LENITA MIRANDA DE FIGUEIREDO

Após dez anos de estudos e pesquisas, Len Kunstadt e Samuel B. Charters escreveram «A Historia do Jazz», cujo trecho inicial transcrevemos, certos de que seja de grande aproveitamento aos que se iniciam na pitoresca arte jazzistica, sob o ponto de vista historico e social.

O livro foi editado no Brasil pela Editora Lidador e vem enriquecer o numero de obras sobre o assunto que está sendo lançado no mundo inteiro. Eis o que nos contam Charters e Kunstadt:

 

"No fim da decada de 1890 e no principio da de 1900, em muitas cidades dos Estados Unidos, jovens musicos começaram a tocar nova especie de musica de dança sincopada. As melodias eram as mesmas, comumente tocadas por orquestras populares mais tranquilas, porem, a musica tinha um ritmo novo, mais excitante, e uma expressão melodica nova. Era uma musica que combinava as convenções melodicas e harmonicas da musica popular de então com a concepção ritmica e vocal do negro americano. O novo estilo parece ter-se tornado popular em varias cidades ao mesmo tempo, tornando-se a sua exuberante vitalidade logo evidente para os dançarinos e empresarios. Os negros já haviam atingido um alto grau de desenvolvimento em musica vocal; a instrumental, porém, ficara para trás, provavelmente por não terem tido oportunidade de aprender instrumentos de musica antes da guerra civil.

"Com a primeira geração depois da guerra houve um florescimento da musica instrumental. A principio, foi chamada musica de «razz» ou musica de «spasm», mas ao tempo da I Guerra Mundial recebeu o nome de «jass» ou «jazz» e este ultimo nome perdurou.

"A musica se popularizou tão rapidamente que as fabricas de discos começaram a fazer gravações das orquestras desde 1903. O periodo dos menestréis - espetaculos em que os artistas pintavam a cara de preto e usavam a musica dos negros americanos como numero de maior sucesso - tornou-se rapidamente a ultima moda musical. Numa gravação de menestrel em 1903, 'The Cake Walk in Coon Tow', a 'dança' é acompanhada por um conjunto de cinco instrumentos - duas clarinetas, corneta, trombone e piano, tocando num estilo de jazz inconfundivel.

A musica atraiu a atenção como divertimento popular e a cidade de Nova York, como centro de diversões da America, dentro de poucos anos dominou o panorama do jazz. Enquanto a historia do jazz em cidades como Nova Orleans e Chicago foi grandemente superestimada, em Nova York ela foi quase esquecida.

Da primeira musica de jazz executada por suas orquestras sincopadas à dificil evolução do 'bop', o cenario de Nova York é o mais colorido de todos. Os musicos eram alugados, tinham publicidade e gravavam em Nova York; quase todo musico importante de jazz, com raras exceções, pertenceu ao cenario de Nova York em algum periodo de sua carreira."

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