Apresentação
É vontade do povo brasileiro
mudar muitas coisas na vida de nosso país. Entre elas
a questão do emprego tem assumido proporções dramáticas.
A persistência da exclusão dos jovens da formação
educacional integral e da oportunidade de trabalho
tem sido razão fundamental para a elevação da criminalidade.
É cada vez mais freqüente encontrar, no mudo do crime,
o jovem nas duas pontas; a do executor e o da vítima.
Que futuro pode ter uma nação
que condena gerações à completa desesperança? Mas
não são só os jovens. Não há qualquer esforço nacional
que vise alterar a situação dos negros na questão
da renda e do trabalho.
Os trabalhadores de mais idade
vivem a total insegurança. É cada vez mais difícil
encontrar um novo trabalho após os 40 anos. Numa fase
de grande produtividade o trabalhador é simplesmente
descartado. No caso das mulheres, se é verdade que
nestas últimas décadas a conquista do mercado de trabalho
avançou amplamente, também é verdade que o s desníveis
salariais são a regra.
Para os que trabalham resta a
insegurança. A perda de renda e a persistente ameaça
de um dia voltar para casa com o constrangimento de
demissão.
É por isso que, de todas as prioridades,
a necessidade de crescer e gerar empregos é a mais
urgente. Com Lula na presidência, esta questão estará
sobre sua mesa de trabalho, todos os dias, todos os
anos. Sabemos que para Lula este é, antes de tudo,
um compromisso de vida.
O presente trabalho não é resultado
de um estudo isolado. Mas de uma longa jornada de
trabalho, de pesquisas e experiências de lideranças
populares, sindicais e acadêmicas de nosso país. É
resultado também de amplas consultas e entidades civis
e religiosas e de associações de trabalhadores e de
empresários, com as quais dialogamos nestes últimos
meses.
Mas sabemos que
os objetivos aqui descritos só serão realizáveis se
envolverem o esforço de todo o país, de todas as sua
lideranças. Enfrentar o desafio do crescimento e do
emprego é abrir um caminho socialmente justo para
o futuro do Brasil.
Antônio Palocci
Filho
Coordenador do Programa de Governo
Índice
Apresentação 3
1. Período
FHC: a macroeconomia do desemprego 6
2. Um
Desenvolvimento Sustentável e Solidário 8
3. Plano
Nacional de Emprego e Trabalho 9
a) Reforma Agrária
10
b) Política Agrícola
e de Fortalecimento da Agricultura Familiar 10
c) Estímulo ao
Empreendedor Rural 11
d) Investimentos
em infra-estrutura 12
e) Habitação popular
12
f) Sistema Público
de Emprego e Trabalho 13
g) Políticas de
Redistribuição da Renda 14
h) Inserção Social
15
i) Programa de
Estágios e 1º Emprego para Jovens 16
j) Formalização
de Empresas e Emprego 17
k) Estimulo à Indústria
do Turismo 17
Anexo: Os 13
Desafios Principais e Estratégias Propostas
1 - O
baixo crescimento da economia tem ampliado o desemprego
20
2 - Só o
crescimento da economia de 5% ao ano não será suficiente
para gerar todos os postos de trabalho necessários
20
3 - Abertura
indiscriminada da economia nos anos 1990 cortou 2
milhões de empregos 21
4 - Os
juros altos prejudicaram o crescimento econômico e
a geração de empregos, contribuindo para a perda de
milhões de postos de trabalho 21
5 - O
processo de privatização no setor público implicou
no corte de milhares de empregos 22
6 - Há 2,5
milhões de crianças e adolescentes com menos de 16
anos no mercado de trabalho 22
7 - Há 3,2
milhões de idosos com mais de 60 anos no mercado de
trabalho 23
8 - A
taxa de desemprego de jovens de 16 a 24 anos é superior
a 25% 23
9 - A
retomada do crescimento econômico poderá ampliar o
exôdo dos trabalhadores rurais para os centros urbanos
24
10 - As
pessoas com mais de 40 anos e as discriminadas por
origem, sexo, raça e por serem portadores de necessidades
especiais têm muita dificuldade para retornar ao trabalho
24
11 -
O tempo médio de procura de um emprego é de 12
meses e a cobertura máxima do seguro desemprego de
5 meses 25
12 -
As mudanças estruturais na década de 90 geraram
um novo contingente de excluídos que não serão incorporados
apenas por políticas de crescimento econômico 26
13 -
A queda da renda familiar nos últimos anos tem
contribuído parao aumento da pressão sobre o mercado
de trabalho, devido à entrada precoce de jovens e
permanência de pessoas com mais de 60 anos 27
Expediente 29
1 - Período
FHC: a macroeconomia do desemprego
Passados quase
oito anos, o período FHC lega ao país a avassaladora
e trágica realidade do desemprego, do desassalariamento
e da precarização das condições e relações de trabalho,
que sacrifica milhões de trabalhadores e suas famílias,
hipotecam o futuro dos jovens e torna insegura a vida
dos mais velhos.
A permanência desse modelo resultou
na baixa expansão da produção, que cresceu apenas
2,3% ao ano, em média, durante o governo FHC. Deixaram
de ser criados milhões de postos de trabalho que resultariam
de uma taxa de crescimento compatível com as exigências
ditadas pelos enormes desequilíbrios sociais existentes
no Brasil.
O desemprego atingiu cerca de
11,4 milhões de trabalhadores brasileiros em 20001,
considerada apenas a sua face mais visível, o desemprego
aberto. No entanto, esse número não revela a verdadeira
dimensão do problema. A condição de desemprego fica
muitas vezes oculta, na medida em que os trabalhadores
realizam atividades de natureza informal e temporária
ou assumem uma inatividade forçada, devido à ausência
de um seguro-desemprego mais amplo e de uma rede de
proteção social universal.
Além disso, os trabalhadores
ocupados vivem condições de trabalho cada vez mais
precárias, nos últimos anos. Segundo a PNAD/IBGE,
a participação dos empregos precários - conta-própria,
sem carteira e sem rendimentos (geralmente sem acesso
à legislação trabalhista e previdenciária) - elevou-se
de 46,2% para 57,6% de 1989 a 1999, totalizando cerca
de 40 milhões de trabalhadores. Já o tempo efetivo
de trabalho ampliou-se, alcançando 45 horas por semana,
em média. Cerca de 27 milhões de brasileiros - 37%
da mão-de-obra ocupada - trabalham acima do teto constitucional.
Quanto ao rendimento do trabalho,
além de ter persistido a situação que coloca o Brasil
como um dos campeões mundiais da desigualdade na distribuição
de renda, nos últimos cinco anos a renda média real
do trabalho despencou cerca de 28% para os ocupados
e 20% para os asalariados.
É flagrante que a população negra
está concentrada nas mais baixas faixas de renda,
de menor escolaridade, nas piores ocupações e detém
maior participação proporcional no contingente de
desempregados.
Os jovens são afetados duramente
por essa dramática realidade. . Os jovens enfrentam
enormes dificuldades para ingressar no mercado de
trabalho e 25% dos que ocupam a faixa de 16 a 24 anos
encontram-se desempregados.
Sem emprego, sem escola e sem
perspectiva de futuro, os jovens perdem a esperança
e tornam-se presa fácil da violência, do crime organizado
e das drogas.
As pessoas de meia idade, à medida
que se aproxima a velhice, buscam manter-se a duras
penas no mercado de trabalho, ou porque os valores
de seus benefícios de aposentadoria são irrisórios,
ou porque simplesmente ficaram sem direito à ela.
O desemprego se expandiu em direção
a segmentos até então considerados privilegiados.
Ainda que penalize de forma mais significativa as
mulheres, os jovens, os negros e os trabalhadores
com menor qualificação, o desemprego é hoje um fenômeno
que atinge também a classe média e grupos com maiores
níveis de qualificação e ensino. Atingidos por cortes,
os indivíduos retornam ao mercado de trabalho através
de formas mais precárias, como consultores ou autônomos,
freqüentemente com rendimentos inferiores às situações
anteriores.
Constituindo um problema que
se estende por todo o Brasil, o desemprego se acentua
gravemente nas regiões metropolitanas, onde estão
40% dos desempregados.
Essa trágica realidade é a demonstração
explícita da incompatibilidade existente entre a política
econômica adotada nestes oito anos e os anseios do
povo brasileiro, que clama por crescimento econômico,
geração de empregos de qualidade, distribuição de
renda e inserção social.
A abertura indiscriminada da
economia e a sobrevalorização da moeda nacional, até
o colapso cambial de 1999, quebraram cadeias produtivas
construídas ao longo de décadas, desmobilizando e
queimando investimentos e empregos nos setores industriais
e agropecuários. A política de taxas de juros elevadas
e instáveis vem corroendo os estímulos aos investimentos
produtivos das grandes empresas e inviabilizando as
micro e pequenas, o que gera brutal desperdício de
empregos.
Caracterizou-se no período do
atual governo uma verdadeira macroeconomia do desemprego
e da informalidade nas relações de trabalho. Emprego
de baixa qualidade substituem os de boa qualidade,
em uma trajetória regressiva que traz altos custos
sociais como decorrência da elevada perda fiscal inerente
à dinâmica da informalidade econômica.
2 - Um Desenvolvimento
Sustentável e Solidário
O programa "Mais e Melhores Empregos-2002"
é peça integrante essencial de um novo modelo de desenvolvimento
para o Brasil, que tem como eixo o social e recusa
o conformismo fatalista e o imobilismo social dos
últimos anos.
O novo modelo de desenvolvimento
terá como eixo as seguintes prioridades:
a) inclusão de 53 milhões de
brasileiros, que sobrevivem em condições de extrema
precariedade, sem acesso aos bens e serviços essenciais
a uma vida digna;
b) criação de novos empregos
numa escala capaz de responder ao desafio representado
pelo contingente atual de milhões de desempregados
e dos jovens que ingressam no mercado de trabalho
a cada ano;
c) preservação e ampliação do
direito ao trabalho e à proteção social de milhões
de assalariados, pequenos e médios produtores rurais
e urbanos, inativos de baixa remuneração e jovens
que buscam ingressar no mercado de trabalho;
d) universalização dos serviços
e direitos sociais básicos, com a elevação progressiva
da qualidade do atendimento prestado e o crescente
envolvimento da população na sua gestão;
e) cumprimento das garantias
constitucionais aos portadores de necessidades especiais.
Alcançar tais objetivos exigirá
um persistente esforço de crescimento econômico sustentado,
envolvendo um profundo redirecionamento dos gastos
públicos, a adoção de políticas arrojadas de indução
do capital privado a investir na produção, e a democratização
dos direitos de propriedade, no campo e nas cidades,
inclusive através do fomento da economia solidária.
Implicará também elevar progressivamente o piso de
remuneração da força de trabalho, para transformar
o Salário Mínimo em um rendimento básico compatível
com a satisfação das necessidades essenciais de uma
família.
Nosso governo trabalhará com
absoluta prioridade para criar estas condições. Esse
programa só se realizará se for tomado como um desafio
para toda a sociedade brasileira.
3 - Plano
Nacional de Emprego e Trabalho
A recuperação do
direito ao trabalho é o maior compromisso do nosso
Programa de Governo. Para que esse objetivo seja concretizado,
é fundamental assegurar as condições econômicas para
um crescimento do PIB, em média de 5% ao ano, além
de serem implementadas ações voltadas especificamente
ao multiplicador de empregos. A elevação dos fatores
de multiplicação de empregos pode ser garantida através
de um novo padrão de gasto público e de mudanças institucionais
envolvendo a regulamentação da jornada de trabalho
e das horas extras.
A tabela abaixo representa uma
simulação baseada nas necessidades de novos postos
de trabalho para o próximo período, levando em conta
índices necessários de crescimento, medidas legais
e de investimento dirigidas à ampla geração de empregos.
Efeitos Geração
de Postos de Trabalho(2003 a 2006)
· Crescimento de
5% do PIB ao ano (1) · 5,33 milhões
· Fatores de multiplicação
dos Empregos(2) · 4,67 milhões
a) redução da jornada
de trabalho e horas extras 3,20 milhões
b) padrão de gastos
públicos 1,47 milhões1
· Efeito Total · 10
milhões de empregos (*)
Além disso a consecução de um
ousado programa de elevação sustentada do nível e
da qualidade dos empregos no Brasil, que o presente
Plano Nacional de Emprego e Trabalho orienta, será
assegurada através do concurso convergente das metas
setoriais a serem alcançadas em pelo menos onze grupos
de políticas específicas que despontam como prioritárias
e inadiáveis. Esse conjunto de medidas e programas
permitirá estabelecer um crescente circulo virtuoso
de distribuição de renda, crescimento do mercado interno,
aumento da produção agrícola e industrial e a ampliação
dos postos de trabalho.
(1) Elasticidade emprego do PIB
estimada 0,4
(2) Os fatores de multiplicação
dos empregos estão aqui associados às mudanças institucionais
na economia, como a redução da jornada de trabalho
para 40 horas semanais e no padrão de gastos públicos.
Estes últimos serão reorientados para atividades com
maior multiplicador de empregos, conforme os conceitos
estabelecidos por Kahn e Keynes.
a) Reforma Agrária
A reforma agrária
é política estratégica para enfrentar a crise social
e fomentar a agricultura familiar e a economia solidária.
A aceleração do processo de reforma agrária é fundamental
para aumentar o emprego na agricultura e proporcionar
segurança alimentar aos brasileiros.
Sem prejuízo de
outras formas que possam ser utilizadas em situações
determinadas, o instrumento central de obtenção de
terras para a reforma agrária será a desapropriação
por interesse social. A elevação da eficácia da reforma
será alcançada, também, através da ampliação da participação
dos beneficiários em todas suas fases e da implantação
de esquemas de financiamento e comercialização que
contribuam para viabilizar economicamente as unidades
produtivas criadas.
A reforma agrária constitui uma
peça fundamental do Plano Nacional de Emprego e Trabalho,
na medida em que, ao contrário dos países industrializados,
que possuem entre 2% e 5% da população ocupada no
campo, o Brasil ainda tem, pelo menos, 21% de sua
mão-de-obra no meio rural.
b) Política Agrícola e de Fortalecimento
da Agricultura Familiar
A ampliação da
produção de alimentos será garantida também por uma
política agrícola dirigida ao binômio agricultura
familiar/agricultura organizada em bases empresariais.
Financiamento, transporte, armazenagem
e apoio técnico devem ser mobilizados com eficiência
e rapidez, levando-se em conta que a agricultura fornece
resultados a curto prazo, permitindo o baratear o
custo de vida e gerar renda e emprego no campo, além
de produzir excedentes para as exportações, atendendo
às urgentes necessidades de redução da vulnerabilidade
externa do Brasil. O incentivo planejado à agricultura
empresarial tem enorme potencial gerador de empregos.
O fortalecimento da propriedade
familiar visa a melhorar as condições de trabalho
e renda de 2,1 milhões de famílias exclusivamente
agrícolas, que residem no campo e trabalham a terra
por conta própria, e de 842 mil famílias rurais pluriativas
cujos membros combinam atividades agrícolas e não
agrícolas. Quase todas essas famílias funcionam em
regime de economia familiar, abrigando, no total,
cerca de 13,8 milhões de pessoas.
c) Estímulo ao
Empreendedor Rural
Trata-se de garantir
financiamento e introduzir novos programas de qualificação
e requalificação de mão-de-obra rural estimulando
as populações locais que abrirem seus próprios negócios,
Sendo possível exemplificar com pelo menos cinco tipos
de empreendimento:
· Firmas prestadoras de serviços
para a agricultura: unidades com especialização
em determinadas práticas de cultura, processos de
embalagem e distribuição à rede varejista, entrega
de produtos a domicílios, etc.
· Unidades rurais que prestam
serviços de lazer agregados à produção agropecuária,
tais como, pousadas, pesque-pagues e balneários.
· Criação e/ou exploração
de "nichos" do mercado local para produtos orgânicos
ou hidropônicos, animais e plantas nativas ou exóticas,
floricultura e plantas ornamentais agroindustrias
domésticas como as que se dedicam ao processamento
de produtos artesanais.
· Constituição de associações
e cooperativas de agricultores familiares para
organização da produção agropecuária e outras atividades
não-agrícolas voltadas ao mercado local.
Tal estímulo ao empreendimento
rural e à produção familiar, incluindo crédito para
investimento para a tecnificação dos estabelecimentos
agropecuários operados por essas famílias, incluindo
seu acoplamento a agro-indústrias locais e regionais,
produzirá um grande potencial de geração de trabalho.
d) Investimentos
em infra-estrutura
Para que o crescimento
médio do PIB brasileiro de 5% ao ano se sustente,
será imprescindível remover os gargalos que hoje limitam
as possibilidades dessa expansão., Destaca-se a inadiável
necessidade de recuperar a infra-estrutura nacional,
como no caso do setor de transportes rodoviário e
ferroviário. Há, também, o imperativo da ampliação
do parque gerador de energia elétrica.
Conforme levantamentos
da CNI em fontes oficiais e empresariais, a estimativa
das necessidades de investimentos em setores selecionados
da infra-estrutura chega a R$ 39 bilhões por ano,
nos próximos quatro anos: energia elétrica, R$ 13,8
bilhões/ano; petróleo e gás, R$ 11,3 bilhões; ferrovias,
R$ 3 bilhões/ano; transporte rodoviário, R$ 4,5 bilhões/ano;
hidrovias R$ 2 bilhões/ano, sistema portuário R$ 460
milhões/ano e saneamento básico, R$ 4 bilhões/ano.
Fonte: CNI (2002).
Além disso, será preciso retomar
os investimentos em saneamento básico e ambiental.
No caso das telecomunicações, as restrições que inibiam
dramaticamente a oferta de serviços foram superadas,
mas persistem os problemas causados pelo modelo adotado,
que implicou em forte dependência externa.
Os investimentos públicos e o
estímulo aos investimentos privados nas áreas de infra-estrutura,
ao lado de contribuírem estrategicamente para o crescimento
da economia, constituem requisitos essenciais do desenvolvimento
econômico sob critérios básicos de equidade, além
de representarem uma das fontes mais relevantes para
a geração dos novos empregos.
e) Habitação Popular
O direito à moradia
digna será estabelecido como uma prioridade nacional
do novo governo de modo a criar as bases para a solução
do déficit habitacional brasileiro no médio prazo.
Mesmo sob os restritivos marcos
atuais da economia brasileira, há possibilidade segura
de promover avanços consideráveis na ampliação da
oferta de moradias dignas para famílias de baixa renda
e na reconstrução das nossas cidades. Apenas com os
recursos do FGTS, se estima que poderão ser disponibilizados
anualmente cerca de R$ 4,5 bilhões, somente com o
resultado das aplicações anteriormente realizadas,
maior que a média de alocações que vem sendo anualmente
mantida pela Caixa Econômica Federal.
Com investimentos iniciais da
magnitude apontada levando em conta a perspectiva
de aumento dos recursos para o financiamento habitacional
com a retomada do crescimento econômico, é certo que
os investimentos em habitação popular darão uma extraordinária
contribuição para a geração de renda e emprego. Além
disso é possível e desejável o estímulo ao investimento
privado neste setor, que tem grande tradição empreendedora
no país.
Estima-se que o setor da construção
civil como um todo seja responsável por 13,5 milhões
de empregos, dos quais 3,5 milhões diretos, 2,2 milhões
indiretos e 7,8 milhões induzidos. Na construção civil,
o coeficiente entre o número de empregos criados e
o valor do investimento está entre os mais elevados.
Além disso o impacto de um programa como este no equilíbrio
das contas externas é muito pequeno, dado a extensa
nacionalização da cadeia produtiva da habitação.
f) Sistema Público de Emprego
e Trabalho
As políticas associadas
a um sistema público de emprego, incluindo o seguro-desemprego,
a intermediação de mão-de-obra, a formação e requalificação
profissional, apesar do amplo espaço aberto para seu
desenvolvimento pela Constituição de 1988, que as
dotou de uma fonte estável de recursos — o FAT — encontram-se
hoje atomizadas e sem uma articulação capaz de criar
orientações e possibilitar efetiva descentralização.
O descaso do atual governo para
com as políticas de emprego se revela também na forma
como tratou suas fontes de recursos. Parte significativa
desses recursos (mais de R$ 2 bilhões anuais) foi
absorvida pela DRU - Desvinculação das Receitas da
União. Com isso, o FAT deixou de aplicar na geração
de empregos e passou a acumular déficits sucessivos,
colocando em risco o patrimônio dos trabalhadores
e o alcance das políticas a eles dirigidas.
O seguro-desemprego cobre apenas
os trabalhadores do setor formal da economia. Com
o crescimento do emprego informal, os desempregados,
cada vez mais, deixam de ter como sua última ocupação
um emprego com carteira assinada. Perdem, portanto,
direito a esse benefício.
Cabe reformular profundamente
os critérios para a concessão do seguro-desemprego,
aumentando sua cobertura e melhorando sua eficácia,
de forma a garantir condições dignas de vida aos trabalhadores
que perdem seu emprego.
Ao mesmo tempo, é preciso constituir
a estrutura de financiamento de um programa de garantia
de renda aos desempregados do setor informal, de caráter
assistencial.
A política de qualificação e
requalificação precisa ser integrada com as políticas
de educação básica, sem o que seu foco estará sempre
deslocado. O sistema "S" (SENAI, SENAC, etc.), hoje
gerido exclusivamente pelos empresários e atuando
de maneira setorial, deve ser democratizado e incorporado
a um programa nacional de qualificação profissional,
envolvendo tanto organismos governamentais como não
governamentais.
O novo sistema público de emprego
será constituído por uma rede nacional de agências
públicas para atender ao trabalhador, assegurando
a obtenção do seguro-desemprego, o acesso às vagas
do mercado de trabalho, à qualificação e à carteira
de trabalho.
g) Políticas de
Redistribuição da Renda
O Brasil continua
sendo um dos campeões em desigualdade na distribuição
da renda no mundo. Segundo os dados da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios do IBGE, os 10% mais ricos
concentram cerca de 50% da renda nacional.
Dois objetivos básicos devem
fundamentar as ações governamentais no âmbito das
políticas redistributivas de renda. O primeiro objetivo
diz respeito aos estímulos institucionais à elevação
do nível de remuneração dos ocupados. Isto significa
rever os mecanismos que garantem as bases do rendimento
dos ocupados: legislação sobre o salário mínimo, participação
nos lucros e resultados, salário família, regime de
tempo de trabalho e dos preços mínimos definidos aos
micro e pequeno produtores rurais.
A recuperação do valor do salário
mínimo é um imperativo fundamental, tendo em vista
o seu potencial de alteração do perfil distributivo
da renda nacional. A valorização do salário mínimo
contribuirá efetivamente para diminuir a pobreza.
Além disso, ao gerar poder de compra para amplas camadas
da população, cerca de 30% dos ocupados, novos consumidores
são incorporados ao mercado de consumo, contribuindo
para a criação de postos de trabalho em toda a rede
de produção e abastecimento de bens e serviços.
Dobrar o poder de compra do Salário
Mínimo ao longo dos 4 anos de mandato é a meta do
novo governo. Isto significa que a superação dos obstáculos
para a realização dessa meta será perseguida através
da mobilização dos recursos necessários a esse fim,
com firmeza e criatividade, sem deixar de seguir um
curso responsável, traduzidos por avanços graduais
e previsíveis. A elevação do salário mínimo é exigência
de uma sociedade democrática que deseja ingressar
no século XXI com crescimento, estabilidade e solidariedade.
O segundo objetivo se refere
às ações institucionais para combater o ingresso antecipado
no mercado de trabalho e permitir condições dignas
de aposentadoria aos que se mantêm no mercado de trabalho
após atingir a idade limite. Em resumo, cabe melhorar
qualitativamente a transição do sistema escolar para
o sistema produtivo e garantir a transição do trabalho
para a inatividade com renda digna.
h) Inserção Social
Merecem destaque,
como objetivo do novo governo, três principais ações
básicas integradas e articuladas como políticas redistributivas
de enfrentamento das condições gerais de produção
e reprodução da exclusão social no Brasil.
A primeira ação básica diz respeito
à difusão de um amplo programa de capacitação de médio
e longo prazos, voltado tanto para ocupações de natureza
assalariada, autônomas e de coletivos de trabalhadores,
como para o chamado terceiro setor, tais como atividades
comunitárias e de utilidade pública. É urgente rever
em profundidade o atual modelo de qualificação profissional,
que, além de operar de maneira desarticulada entre
as diversas instituições responsáveis (sistema "S",
Ministérios do Trabalho, Educação e Ciência e Tecnologia,
Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, Tecnologia
e Trabalho, entre outros), compreende disfuncionalidades
que resultam em baixa eficiência.
A segunda ação básica do governo
corresponderá à formulação de um consistente estatuto
jurídico para conceder vazão às iniciativas de pequenos
e micro empreendimentos, especialmente aqueles situados
no âmbito da chamada economia solidária. Destaca-se,
nesse campo, o objetivo de priorização, sempre que
possível, nas compras públicas, dos produtos e serviços
oferecidos por micro e pequenos empreendimentos, especialmente
cooperativas de trabalhadores.
Há necessidade também, de alterar
dispositivos do atual código de trabalho, procurando
adequá-los à novas formas ocupacionais que decorrem
da economia solidária e que ainda se encontram sem
parâmetros legais satisfatórios. Dentro desse objetivo,
cabe realçar a necessidade de coibir radicalmente
a difusão de "coopergatos", entre outras formas de
exploração cruel do trabalho.
A terceira ação básica se refere
à constituição de uma ampla rede de financiamento
e de desenvolvimento e transferência de tecnologia,
dirigida especificamente ao pequeno e micro empreendimentos.
Dentro da estratégia de difundir o microcrédito, no
âmbito dos conhecidos "banco do povo", assume relevância
a ação governamental para assegurar financiamento
desburocratizado e de baixo custo, especialmente ao
segmento social que busca fugir da exclusão.
Assume também relevância a constituição
de um amplo programa governamental direcionado à incubação
tecnológica, especialmente aos micro e pequenos empreendimentos,
por meio da formação de uma rede nacional de integração
entre os sistemas produtivo e de pesquisa e desenvolvimento
tecnológico.
i) Programa de
Estágios e 1º Emprego para jovens
A inserção de jovens no mercado
de trabalho deve ser uma preocupação do poder público.
O mercado tem reservado um espaço bastante limitado
ao jovem, em particular aos mais pobres e com menos
formação.
Neste particular é preciso um
enorme esforço de respaldar a juventude na sua preparação
para o mercado de trabalho prevendo-se:
- Políticas de distribuição de
renda para garantir a permanência na escola.
- Sistema de estágios comunitários
remunerados conbinados com estímulo à formação educacional
completa.
- Ampliar os sistemas de ensino
profissionalizante e os cursos de tecnologia.
- Criação do Programa 1º Emprego
para auxiliar a inserção do jovem no mercado formal
de trabalho.
j) Formalização
de Empresas e Empregos
O mercado informal teve grande
ampliação nos últimos anos. As restrições econômicas
e a voracidade da política tributária contribuíram
com essa expansão. A adoção do SIMPLES ajudou a estancar
esse processo mas não foi capaz de reduzir a informalidade.
Nosso governo deverá estabelecer
um fórum específico do mercado informal, buscando
mecanismos simplificados e criativos que permitam
a ampliação da formalidade dos pequenos empreendimentos
e do trabalho neles envolvido.
Este é um problema mundial e
tem exigido esforço de todos os governos. Este fórum
deve acompanhar as experiências de outros países e
criar novos estatutos e mecanismos para ampliar o
trabalho formal.
Todo trabalho feito neste segmento
terá importante repercussão na criação de trabalho
regular e nas contas da previdência, inserindo milhares
de trabalhadores no direito à previdência social.
k) Estímulo à Indústria
do Turismo
O turismo é hoje uma das principais
atividades de geração de novos empregos. O potencial
brasileiro para a ampliação do turismo é enorme. O
turismo ecológico, esportivo e cultural, além da oportunidade
dos pobres conhecerem seu próprio país. São possibilidades
concretas de valorização deste segmento.
O Brasil têm capacidade de ampliar
de forma crescente o turismo do visitante estrangeiro.
Além disso, o turismo de negócios tem sido importante
fonte de renda e de empregos em muitas cidades brasileiras.
Os 13 Desafios Principais
e Estratégias Propostas
1 - O Baixo Crescimento
da Economia Tem Ampliado o Desemprego
De 1995 até 2001,
a taxa média de crescimento da economia foi de 2,3%.
Como a população tem crescido a uma taxa de 1,3% ao
ano e a produtividade média da economia a 2,4%, a
média do crescimento do PIB nesse período deveria
ter sido de 4% para gerar empregos suficientes para
estabilizar a taxa de desemprego. O crescimento previsto
pelo FMI de 2000 a 2010 é de 4% em média, ao ano.
Em 2002, a taxa será menor que a média dos 7 primeiros
anos do período FHC. A queda do desemprego exigirá
taxas de crescimento do PIB superiores a 5% nos próximos
quatro anos.
Estratégia Proposta:
1 - Toda a política econômica
no período de 2003 a 2006 deve ser concebida para
viabilizar um crescimento médio de pelo menos 5%.
2 - Só o Crescimento
da Economia de 5% ao Ano Não Será Suficiente Para
Gerar Todos os Postos de Trabalho Necessários
Mesmo com as baixas
taxas de crescimento observadas nos últimos oito anos,
o avanço da produtividade tem sido substancial. Nos
anos de maior crescimento, 1994 e 1995, a taxa de
crescimento da produtividade foi 3,3% e chegou a 5%
em 1996. Como o crescimento do PIB tende a ser acompanhado
por um aumento da taxa de investimento, incorporando-se
novas tecnologias, a produtividade pode ter crescimento
substancial, reduzindo a capacidade de geração de
novos empregos.
Estratégias Propostas:
1 - Redução da jornada semanal
de trabalho fixada na Constituição para 40 horas,
sem redução de salários;
2- Redução das horas extras permitidas
pela lei;
3- Combate à imposição
ilegal de horas-extras não pagas.
4- Estimulo aos acordos setoriais
visando a manter e/ou elevar o número de postos de
trabalho, nas respectivas cadeias produtivas;
5- Promover programas
emergenciais de emprego, incluindo as frentes de trabalho;
3 - A Abertura
Indiscriminada da
Economia nos Anos
1990 Cortou 2 Milhões de Empregos
A abertura da economia
foi realizada sem qualquer planejamento, na ausência
de uma política industrial e sem diretrizes de comércio
exterior que impedissem a concorrência predatória
via dumping e que permitisse um processo de adaptação
dos setores econômicos mais vulneráveis à abertura.
Para piorar o quadro, a partir de 1994 aprofundou-se
a queda de tarifas de importação e praticou-se uma
insustentável política cambial. Esse processo gerou
a quebra de elos importantes da matriz industrial
e deprimiu a agricultura.
Estratégias Propostas:
1 - Realizar política
agressiva de promoção de exportações, incluindo medidas
tributárias, de financiamento e política de comércio
exterior;
2 - Promover políticas de incentivo
à substituição competitiva de importações;
3 - Adotar políticas
de salvaguardas, anti-dumping e de reciprocidade no
comércio exterior brasileiro, respeitando as regras
da OMC;
4 - Os Juros Altos
Prejudicaram o Crescimento Econômico e a Geração de
Empregos, Contribuindo Para a Perda de Milhões de
Postos de Trabalho
A política monetária
do Real foi sustentada através de taxas de juros altíssimas
e voláteis devido a vulnerabilidade da economia brasileira
à choques cambiais externos. Essa combinação de alto
custo financeiro e volatilidade gerou um ambiente
macroeconômico adverso para as decisões de investimentos,
deprimindo o setor de produção de bens de capitais
e a ampliação da capacidade produtiva, com graves
conseqüências no nível de emprego.
Estratégias Propostas:
1 - Criar condições macro-econômicas
e tributárias para redução sustentada da taxa de juro
básica e das taxas de juros de longo prazo (TJLP)
para criar condições mais favoráveis ao investimento
produtivo;
2 - Promover desoneração
da tributação excessiva sobre a formação de capital
fixo;
5 - O Processo
de Privatização no Setor Público Implicou no Corte
de Milhares de Empregos
O Programa Brasileiro
de Privatização foi realizado de forma completamente
desconectada de um plano estratégico de desenvolvimento
industrial. Os grupos privados que compraram as estatais,
sejam eles nacionais ou estrangeiros, promoverem demissões
em massa e atuaram intensamente no sentido de reduzir
direitos trabalhistas conquistados durante décadas.
Estratégias Propostas:
1 - Intensificar a ação fiscalizadora
das agências de regulação no sentido de exigir as
metas de investimentos e produção contratadas na privatização;
2 - Retirar obstáculos impostos
pela gestão da política econômica para os investimentos
das estatais.
6 - Há 2,5 Milhões
de Crianças e Adolescentes com Menos de 16 Anos no
Mercado de Trabalho
As características
perversas do desenvolvimento brasileiro geraram amplos
segmentos que vivem abaixo da linha de pobreza. As
famílias que estão nessa situação são compelidas,
pela falta de renda e de serviços públicos adequados
(escolas, creches, segurança pública), a colocar as
crianças no trabalho em idade precoce.
Estratégias Propostas:
1 - Transformar o programa nacional
de bolsa escola em uma efetiva transferência de renda
para as famílias pobres que mantenham suas crianças
na escola;
2 - Intensificar a fiscalização
realizada pelos Ministérios do Trabalho e da Justiça.
7 - Há 3,2 milhões
de idosos com mais de 60 anos no mercado de trabalho
O baixo crescimento
econômico, o aumento da informalidade na economia
e no mercado de trabalho têm retirado imensos recursos
do sistema de seguridade social do país. Como o governo
não combate a informalidade, suas ações tem sido no
sentido de aprofundar a queda do valor real das aposentadorias
e pensões para equilibrar as contas do sistema. Assim,
as pessoas com mais de 60 anos são compelidas a permanecer
no mercado de trabalho para completar a sua renda.
Estratégia Proposta:
1- Evitar a permanência prolongada
no mercado de trabalho com a construção de um regime
previdenciário sustentável e que garanta a aposentadoria
digna. Nesse sentido, é muito importante o estímulo
à previdência complementar.
8 - A taxa de desemprego
de jovens de 16 a 24 anos é superior a 25%
A queda da renda
familiar provocada pela relativa estagnação da economia,
a alta taxa de desemprego e a inadequação do sistema
de ensino tem implicado numa entrada de jovens no
mercado de trabalho superior à sua capacidade de absorção.
Estratégias Propostas:
1 - Criar Programa Nacional de
Incentivo à contratação de jovens com ensino médio
completo;
2 - Combater a evasão escolar
no 2o grau, garantindo bolsa escola ou programas de
estágio comunitário remunerado.
9 - A Retomada
do Crescimento Econômico Poderá Ampliar o Exôdo dos
Trabalhadores Rurais Para os Centros Urbanos
Há um êxodo rural contido pela
baixa capacidade de gerar empregos urbanos. O processo
de introdução de novas tecnologias na agricultura,
as secas recorrentes no Nordeste, a descapitalização
das pequenas propriedades, a concentração fundiária
e a concentração de renda tem ampliado o número de
trabalhadores desempregados e subocupados no campo.
Estratégias Propostas:
1 - Implantar um
Plano Nacional de Reforma Agrária;
2 - Implantar o
Programa Fome Zero;
3 - Criar uma política
de Desenvolvimento Rural que amplie o acesso à infra-estrutura
e aos serviços básicos;
4 - Ampliar as
políticas de apoio à agricultura familiar;
5 - Ampliar áreas
irrigadas para agricultura;
6 - Diversificar
a pauta de exportações, incentivando maior valor agregado
nos produtos agropecuários;
7 - Implantar uma
política nacional de apoio ao cooperativismo, especialmente
ao de crédito, produção e comercialização.
10 - As Pessoas
com Mais de 40 Anos têm Muita Dificuldade para Retornar
ao Trabalho
As empresas têm
adotado nos seus processos de reestruturação tecnológica
e organizacional a postura de que os jovens criam
menos obstáculos aos seus projetos de mudança. Desta
forma, demitem de modo sistemático as pessoas com
mais de 40 anos.
Estratégias Propostas:
1 - Implementar programas de
geração de emprego e renda orientados à reinserção
de trabalhadores com mais de 40 anos;
2 - Promover programas de combate
à discriminação no trabalho e no recrutamento de trabalhadores;
3 - Mudar a lei do seguro-desemprego
no sentido de ampliar a cobertura segundo faixas etárias;
4 - Ampliar e focar melhor os
programas de requalificação profissional.
5 - Implantar programas
que assegurem igualdade de oportunidades e ações afirmativas;
6 - Desenvolver
programas de profissionalização e geração de renda
para os membros de grupos excluídos.
11 - O Tempo Médio
de Procura de Um Emprego É de 12 Meses e a Cobertura
Máxima do Seguro Desemprego de 5 Meses
As baixas taxas
de crescimento da economia durante os anos 1990 reduziram
a capacidade de geração de empregos, chegando a ocorrer
períodos (1993 a 1997) em que o PIB cresceu e o emprego
caiu. Isso faz a procura por um emprego se prolongar
de forma acentuada. Não se trata apenas de um problema
da eficiência das agências de intermediação de mão
de obra, mas da falta de oferta de empregos.
Estratégias Propostas:
1 - Ampliar a multa do FGTS para
as empresas que apresentam índices de rotatividade
20% superior à média do setor, conforme prevê a Constituição
Federal de 1988;
2 - Ampliar a cobertura do seguro
desemprego para um mínimo de 8 meses, podendo chegar
a 12 meses nas regiões metropolitanas com taxas de
desemprego 40% superiores à média das regiões metropolitanas;
3 - Ampliar e fomentar os sistema
de intermediação de mão de obra via Internet;
4 - Estabelecer convênios com
entidades sindicais para operação de terminais públicos
de acesso ao sistema de intermediação via Internet.
12 - As Mudanças
Estruturais na Década de 90 Geraram Um Novo Contingente
de Excluídos Que Não Serão Incorporados Apenas por
Políticas de Crescimento Econômico
O mercado de trabalho
brasileiro sofreu uma regressão nos anos 90, com queda
do emprego formal e aumento significativo das atividades
de baixa produtividade, desprovidas de proteção social
e de organização sindical. Os incentivos ao crescimento
não serão suficientes para a inclusão desses segmentos.
Com o objetivo de promover a
mais ampla reforma na legislação trabalhista, o governo
convocará todas as entidades sindicais representativas
dos trabalhadores e empregadores a constituírem um
Fórum Nacional do Trabalho, estruturado de forma triparte.
Sua finalidade imediata será a de preparar, democraticamente,
as propostas de alteração da legislação atual. Dentro
do tempo previsto pelo governo, o Fórum Nacional do
Trabalho deverá apresentar suas propostas, que se
traduzirão num conjunto de Leis para modernizar a
atual Consolidação das Leis do Trabalho. Após a sua
aprovação pelo Congresso Nacional, essas leis passarão
a regulamentar o novo sistema de relações do trabalho.
O objetivo central desse processo é a melhoria da
qualidade do emprego e principalmente a ampliação
da formalização do trabalho, incorporando milhões
de trabalhadores ao mercado regulado de trabalho,
com reflexos importantes nas contas previdenciárias
e nos fundos públicos.
Estratégias Propostas:
1 - Instituir o Fórum Nacional
de Trabalho, de caráter tripartite e permanente, reconhecendo-se
as Centrais Sindicais como representantes legais dos
trabalhadores;
2 - Negociar no Fórum Nacional
de Trabalho a modernização da CLT.
13 - A Desigualdade
na Inserção das Mulheres no Mercado de Trabalho Permanece
As mulheres continuam
ingressando amplamente no mercado de trabalho (cerca
de 40% da força de trabalho é feminina) em posições
menos favoráveis e precárias quanto ao vínculo de
trabalho, à remuneração e à proteção social. Mas apesar
das crises, e do aumento do desemprego, são as mulheres
que mais têm aumentado sua presença no mercado de
trabalho. São ocupações tradicionais, como trabalho
doméstico, as atividades de serviço de cuidado das
pessoas e as de produção para consumo próprio ou da
família.
Estratégias Proposta:
1 - Desenvolver políticas universais
que tenham um grande impacto na vida das mulheres
trabalhadoras, como a fiscalização da contratação
com carteira de trabalho, direitos trabalhistas, política
de incentivo de acesso aos postos de trabalho e às
oportunidades de ascensão na carreira profissional;
2 - Desenvolver políticas de
ampliação de creches e pré-escolas públicas;
3 - Implantar o PAISM (Programa
de Atenção Integral à Saúde da Mulher) atualizado
e ampliado para além da saúde reprodutiva;
4 - Garantir a titulação conjunta
e o acesso das mulheres chefes de família e solteiras
à terra na Reforma Agrária e regularização fundiária.
Garantir o acesso das mulheres ao crédito e assistência
técnica;
5- Priorizar na
Política Habitacional a moradia em nome das mulheres
casadas não legalmente ou em regime de separação de
bens.
Coligação Lula
Presidente
Luis Inácio Lula
da Silva – Candidato à Presidente
José Alencar – Candidato
à Vice-Presidente
Partidos da Coligação
Partido dos Trabalhadores
(PT) – José Dirceu de Oliveira e Silva (Presidente)
Partido Comunista
do Brasil (PCdoB)- José Renato Rabelo (Presidente)
Partido Liberal
(PL) – Valdemar Costa Neto (Presidente)
Partido da Mobilização
Nacional (PMN) – Oscar Noronha Filho (Presidente)
Partido Comunista
Brasileiro (PCB) – Zuleide Faria de Melo (Presidente)
Comissão de Programa
de Governo
Coordenador
Antônio Palocci
Filho
Membros
Aloízio Mercadante,
Gilney Viana, Jorge Bittar, Luiz Dulci, Luíz Marinho,
Marcel Frison, Marcelino Pies, Marcelo Déda, Márcio
Meira, Marco Aurélio Garcia, Maria da Conceição Tavares,
Maria Victória Benevides (Ouvidora), Marina Silva,
Marta Suplicy, Matilde Ribeiro, Miguel Rossetto, Nelson
Pelegrino, Oded Grajew, Patrus Ananias, Ronald Rocha,
Tania Bacelar, Tarso Genro.
Convidados
Gilberto Carvalho,
Ivete Garcia, Newton Lima Neto, Ricardo Carneiro,
Ana Maria M. da Fonseca
Coordenação Executiva
Antonio Prado e
Clara Ant
Caderno Temático
do Programa de Governo:
Mais e Melhores
Empregos – 2002
Colaboradores
Antonio Palocci
Filho, Antonio Prado, Bernardo Gouthier Macedo, Carlos
Alberto Grana, Clara Ant, Heiguiberto Guiba Della
Bella Navarro, Jefferson da Conceição, João Antônio
Felício, Jorge Eduardo L. Mattoso, José Graziano da
Silva, Márcio Pochmann, Paulo Vannuchi, Pedro Paulo
Martoni Branco, Telma Feher
Capa:
Duda Mendonça
Diagramação:
Sérgio Gerber
Comitê Lula Presidente
Rua José de Magalhães,
340. São Paulo – SP - CEP 04026-090
Tel. (11)5908-6888
– Fax (11) 5908-6888 ramal 142
e-mails:
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Sítios Úteis
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