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Eleição de 2002 aquece
mercado de dossiês


  • Garotinho se complica
  • Itamar é a bola vez
  • Nível vai piorar

    RAYMUNDO COSTA
    Articulista convidado

    BRASÍLIA - 11.jul.2001 - Acabou a ilusão de quem achava que a largada da corrida presidencial de 2002 apontava para uma campanha de alto nível, uma disputa na qual a qualidade do debate prevaleceria sobre os golpes abaixo da linha de cintura usuais das eleições passadas. Ledo engano.

    Prova disso é a informação de que a Receita Federal está investigando o governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), acusado de subornar fiscais e fraudar a Receita Federal.

    A suspeita é que Garotinho e assessores teriam maquiado, em 1995, a contabilidade de uma empresa, a Garotinho Editora Gráfica, e subornado um auditor fiscal de modo a obter da Receita autorização para realizar sorteios em programa de rádio e TV comandado pelo governador.

    Independentemente do mérito da acusação, que Garotinho e a Secretaria da Receita Federal têm a obrigação de esclarecer, convém dar ouvidos ao governador quando ele relaciona o vazamento da investigação ao crescimento de sua candidatura nas pesquisas de intenções de voto para presidente da República em 2002.

    Desacreditado no início, Garotinho já aparece embolado nas sondagens de opinião com Ciro Gomes (PPS) e com Itamar Franco (PMDB), deixando para trás tucanos de alta plumagem. É, sem dúvida, o fato novo na sucessão. Logo, um alvo fixo. Já aconteceu antes e vai piorar na medida em que a data da eleição se aproximar. Alguns pontos a mais serão o bastante para abalar ou jogar reputações no chão.

    Roseana Sarney (PFL) fez uma reforma administrativa de fôlego no Maranhão, mas pouco ou quase nada se sabe dela. Mas quando a governadora rondou a casa dos dois dígitos e passou a circular pelo país como presidenciável imediatamente começaram a circular em Brasília documentos envolvendo a família Sarney com supostas transações ilegais no Maranhão e Piauí. Documentos arquivados e classificados em pastas de adversários políticos à espreita de eventual retorno da governadora à cena sucessória.

    Em 1999, bastou Ciro avançar alguns pontos nas pesquisas e não tardou a aparecer uma acusação de que o ex-governador do Ceará e ex-ministro da Fazenda omitira rendimentos em suas declarações ao Fisco. Agora é a vez de Garotinho. Mas não há candidato com algum potencial que não tenha uma pasta aberta, ou sua vida vasculhada, na Praça dos Três Poderes e adjacências, em Brasília. No mercado de dossiês, papéis sobre o envolvimento do presidente do Senado, Jader Barbalho, (PMDB-PA) em desapropriações de terras para a reforma agrária virou mercadoria barata.

    A bola da vez, expressão que virou lugar comum na política, é o governador mineiro Itamar Franco (PMDB). Itamar é visto em Brasília como a maior ameaça à passagem de um candidato oficial para o segundo turno das eleições presidenciais, de vez que já se dá como fava contada no Planalto que um deles será Lula (PT). Contra o governador mineiro armam-se duas frentes. Uma, à luz do dia, ou quase, para derrubá-lo na convenção nacional do PMDB marcada para 9 de setembro. A outra, nos porões dos dossiês.

    Derrotar Itamar na convenção do PMDB é vital para o governo tirar cerca de sete minutos de tempo de TV que o governador terá na campanha presidencial se for oficializado como candidato da legenda. Nesse esforço, o Planalto joga sobretudo com a ala governista que dispõe dos cargos e verbas federais. Não será surpresa alguma se até setembro algum aliado infiel perder cargos em Brasília.

    O candidato mais provável é o secretário Ovídio De Ângelis (Desenvolvimento Urbano), afilhado político do presidente do PMDB, senador Maguito Vilela (GO), atualmente em oposição ao Planalto. Surpresa menor ainda será o aparecimento de um documento ou outro apontando supostas irregularidades no governo mineiro. O alvo é o vice-governador mineiro, Newton Cardoso, que tem papel ativo na administração e deve substituir Itamar em Minas quando ele deixar o cargo para concorrer à Presidência.

    Atingindo Newtão, como o vice é mais conhecido, seus adversários esperam por tabela atingir Itamar. Os antecedentes do vice na gestão da coisa pública justificam a expectativa dos adversários do governador e o temor dos aliados de Itamar Franco. É o ponto fraco do presidenciável.

    A campanha de 2002 começou com Lula (PT) flexibilizando suas posições em relação ao Plano Real, Ciro Gomes exibindo propostas polêmicas sobre o alongamento da dívida e Garotinho prometendo um choque de crédito na praça. Isso, aliado à expectativa de que o governo apresente um candidato do nível de José Serra, ministro da Saúde, colocou em perspectiva a miragem de uma eleição marcada pelo debate de qualidade. Durou pouco. A vida pregressa de quem se propõe a dirigir o país pode e deve ser mostrada de forma transparente ao eleitor, mas a campanha pode transformar-se em mera extensão da delegacia de polícia em que se transformou o Congresso. É muito pouco.




    Raymundo Costa, 49, é coordenador de Política da Sucursal de Brasília da Folha de S.Paulo.
    Escreva para Raymundo Costa em raymundo@folhasp.com.br






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