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NORDESTE
Abreu e Lima (PE)
Garotos não entram em dança de roda e garotas mantêm
distância dos socos e pontapés distribuídos numa partida
de garrafão
Essa brincadeira é de
menino ou de menina?
Patrícia
Santos/Folha Imagem
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Cláudia
Santana Silva, 8, e Rita de Fátima da Silva, 7, cantam
no bate-mãos Andoleta, Borboleta |
da
enviada a Pernambuco
Meninos e meninas são unânimes em separar o
que é exclusividade de
um sexo do que é de
outro no conjunto de
jogos do folclore infantil. Os meninos, em sua
grande maioria, ainda resistem a brincar de casinha. As meninas,
por sua vez, se recusam
a brincar com meninos no violento jogo de garrafão.
No município de Abreu e Lima (PE), no distrito de Engenho Novo (a
cerca de 50 km de Recife), as meninas são afiadas nos trava-línguas
e nas cantigas de roda, e os meninos desfiam um longo rol de variedades
de pega-pega, uma de suas brincadeiras preferidas.
“Tem o pega-preso, o pega-seu-pega, o pega-congelou, o pega-cocorô
e o pega-macaco”, explica Marco Antonio Ramon, 11, suado de tanto
fugir do seu pegador.
“O pega-seu-pega é esse que a gente estava brincando, que quem for
pego vai ser o pega”, ele continua. “No pega-congelou, quem for pego
fica congelado, parado, até alguém tocar nele e ele descongelar. No
pega-cocorô, para não ser pego, você tem de se acocorar quando o pega
chega perto de você. E no pega-macaco você tem de se pendurar num
lugar bem alto, na árvore ou no muro para não ser pego”, conclui Marco
Antonio.
Depois do pega-pega, ele e seu irmão Bruno Ramon, 10, mostraram como
se brinca de carrinho-de-mão. Bruno, que vai ser o carrinho-de-mão,
deita-se com as costas para cima. Enquanto Marco segura seus pés,
Bruno apóia as mãos no chão, levanta o corpo, e eles saem caminhando.
As brincadeiras que imitam bichos estão entre as preferidas das crianças
de Engenho Novo. Tanto os meninos quanto as meninas brincaram de pula-sapo,
competição em que os jogadores correm imitando os pulos de um sapo.
Ganha quem chegar primeiro ao ponto determinado.
O jogo do bate-mãos, acompanhado de um trava-língua, é especialidade
das meninas. Enquanto batem no ar as mãos uma contra as da outra,
em variadas combinações _por cima, por baixo, as duas mãos juntas,
uma de cada vez etc._, Rita de Fátima da Silva, 7, e Cláudia Santana
Silva, 8, vão repetindo rapidamente:
Tricilomelo
Alô sincero
Tricilomelo, sim
Alô sincero, sim
Trici, trici
Auê
O trava-língua é uma parlenda ou fórmula verbal desprovida
de sentido lógico e que serve, conforme observou o folclorista Luis
da Camara Cascudo (1898-1986), para memorizar e praticar estruturas
linguísticas como a rima.
Em Engenho Novo, Rita de Fátima, Cláudia e suas amigas Natália Santana,
Amanda Santana e Ana Paula Holanda também mostraram como se pode brincar
de bate-mãos em forma de roda, cantando o trava-língua Andoleta, Borboleta:
Andoleta, borboleta
Cento e cinquenta
Com muito carinho
Vai ter que me dar
Um pedacinho
Baygon, Baygon
Barata com sabão
Baygon, Baygon
Barata com sabão
Um, dois, três...
Conta-se até dez. A criança que cair com o número dez na batida
de mão sai da brincadeira. Ganha o par que ficar por último. (MF)
Leia
mais: É
pela cabeça que se laça o touro?
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