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Financiamento de campanha, quem será
que se salva do famoso caixa-dois?


  • Campanha de FHC em 98 omitiu doações de R$ 10,120 mi
  • Ninguém quer secar a fonte de dinheiro


    VALDO CRUZ
    articulista convidado

    BRASÍLIA - 14.nov.2000 - A reação de políticos governistas e da oposição ao excelente trabalho feito pelos jornalistas Andréa Michael e Wladimir Gramacho, revelando a existência de caixa-dois na campanha da reeleição de FHC em 98, soou como um discurso ensaiado de véspera.

    Tanto aliados do presidente como seus opositores, fossem ouvidos onde estivessem, aqui, na capital, ou em seus Estados, tinham reações praticamente idênticas. Cada grupo ao seu gosto.

    Entre os governistas, todos em defesa de Fernando Henrique Cardoso. Do lado da oposição, ninguém saiu em defesa apaixonada de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o caixa-dois tucano.

    Quando uma denúncia estoura na capital do país, normalmente o que se vê é governista aproveitando para dar umas estocadas no governo, fazer umas ameaças, para depois cobrar a fatura. Desta vez, ninguém destoou. Nem PFL, nem PMDB. Afinal, sabem muito bem, eles têm talvez até mais experiência do que os tucanos quando o assunto em questão é caixa-dois.

    Entre os partidos de oposição, até se ouviu falar de uma CPI. Mas interessante que todos, todos sem exceção, já falavam nela como algo impossível. Daí, então, diziam, melhor não enveredar por esse caminho, melhor seguir os caminhos institucionais.

    Engraçado, em outras ocasiões a tática da oposição seria a de sempre. Defender uma CPI, armar um circo em sua defesa, começar a coletar assinaturas para sua criação, fazer tudo isso mesmo sabendo que ela é impossível.

    Depois, acontecendo o que já sabiam há muito, espalharem pelos quatro cantos da capital que o governo, mais uma vez, usou seu rolo compressor para abafar mais uma investigação decente.

    Afinal, o que está por trás desta reação quase tímida da oposição e bem ensaiada dos aliados do presidente FHC? No fundo, duas coisas. Todo mundo tem caixa-dois nesse país. Alguns, gigantescos. Outros, um pouco menor.

    E todos, todos realmente, não querem abrir uma investigação que possa acabar colocando no banco dos reús os doares de campanha, aqueles que financiam seus sonhos políticos. Seria algo como secar a fonte.

    Não tenha dúvida, caro leitor. Os grandes financiadores de campanha fazem contribuições tanto para governistas como para a oposição. Dão mais para quem está no governo, menos para quem tem menos chances de chegar lá. Mas não deixam de dar.

    É bom lembrar que estamos a menos de dois anos de uma eleição presidencial. Os candidatos sabem que esta promete ser uma eleição bastante disputada. E sem dinheiro ninguém consegue eleger um presidente neste país.

    Não que a oposição vá deixar de defender uma investigação do Ministério Público sobre a existência do caixa-dois tucano. Vão. Mas sem muito esforço. Vão tentar mais arranhar a imagem de FHC com o episódio do que questionar o dinheiro ilegal que as empresas pingaram, ou melhor, jorraram no caixa tucano em 98.

    Tomara que o episódio de hoje sirva para que o Brasil discuta seriamente um sistema decente de financiamento de campanha.

    * Se você quiser dar uma olhada na planilha elaborada pelo comitê financeiro da campanha de FHC, pode fazer isso acessando o Folha Online. Abaixo, a relação das doações que não foram declaradas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) segundo a planilha obtida pela Folha.

    CAIXA-DOIS/TABELA
    Veja a relação das doações que não foram declaradas ao TSE:

    Andrea Matarazzo
    Queiroz Galvão
    Petroquímica União
    Bozano, Simonsen
    Usiminas/Cosipa
    Transp Urbano Rio
    Transroll - Porto Santos
    Arisco
    Fischer-Citrosuco
    Constran
    Sadia
    Xerox do Brasil
    Glaxo-Welcome
    Nec do Brasil
    Metalnave
    BankBoston
    DPZ
    Empresa Construt. Brasil
    Vasp
    Panco
    Espírito Santo ­ Boa Vista
    Atlântica Emp.
    General Motors
    Victory Italiano
    Magnesita
    J. Macedo
    Agnelo Pacheco
    Papirus
    Dako-GE
    Saint Gobain
    Construtel
    Publicis
    SMP&B
    Nely Jafet
    R$ 3 milhões
    R$ 500 mil
    R$ 500 mil
    R$ 500 mil
    R$ 500 mil
    R$ 500 mil
    R$ 500 mil
    R$ 400 mil
    R$ 360 mil
    R$ 300 mil
    R$ 300 mil
    R$ 300 mil
    R$ 200 mil
    R$ 200 mil
    R$ 200 mil
    R$ 200 mil
    R$ 200 mil
    R$ 150 mil
    R$ 150 mil
    R$ 100 mil
    R$ 100 mil
    R$ 100 mil
    R$ 100 mil
    R$ 100 mil
    R$ 100 mil
    R$ 100 mil
    R$ 100 mil
    R$ 60 mil
    R$ 50 mil
    R$ 50 mil
    R$ 50 mil
    R$ 50 mil
    R$ 50 mil
    R$ 50 mil




    Valdo Cruz, 40, é diretor-executivo da Sucursal de Brasília da Folha de S.Paulo
    escreva para Valdo Cruz: valdo@uol.com.br



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