de Brasília), Eri Varella, recebeu 20 lotes. O governo não abriu investigação para apurar o suposto pagamento de propina.

Ontem mesmo, em entrevista ao "Jornal de Brasília", Roriz comentou as acusações. O governador disse que não contestou Pedro Passos durante o telefonema porque ele estaria "visivelmente alterado".

"O próprio Pedro, em outro telefonema gravado, afirma que nunca foi beneficiado em nada durante o meu governo. Eu separo as coisas: tenho meus amigos e tenho a responsabilidade de governar o Distrito Federal", afirmou Roriz. "Ele fez umas acusações, mas eu acredito que eram fruto do nervosismo dele", completou.

O governador também disse estranhar o fato de as gravações terem sido divulgadas antes do fim do processo, que segundo ele corre em segredo de Justiça.

"É obviamente uma armação que envolve setores do Ministério Público e o jornal da oposição. A uma semana da eleição, eles divulgam ilegalmente a fita tentando envolver meu nome, mas eu estou muito tranquilo: a população do Distrito Federal sabe que isto é fruto de desespero da oposição, que desce ao nível mais baixo desta campanha", afirmou Roriz.

A conversa gravada com Passos era o que faltava para a oposição pedir a abertura de processo de impeachment contra Roriz. "Está comprovado o envolvimento do governador com o esquema de grilagem de terras. Os indícios são muito fortes", afirmou Rollemberg. O procurador já requereu à Justiça cópia da gravação.

Entenda o caso
O pivô do caso é o Condomínio Chácaras Mansões do Lago. A área de 221 hectares atrás das QIs 27 e 29 do Lago Sul foi loteada como um empreendimento privado dos irmãos Passos, mas invade 127 hectares de terras públicas.

O local é supervalorizado por ficar próximo à Terceira Ponte de Brasília, que está prestes a ser inaugurada. Eri Varela mandou derrubar a cerca do loteamento no dia 8 de agosto

Por trás do imbróglio fundiário estão interesses eleitoreiros. Amigo da candidata a deputada distrital Eurides Brito (PMDB), Varela se irritou com a candidatura de Pedro Passos (PSD) à Câmara Distrital. É que o empresário teria invadido a cidade de Santa Maria, um tradicional reduto eleitoral de Eurides Brito.

Márcio Passos tomou as dores do irmão e reagiu. Ameaçou Eri Varela de morte e quase implodiu a base aliada de Joaquim Roriz ao divulgar uma fita de vídeo em que o deputado distrital e ex-secretário de Assuntos Fundiários Odilon Aires (PMDB) admite ter recebido propina para regularizar condomínios de interesse dos irmãos Passos.

Além de Roriz e dos irmão Passos, aparecem nas gravações o secretário de Comunicação Social do governo, Weligton Moraes, o advogado Salomão Szervinski e o topógrafo Vinício Jadiscke.

Szervinski é parceiro dos irmãos Passos em loteamentos no Lago Sul. Jadiscke está foragido desde o dia 11 de agosto junto com Márcio Passos, após ter um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça.

Veja também o especial Eleições 2002
 

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