BÁSICO
LINKS
PARTICIPE
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Anexo VI
Representação que deputados federais
da bancada do Pará encaminharam ao Procurador-Geral da República
com denúncias contra Jader Barbalho.
|
|
|
Nota: No documento foram encontrados alguns erros, possivelmente
de digitação, tais como incongruências em datas
e folhas de numeração. O autor optou por preservar,
na íntegra, o original, já que não traz prejuízo
ao seu conteúdo.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Os infra-assinados, Deputados Federais da Bancada do Estado do
Pará, vêm, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, interpor a presente
R E P R E S E N T A Ç Ã O
contra o Senhor Jáder Fontenelle Barbalho, Governador
do Estado do Pará, pelos fatos adiante denunciados.
"A corrupção mata mais do que a peste
de ontem e a AIDS de hoje" ("O dinheiro sujo", Pierre Pean,
Paris, França).
O art. 129 da Constituição Federal de 1988,
especialmente no inciso III, estabelece como atribuição
institucional do Ministério Público a promoção
do inquérito civil e da ação civil pública
objetivando a proteção do patrimônio público
e social, bem assim os interesses difusos e coletivos.
Vossa Excelência não tem poupado esforços
no sentido de posicionar o Ministério Público como guardião
da sociedade brasileira, seu patrimônio, seus interesses.
Nesse sentido a representação que ora submeto
à consideração de Vossa Excelência, contra
o atual Governador do Estado do Pará, Sr. Jáder Fontenelle
Barbalho, a merecer toda a atenção do Ministério
Público, dado o repúdio com que a sociedade paraense vem
demonstrando face às denúncias de irregularidades administrativas
praticadas pelo Governador, no passado e no presente.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Não trago fatos nem rixas pessoais, submeto ao crivo do
Ministério Público as mesmas notícias, veiculadas
pelos jornais de grande circulação, que tanto tem afligido
e achincalhado a moral e porque não dizer, a paciência do
povo do meu Estado.
A situação não pode perdurar. Com
poucos anos de vida pública o Governador passou a deter uma das
maiores fortunas, não do Pará, mas do Brasil.
Como? É o que com o auxílio do Ministério
Público pretendemos descobrir.
O periódico "0 Liberal", de 2 de outubro
de 1990, à página 18, publica coluna do jornalista Laurênio
M. da Rocha, intitulada "Passarinho e Jáder", na qual
traça o perfil das personalidades envolvidas, culminando por apontar
a enorme disparidade verificada na comparação da renda auferida
em cargos públicos pelo Senhor Jáder Fontenelle Barbalho,
com o bilionário patrimônio pessoal amealhado na gestão
desses mesmos cargos públicos.
Eis a notícia (doc.1):
"Fui apresentado a um cidadão, ocasião
em que o intermediário informou-me que o mesmo tinha muito interesse
em me conhecer, pois admirava a coragem de minha posição
no programa de uma rádio.
Mas o seu interesse maior naquela ocasião era
para pedir que eu fizesse um protesto contra o jornalista Lúcio
Flávio, entendendo que em hipótese alguma o senador poderia
ser comparado com o Jáder. E desencadeou a paulada sobre a infeliz
idéia de misturar a moral de um contra a imoralidade do outro.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Evidentemente que tive as minhas cautelas com a revolta
do interlocutor, uma vez que conhecemos o destemor do Lúcio e também
a sua responsabilidade nas denúncias e nos comentários.
Tive em minhas mãos o exemplar do jornal nº
65 - Edição Especial 2° quinzena de setembro
de 1990, em que o Lúcio Flávio diz o seguinte: "O ex-governador
Jáder Barbalho, "CUJO CURRÍCULO
POLÍTICO" só tem paralelo, entre os
contemporâneos, com o do senador Jarbas Passarinho (antes inimigos
figadais, hoje amigos fidalgais)".
É lógico que o apresentado não entendeu
o que disse o Lúcio Flávio, pois não houve um paralelo
moral, o que seria impossível, mas sim político, O que disse
foi o seguinte: "O Jáder foi vereador, foi deputado estadual,
federal, governador, ministro da Reforma Agrária e da Previdência
Social. Jáder sempre foi político, ou melhor, funcionário
público temporário, porque os tais cargos são temporários.
Enquanto isto, Jarbas Passarinho foi militar até
ao posto de coronel e teria sido um dos mais brilhantes generais do Exército
se não tivesse ficado por mais de dois anos fora da caserna, foi
superintendente da Petrobrás no Pará, governador, ministro
do Trabalho, da Educação e da Previdência, senador
da República e presidente do Senado Federal, cuja eleição
foi inédita na história do Senado, com apenas um voto em
branco".
Como se nota, o paralelo se refere exclusivamente quanto
ao
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
exercício de cargo público político, ou seja,
de eleição e de nomeação e o currículo
do senador é muito maior, porque tem um Ministério a mais,
duas vezes senador, presidente do Senado e mais de 20 anos de Exército
e é proprietário de uma casa em Brasília. Na época
em que estive com ele, disse que era financiada.
Não possui, como se verifica, fazendas, rádios,
canais de TV, apartamentos e outros imóveis que o fazem dono de
uma fortuna amealhada em cargos públicos que não lhe permitiam
enriquecer.
Aliás, eu sempre disse e declaro mais uma vez
que funcionário público, CIVIL ou MILITAR, que enriquecer
na função, se não acertou na SENA pode ter a certeza
que ROUBOU. É ladrão na acepção da palavra,
isto porque o funcionário, inclusive o aposentado que se encontra
prejudicado por sua culpa, que ganha ordenado de função
pública, não pode nunca dizer que é rico só
com o dinheiro que lhe pagam os governos, porque esse dinheiro é
macho paca, não é preá para reproduzir rapidamente.
Quando eu vejo funcionário ou um militar da PM
rico e sem ter outra atividade, está roubando mesmo.
O exemplo mais evidente é o seguinte. O Diário
Oficial do Estado publicou todas as Leis que fixaram a "remuneração"
do ex-governador Jáder Barbalho, do ano de 1982 a 1986.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
l Pela Lei nº 5.02 1/82 de janeiro
a agosto, era Cr$ 190.000,00
mensal e mais representação de 30% Cr$
28.500,00
l De setembro/82 a fevereiro de 1983 era Cr$
275.500,00
mensal e mais representação de 30% Cr$
82.650,00
l Pela Lei nº 5.067/83
De março a agosto/83 era Cr$ 440.000,00
e mais representação de 30% Cr$ 132.000,00
De setembro/83 a abril/84 Cr$ 572.000,00
mensal e mais representação de 30% Cr$ 171.600,00
l Pela Lei nº 5.115/84
De maio a setembro/84 era Cr$ 858.000,00
mensal e mais representação de 30% Cr$ 429.000,00
l Pela Lei nº 5.162/84
De outubro/84 a março/85 Cr$ 1.287.000,00
mensal e mais representação de 80% Cr$ 1.029.600,00
l Pela Lei nº 5.214/85
De abril/85 a março/85 Cr$ 2.252.000,00
mensal e mais representação de 100% Cr$
2.252.000,00
l Pela Lei nº 5.277/85
De nov/85 a abril/86 Cr$ 3.941.438,00
mensal e mais representação de 120% Cr$
4.729.725,60
e mais 35% sobre esse total a título de GF Cr$ 3.034.904,26
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
l Pela Lei nº 5.313/86
De maio a novembro/86 Cr$ 6.306,30
mensal e mais representação de 140% Cr$ 8.828,82
e mais 50% de Grat. de função
sobre vence representação Cr$ 7.567,56
l Pela Lei nº 5.348/86
De nov/86 a março/87 Cr$ 6.306,30
mensal e mais representação de 200% Cr$ 12.612,60
e mais Grat. de função sobre esse
total Cr$ 9.459,45
Se o leitor multiplicar os meses recebidos vai verificar
que, durante quatro anos de mandato governamental, o Sr. Jáder
Barbalho não ganhou os TREZE MILHÕES DE DÓLARES com
os quais comprou a R.B.A. Digo esse valor porque foi assim que o jornal
de sua propriedade informou ao seu público.
Mas o Sr. Jáder ainda percebe uma gratificação
por haver exercido o cargo de governador do Estado. Alguém sabe
informar o quanto?
Outro leitor me disse que o Sr. Jáder mostrou
na TV a sua declaração de Imposto de Renda e que em 1962
adquiriu o controle acionário da TV do Grupo do Bernardino. Não
é verdade., porque, naquele ano, o Sr. Jáder tinha acabado
de ser eleito governador e o presidente da República era o general
Figueiredo, tanto que quando o presidente veio inaugurar a hidroelétrica
de Tucuruí, o Sr. Jáder esteve presente como governador
e eu, em pessoa, estive em Brasília com o presiden
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
te Figueiredo, acompanhando o senador Carlos Alberto e um empresário
de Belém, reivindicando o Canal 13,quando o Sr. presidente nos
declarou que não tinha um compromisso com o ministro Jarbas Passarinho,
que era o ministro da Previdência e que, numa demonstração
de seriedade, honestidade e coragem, moralizou a administração
da Previdência até com sacrifício de amigos.
Resta agora aos fiscais do Imposto de Renda se é
verdade que as declarações sofrem fiscalização
fazerem um exame, como foi feito nos Estados Unidos na escrita do Al Capone."
O artigo trouxe indignação ao povo do Pará
e expôs com toda clareza o que a "boca pequena" se dizia
por todo o Estado: Como é possível em tão pouco tempo
alguém fazer fortuna tão rápida mente, se o salário
nos cargos ocupados é baixo e não se tem notícia
de contemplação pela "sena" ou "Loto"?
Corrupção? Analisemos outras reportagens
recentemente publicadas, O mesmo "O Liberal", à página
17, dá algumas pistas na matéria "Qual é a fortuna
de Jáder?"
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
A reportagem expõe, verbis (doc.2):
"Desafiado pelo programa de Jáder Barbalho
no horário do TRE, a mostrar seu patrimônio, o candidato
do Partido da Mobilização Nacional exibiu, na televisão,
a sua Carteira Profissional e o seu contracheque do Banco do Brasil, completando
serem os 27 anos de funcionário no banco o seu patrimônio.
Levy acertou no alvo: Jáder, pelo que se sabe, jamais teve uma
Carteira Profissional, tanto que seus apaniguados inventaram ter ele,
Jáder, uma Carteira Profissional assinada pelo povo, mesmo sendo
isso impossível por ser o povo sempre explorado, jamais explorando
alguém.
A realidade, porém, é que Jáder,
sem qualquer emprego e somente com mandatos de vereador, deputado estadual,
deputado federal e de governador, além de curtas gestões
no Ministério da Reforma Agrária e no Ministério
da Previdência Social no governo Sarney, construiu um patrimônio
muitas e muitas vezes maior do que o proporcionado pelos 27 anos de banco
do candidato do PMN, justamente indignado com a desfaçatez de vir
o ex-deputado, ex-governador, ex-ministro desafiar os outros a mostrar
patrimônio quando ele esconde o dele, de todos os modos possíveis
e mediante os artifícios mais surpreendentes. Quando exibiu na
televisão partes apenas partes que interessavam de
suas declarações de bens prestados ao Imposto de Renda antes
de ser governador, Jáder reduziu o seu patrimônio a uma casa
no conjunto Bela Vista, na Rodovia Júlio César, a uma fazenda
Campos do Piriá em Vizeu e que já vendeu,
à Fazenda Poliana, e a 24 mil cotas da Rede Brasil Amazônia,
que adquiriu, já neste ano de 1990, do espolio de Jair Bernardino,
de quem muitos dizem ter sido tanto companheiro para articulações
políticas, como sócio
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
efetivo em mais de um negócio. Por exemplo, Jáder
é sócio quotista de uma firma "Granja Pará"
em Goiás, que era a terra natal e, também, de negócios
de Jair Bernardino. Jáder tem 400 cotas, nesse empreendimento,
às quais um corretor atribuiu um valor equivalente a Cr$ 40 milhões,
a preços de hoje. Não é pouca coisa.
A metade desconhecida
Não é fácil inventariar o patrimônio
de Jáder, o que talvez nem a esposa dele, dona Elcione meeira de
toda essa imensa fortuna, conheça. Principalmente por que
segundo os entendidos na contabilidade pessoal do ex-governador e ex-ministro
este jamais fez uma declaração completa de tudo quanto
possui. Basta um exemplo: pela televisão, revelou ele que tem cerca
de 24 mil cotas da RBA, quando já fez declaração
formal de que tem mais de 66 mil cotas dessa emissora, uma fortuna que,
na televisão, ele disse ter sido avaliada por procurador fiscal,
mas cujo valor efetivo ainda não disse em lugar algum. Os rumores
são de que a compra se fez por 13 milhões de dólares,
o que, pelo câmbio paralelo da semana passada, equivaleria a nada
menos do que hum bilhão e 144 milhões de cruzeiros, no padrão
monetário de hoje.
Como chegar a tanto dinheiro pago à vista, segundo
se diz?
Por que Jáder declara um número de cotas
quase três vezes maior do que o anunciado pela televisão?
Terá o ex-ministro, entre a declaração recentemente
feita e o anúncio no horário do TRE transferido cerca de
dois terços de todas essas cotas a sócios ocultos nessa
empreitada?
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
A evolução das espécies
Há coisas inusitadas, segundo revelam pessoas
que andaram manipulando declarações diversas que Jáder
já teve de fazer, inclusive por interesse pessoal e não
apenas por coação legal. Por exemplo, o ex-ministro tem
um saldo em conta do Bradesco de Nova York, mas de apenas 134 dólares,
talvez um saldo das muitas viagens que já fez aos Estados Unidos.
E suas jóias devem ser muito poucas e de valor pouco apreciável.
A poupança disponível é pequena, principalmente depois
do confisco do Plano Collor. E parece, até, que concentrou sua
fortuna em títulos ao portador, que, certa vez, declarou valerem
quase 9 milhões de cruzeiros.
O núcleo central de sua fortuna foi revelado pela
televisão. Das duas casas do conjunto Bela Vista, só resta
uma, mas as duas se multiplicaram inexplicavelmente, algo como a cissiparidade
que faz os protozoários os menores seres do universo
se reproduzirem em progressão geométrica. Isso explica a
evolução do universo. No universo particular da fortuna
de Jáder, explicaria continuar a ter ele, hoje, pelo menos uma
das duas casas da Júlio César e ter mais: uma cobertura
no edifício "Antônio Maria Fidalgo", na 9 de Janeiro
um dos espigões que ameaçam o Museu Emilio Goeldi;
outro imóvel perto deste, na esquina com a Magalhães Barata,
a antiga Estância Fidalgo e onde funciona o seu comitê eleitoral,
imóvel destinado ao Canal 10, já transferido para Carlos
Santos, em troca de mais duas casas na Padre Eutíquio e a Vila
Mendes, na mesma rua, tudo avaliado em mais de 31 milhões de cruzeiros
para efeito de pagamento de impostos, que se pretendia não pagar.
Ainda existem o prédio do jornal, na Gaspar Viana, objeto de uma
ação popular, e um imóvel. na Curuzu, no qual funcionam
suas rádios, e mais um imóvel à rua dos Mundurucus.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Para não fugir do biológico, uma verdadeira evolução
das modestas espécies do ainda modesto declarador de bens ao Imposto
de Renda de 1973, muito antes da inesquecível experiência
governamental. Hoje, sem conhecer detalhes de instalações,
decoração, equipamentos e mobiliário de tais imóveis
residenciais ou comerciais, esse patrimônio imobiliário vale,
resultado de uma avaliação por baixo, nada menos do que
260 milhões de cruzeiros.
Trata-se, porém, de um investimento, sem dúvida,
já que, do ponto de vista pessoal, como classificar alguém
que só tem um carro e, ainda assim, um modesto Voyage ano de 1989,
adquirido no ano, por Cr$ 700 mil? Pelo menos, é esse o único
carro que Jáder, ainda recentemente, declarou ter."
Na mesma página, outras matérias bem interessantes
sob os títulos "Atração pela Terra, tormento
e fortuna" e "A moda da calcinha da professora", dão
bem a dimensão do problema e que está a merecer minuciosa
investigação por parte do Ministério Público
Federal, verbis:
"As fazendas são o forte da vocação
de Jáder Barbalho e parecem ser uma atração fatal
para o ex-governador e ex-ministro, que não consegue se conter
diante de alqueires de terras que possa adquirir, ou desapropriar. No
início era uma só, a Campos de Piriá, que Jáder
quis fazer o público acreditar que, vendida possibilitou essa expansão
desmensurada. Em 1973, eram Piriá e já havia a Poliana de
Capim, segundo a declaração mostrada ao público.
Quando assumir o governo havia, também uma granja em Ananindeua,
cuja firma foi extinta ain
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
da quando .Jáder se encontrava no governo. Aí, o
patrimônio foi crescendo para dez, doze, um número realmente
não contestado nem confirmado de fazendas espalhadas pelo Estado.
Rigorosamente certo, Jáder tem, realmente, a Rio
Branco, em São Domingos do Capim e que ele enriqueceu com seringal
financiado por múltiplos Probor, cacauais, pimenta e gado de raça
e de corte e reprodutores. Hoje ele já vendeu borracha, recuperou
o cacau que foi queimado em um incêndio, vendeu uma boiada de mil
cabeças para fazer a boca de urna desta eleição e
se prepara para fazer funcionar uma indústria de queijo com o beneficiamento
de sua produção leiteira. Na Rio Branco, tem também
sua casa chamada de castelo pela vizinhança pobre,
dispõe de piscinas olímpicas, pistas de atletismo e pista
para jatinhos. Têm mais, confessadamente, a Poliana e a Chão
Preto, que incorporou à Rio Branco e uma fazenda Modelo, todas
elas com benfeitorias e que não podem ser avaliadas porque não
confessadas. Mas só em terra, das três dessas fazendas, Jáder
tem quase dez mil hectares, algo que o atormentou, na transição
do primeiro para o segundo turno da eleição presidencial,
pela expectativa de uma expropriação se, caso, Lula vencesse.
Trabalhou, então, para Collor e defendeu-se por outros meios que
hoje lhe desfalcam o patrimônio oficial, mas não lhe diminuem
a fortuna pessoal.
Há ainda um lote em Salinas, e talvez uma casa
que comprou de um tio.
Tudo avaliado por preços modestos o lote
qualquer pessoa compraria pelo milhão de cruzeiros da avaliação
chega, ainda assim, a um patrimônio, em imóveis rurais,
de no mínimo, 750 milhões de cruzeiros.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
A Comunicação Bilionária
A televisão, incluindo prédio recentemente
construído, faz valorizar as empresas de comunicação
de Jáder Barbalho. Ela valeria, pelos dólares de sua aquisição,
mais de um bilhão de cruzeiros. As outras empresas jornal,
duas rádios (a Rádio Clube e a Rádio Carajás)
e mais a firma correspondente ao Sistema de Comunicação,
todos valeriam cerca de 130 milhões. Esse conjunto equivaleria,
porém, a algo superior a um bilhão e cem milhões
de cruzeiros. E sem incluir emissoras de rádio que tem pelo interior
e que ninguém sabe precisar.
Há outras firmas a de Goiás, a Novo
Pará e a Gráfica Bauru que foram avaliadas em mais
de 64 milhões.
O gado, de corte e leiteiro e os touros para reprodução,
não constam em declarações pelo seu total e valor
certo. Há quem diga ter Jáder mais de 5 mil cabeças.
Isso poderia representar, nessa quantidade e a preços correspondentes
a bois de apenas 300 quilos, cerca de 225 milhões de cruzeiros.
O patrimônio todo corresponde apenas ao
imobilizado sem incluir o financeiro, saldos e depósitos bancários
de todas as naturezas, títulos e jóias ascende, em
avaliação por baixo, a nada menos do que 2 bilhões
e 551 milhões de cruzeiros, que se resumiriam assim:
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
|
|
|
Itens Cr$
Imóveis urbanos 260 milhões Imóveis
rurais 733 milhões Firmas de comunicação 1.269 milhões
Outras firmas 64 milhões Gado 225 milhões Soma 2.551 milhões
"Quem pode dizer quanto Jáder conseguiu acumular
em sua vitoriosa carreira pública, que um primo muito querido,
que começou, como Jáder, confessa não ter necessariamente
de imitar? Esses dois e meio bilhões de cruzeiros são apenas
do chamado Imobilizado, da terra que se vê, das casas em
cima da terra, de firmas que não podem ser ocultadas, e de boi
que, quando mais não fosse, denunciaria sua existência pelo
grito antes de ser abatido. Existe, ainda, o financeiro, escondido em
contas que não se devassam e o dinheiro vivo que os cofres particulares
nos bancos e as parrudinhas abrigam. Existe, também e finalmente,
o que simplesmente não é declarado. E vira substantivo abstrato:
existe todo mundo sabe mas não vê, exatamente como a calcinha
da professora, para os seus alunos, na velha anedota do Juquinha.
Um exemplo, que um leitor oferece em carta deste ano.
Jáder, que dizia quando o ministro da Reforma Agrária, não
ter mais do que 2.500 hectares de terra, declarava, depois, ter 10 mil
em apenas três de suas fazendas, comprou em Gurupá mais de
73 mil hectares. A operação foi objeto de uma procuração
por escritura pública lavrada em 16 de julho de 1981 pelo tabelião
do Cartório de Gurupá. Foram vendedores: o comerciante
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
José Raimundo Garcia Diniz e sua mulher, Maria de Fátima
dos Santos Diniz, residentes em Gurupá, e comprador .Jáder
Fontenelle Barbalho, a essa altura qualificado como advogado. Os procuradores
foram: Leonardo Correa Bouvillet, comerciante e Luiz Guilherme Fontenelle
Barbalho, dito economista e irmão de Jáder. O que foi comprado?
Tudo isto de imóveis rurais, todos localizados em Gurupá:
1) "São Miguel" 2.178,00 ha
2) "Duas Bocas" 154,80 ha
3) "Puxador" 1.639,00 ha
4) "Nova harmonia" 816,75 ha
5) "Santo Antônio" 1.089,00 ha
6) "Feitoria" 3.267,00 ha
7) "Limão" 1.089,00 ha
8) "Limãozinho" 4.356,00 ha
9) "Limão e Limãozinho" 21.780,00
ha
10) ".Japim" 4.354,00 ha
11) "Belmiro" 4.356,00 ha
12) "Jepuhuba" 290,40 ha
13) "Feitiria" 17.424,00 ha
14) "Novo Jardim" 1.089,00 ha
15) "Vista Marapú" 8.172,16 ha
16) "Três Repartimentos" 400,17 ha
17) "Quebra Braço" 2.904,00 ha
A procuração foi passada para que os dois procura dores,
em conjunto ou isoladamente, assinassem a escritura definitiva. A procuração
não faz referências a como as 17 glebas foram adquiridas,
mas dispensa os procuradores de qualquer prestação de contas
futuras. A escritura seria assinada em nome de Jáder Barbalho,
como adquirente, ou de quem Jáder indicasse em seu lugar.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Se Jáder, pelo que se sabe, não declara esse mundo
de terras como coisa sua, terá ele vendido tudo a alguém
ou terá apenas indicado outra pessoa para, na escritura definitiva,
aparecer como comprador? Quem, porém? E por quê?"
Em outras duas matérias, à página 16, o "O Liberal"
de 13 de outubro, expõe de maneira crua, mais um pouco do perfil
humanístico do Sr. Jáder Fontenelle Barbalho, verbis:
"Jáder: primeiro os Zaluth e os Barbalhos;
depois, o depois." (doc.3)
"Aos parentes, tudo; aos amigos, o que sobra. Esta
é pelo menos a idéia que os amigos estão tendo do
candidato Jáder Barbalho nestas eleições.
A queixa começa pela indicação da
esposa de Jáder, Elcione, para a vaga de vice-governador quando
da impugnação de Carlos Santos. Carlos Santos e os amigos
de Jáder foram salvos pelo Tribunal Superior Eleitoral, que rejeitou
a impugnação e em conseqüência a candidatura
de Elcione.
Depois foi a vez de toda a dedicação da
Dircélia Koury ao ex-chefe no Ministério da Previdência
Social ir por águas abaixo. Dircélia, durante sua gestão
na superintendência local da Legião Brasileira de Assistência,
se encarregou de repassar recursos da Previdência, através
de convênios com a LBA, às prefeituras do interior adubando
com isto a sua futura candidatura à Assembléia Legislativa
e a do chefe ao governo do Estado. Escolheu como reduto eleitoral
um deles a Vigia. E foi lá que, não mais que de repente,
surgiu Joércio, outro irmão Barbalho, para tirar os votos
que tão pacientemente Dircélia regou com os convênios
da LBA.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Mas tudo não parou aí. Outra parente de Jáder,
Isabel Zaluth Oliveira, irmã de Elcione, cunhada do ex-ministro
e mulher de João Carlos Oliveira, diretor da Cosanpa na gestão
passada de Jáder foi contratada para fazer campanha
do eterno candidato Hamilton Bentes à Câmara Federal. E o
eterno candidato não deixou por menos: manteve o estilo e a fama.
João Carlos, marido de Isabel, era o chefe da fiscalização
no PMDB e Hamilton só tem da Câmara Federal hoje o sonho
infinito enquanto durar.
Mas eis que, num lampejo de justiça (ou injustiça?),
um dos valets de chambre de Jáder, o Itamar Francez, se
vê ameaçado de perder votos que conseguiu numa fraude em
Tucuruí. Quem torcia para que a Justiça fosse rápida
e eficaz? Não sabem? O José Priante, que é sobrinho
muito querido de Jáder e que, sempre vive rondando onde haja confusão,
nas assembléias de motoristas ou confrontos com o rapa x feirantes.
Quem não gostou foi o Francez, lógico, que não aceitou,
à inglesa, ficar sem a sua querida imunidade para enfrentar o que
vem por aí.
Quem arremata a historinha é o deputado Carlos
Zayath: "Se não for Barbalho ou Zaluth ninguém pode
se arvorar a nada dentro do PMDB. Eles se multiplicam como parasitas,
como vírus", diz o deputado. "Fora desses dois ramos
da família", completa Kayath, "só quem pode alguma
coisa é o Hamilton Cheque (NR: Hamilton Guedes), que agora perdeu
sua imunidade. Por que "Hamilton Cheque?" Bem, essa é
outra história..."
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
"Enriquecimento de Jáder revolta o povo"
O programa da Coligação do Povo no horário
gratuito na televisão continuou mostrando como começou a
fantástica fortuna do ex-ministro Jáder Barbalho, a partir
de uma modesta casa no Conjunto Bela Vista, na Avenida Júlio Cesar,
hoje valendo Cr$ 10 milhões segundo avaliadores ;
até chegar a um imobilizado, avaliado em Cr$ 2,5 bilhões.
Ao assistir a essa parte do programa, o deputado estadual Carlos Kayath
(PTB), eleito deputado federal, exclamou: "O Pará inteiro
se revolta com o enriquecimento do Jáder. Em menos de dez anos
ele se tornou milionário só as custas de cargos públicos.
E enquanto ele enriquece da noite para o dia, há muita gente
de quem ele se diz amigo, defensor, benfeitor e outras coisas que
está morrendo de fome em todo o Pará!"
"Quando eu conheci Jáder, ele era pobre.
Quando foi candidato ao Governo, possuía apenas um automóvel
Corcel marrom, usado. Hoje, dizem que ele é dono de um jatinho,
só que está em nome de terceiros, porque ele não
é besta de botar no nome dele", afirma Kayath, que acrescenta:
"Quanto mais eu assisto ao programa da Coligação do
Povo mais eu me espanto. E olha que o programa está sendo modesto.
Ele tem o que poderíamos classificar de fortuns subterrânea,
com depósitos na Suíça e investimentos fora do país".
Fazendas - O programa mostrou que as três fazendas
de Jáder Poliana, Chão Preto e Modelo medem
juntas, quase 10 mil hectares, "ou seja, terras que, reunidas, formariam
um território de 50 quilômetros de extensão por dois
de largura. É como se fosse uma fazenda indo de Belém até
Castanhal, com um quilômetro de cada lado. É terra demais
para um cidadão que sempre viveu na política", afirmou
Kayath.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Também foi dito que Jáder possui cerca de 4 mil
cabeças de gado, com "um pasto muito grande para alimentar
o gado".
Sabe-se que Jáder inclui como seus patrimônios
um lote de terras em Salinas, imóveis na rua Gaspar Viana, na travessa
Curuzu, na rua dos Mundurucus, na avenida Magalhães Barata, apartamento
de cobertura na travessa 9 de Janeiro, Granja Pará (em Goiás),
firma Novo Pará Ltda, Rádio Clube do Pará, Rádio
Carajás, Gráfica e Editora Bauru Ltda., Diário do
Pará, Sistema Clube de Comunicações, Televisão
RBA, esta a última aquisição de Jáder, pela
qual pagou U$13 milhões(mais de Cr$ 1,3 bilhão hoje em dia).
Evolução - O imóvel da avenida Júlio
Cesar, de propriedade de Jáder Barbalho, é considerado "a
galinha dos ovos de ouro" do ex-ministro devido ao fato de ter servido
para garantir empréstimos bancários de valores inúmeras
vezes superiores ao que valia a modesta casa. Desde então, o patrimônio
do candidato da "Frente de Trabalho" ao governo do Estado não
parou mais de crescer. Aconteceu como ocorre na natureza com os organismos
vivos, cujo crescimento se faz em progressão geométrica,
isto é, uma célula se transforma em duas, duas em quatro,
quatro em oito etc.
"O que mais revolta o povo é o fato de Jáder
Barbalho não ter, sequer, Carteira Profissional. Assim mesmo, ainda
tenta incutir a idéia de que o governador Hélio Gueiros
é que é preguiçoso ou que Sahid Xerfan não
faz nada", diz Kayath. "Mas quem não quer trabalhar é
ele (Jáder). Ele está obcecado pela idéia de ser
governador, pois fora da Política vai ter que trabalhar, coisa
que ele nunca fez", acrescenta Carlos Kayath, que completa: "Trabalhar,
sim. Mesmo que não seja empregado, vai ter
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
que trabalhar administrando os seus bens. Porque ele não
confia em ninguém. Ele quer eleger-se para continuar implantando
a oligarquia dos Barbalho", disse o deputado.
Desafio Ainda no primeiro turno das eleições
para governador, Jáder desafiou o candidato do Partido de Mobilização
Nacional, Carlos Levy, a exibir, na televisão, seu patrimônio.
Levy não teve dúvidas: mostrou sua Carteira Profissional
e seu contracheque do Banco do Brasil, onde trabalha há 27 anos.
Ao mesmo tempo falou: "Jáder, pelo que se sabe, jamais teve
uma Carteira Profissional, tanto que seus apaniguados inventaram ter ele
uma carteira assinada pelo povo, mesmo sendo isso impossível por
ser o povo sempre explorado, jamais explorando ninguém".
A verdade, porém, é que se sabe que Jáder,
mesmo sem qualquer emprego, e tendo somente exercido mandatos de vereador,
deputado estadual, deputado federal, governador e ministro da Reforma
Agrária e da Previdência, reuniu um patrimônio muitas
vezes superior ao que conseguiu Carlos Levy em 27 anos como funcionário
do Banco do Brasil.
Conhecido Sabe-se que os bens de Jáder
Barbalho avaliados em outubro em 2,5 bilhões são apenas
parte do que, realmente possui. Até mesmo os entendidos em contabilidade
dizem que não é uma missão fácil inventaria
o patrimônio de Jáder. E duvidam até mesmo de que
a esposa, Elcione Barbalho, saiba de tudo o que ele possui, Uma das razões
para essa dificuldade reside no fato de o próprio Jáder
nunca ter feito uma declaração completa de seus bens. Um
exemplo típico ocorreu recentemente quando ele declarou que era
possuidor de 24 mil cotas da televisão RBA, e depois ter dito que
o número dessas cotas era de 66 mil.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Outra questão envolta em mistério é o saldo
de Jáder numa agência do Bradesco de Nova Iorque, onde declara
ter apenas 234 dólares.
Também não se sabe que o Plano Collor conseguiu
congelar depósitos bancários e/ou investimentos do ex-ministro.
Compromisso - No programa de domingo da Coligação
do Povo, o candidato a governador, Sahid Xerfan, deixou uma mensagem ao
povo paraense. Para Xerfan, "a população do Pará
é constituída, basicamente, de pessoas pobres, carentes
de habitação, educação, assistência
médica e, principalmente, de emprego. Essas pessoas não
são pobres porque querem Há toda uma situação
que leva essas pessoas à pobreza. E isto cria um círculo
vicioso. Não havendo emprego e nem renda, o Estado fica com poucos
recursos e, assim, não tem como oferecer os serviços de
que a população tanto necessita. Para quebrar esse círculo
vicioso é preciso, em primeiro lugar, criar condições
de emprego e, consequentemente, de renda. No meu governo, uma das prioridades
será a criação de empregos enfatizando a produção
e a comercialização, desenvolvendo a capacidade associativa
dos micro e pequenos empresários, racionalizando, assim, o processo
de abastecimento da população".
Xerfan também disse que isso não é
promessa. "Ë compromisso meu trabalhar para a geração
de novos empregos no Estado. O crescimento do Pará será
o crescimento do seu povo. Para que isso aconteça, no próximo
dia 25 de novembro, vamos à vitória. E que Deus nos acompanhe",
afirmou.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Avançando, nesse intrincado labirinto da fortuna rápida,
deparamos com mais algumas elucidadoras reportagens:
"Cascata de hipotecas na fortuna de Jáder"
"O candidato Jáder Barbalho dizia no horário
gratuito na televisão, que tudo que falavam dele não tinham
como provar. Eis aqui uma maneira de ganhar dinheiro sem fazer força.
Ë o milagre da "casinha dos ovos de ouro", todo documentado
(veja nas ilustrações), em que Jáder, com uma casinha
de conjunto," combatente ferrenho" do regime militar, conseguiu,
com a generosidade do Banco do Brasil, fazer uma grande fortuna com dinheiro
público, em pleno regime militar.
Quando ainda era deputado federal, em 1980, mais precisamente
no dia 4 de junho, Jáder adquiriu um imóvel, uma casa tipo
C-2, situada à trav. Júlio Cesar nº 3318, quadra A
do Conjunto Residencial Bela Vista, na rodovia Júlio César,
em Belém, e respectivo lote de terreno medindo 12 metros de frente
por 26 de fundos. O imóvel foi vendido para o ex-ministro por Francisco
Xavier de Barros Telles Filho, através de seu procurador Laércio
Wilson Barbalho, pela quantia de Cr$ 1.800.000,00 (um milhão e
oitocentos mil cruzeiros), conforme Certidão do Registro de Imóveis,2°
Ofício, Registro Geral, Livro N.2 -K, matrícula 80, folha
80, que é um documento público e qualquer pessoa pode examinar.
Até aí, quase tudo bem. Porém, dois
meses e 14 dias depois, Jáder Barbalho começou a fazer seu
dinheiro "crescer". No dia 18 de agosto, ele hipotecou, no Banco
do Brasil, em primeiro grau, a mesma casa que havia comprado. O que chama
a atenção é o valor da hipoteca: Cr$ 19.162.400,00
(dezenove mi
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
lhões, cento e sessenta e dois mil e quatrocentos cruzeiros),a
juros de 10% ao ano, nos termos da Cédula Rural Hipotecária
nº EAI-80, registrada no livro 3-C (RA), fls. 147. O valor da hipoteca
foi dez vezes o valor pago pela casa.
A "técnica" não parou por aí.
Quatro dias depois, o ex-ministro voltou ao Banco do Brasil e hipotecou
a mesma casa, dessa vez, em segundo grau, por mais Cr$ 19.162.400,00,
o que se encontra registrado no livro 3-C (RA), fls. 149. Nesse dia, 22.08.1980,
Jáder conseguiu acumular Cr$ 38.324.800,00, ou seja, 21 vezes mais
que o dinheiro "aplicado" Dois meses depois, em 29.10.1980,
Jáder Barbalho visitou o banco mais uma vez, em busca de mais uma
hipoteca, em terceiro grau, do mesmo imóvel, no valor de Cr$ 3.059.202,00(três
milhões, cinqüenta e nove mil e duzentos e dois cruzeiros),
a juros de 2% ao ano e correção monetária de 28%
ao ano, nos termos da Cédula Rural Pugnoratícia e Hipotecária
nº EAC 80/00, registrada no livro 3-C (RA), fls. 214.
Se ele tivesse parado por aí, já teria
conseguido a quantia de Cr$ 41.384.002,00. Mas ele continuou. Ë certo
que deu um tempo de 9 meses. Jáder fez outra hipoteca da
mesma casa já hipotecada três vezes, sem nenhuma quitação
dos empréstimos anteriores , no valor de Cr$ 27.520.985,00
(vinte e sete milhões, quinhentos e vinte mil e novecentos e oitenta
e cinco cruzeiros), novamente no Banco do Brasil, a 10% ao ano, nos termos
da Cédula Rural Hipotecária nº EAI 81, registrada no
livro 3-D (Rr), fls. 15. Foi a 4ª vez com a mesma casa, em dias.
A operação foi realizada no dia 9 de julho de 1981. ) "crescimento"
do dinheiro de Jáder chegava a Cr$ 68.904.987,00. No mesmo dia
ele nem saiu do banco outra hipoteca foi feita a 5ª
vez, da mesma casa, sem pagar as outras ,em
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
quinto grau, no valor de Cr$ 28.838.399,00 (vinte e oito milhões
oitocentos e trinta e oito mil e trezentos e noventa e nove cruzeiros),
chegando num total de Cr$97.743.386,00 (noventa e sete milhões,
setecentos e quarenta e três mil, trezentos e oitenta e seis cruzeiros),
desde a compra da casa pelo ex-ministro, mais de 54 vezes o valor pago
pelo imóvel, e é importante observar que todo o dinheiro
foi recebido através de Cédulas Rurais, provavelmente utilizado
para financiamento de suas fazendas.
Para terminar a lição de enriquecimento
rápido e fácil, o ex-ministro Jáder Barbalho pagou
todas as dividas contraídas com as hipotecas. Ele pagou tudo
de uma vez e à vista em 23 de julho de 1986, quando já era
governador do Estado. Fácil, não?
Todos esses documentos se encontram no Cartório
de Registro de Imóveis, 2° Ofício, Registro Geral,
e estão disposição de qualquer pessoa.
O estranho da história além da própria
história de fazer uma fortuna com uma casinha de conjunto
é como Jáder Barbalho, um deputado federal "autêntico",
"oposicionista ferrenho", "bravo combatente do regime militar",
como diz a esquerda, conseguiu tudo isso no Banco do Brasil, em pleno
regime militar". ("O Liberal", 25.11.1990, p.20) (doc.4).
"O Prefeito de Osasco vem a Belém e
desmente o ex-ministro"
"O ex-ministro da Previdência Social, Jáder
Barbalho, mentiu descaradamente quando disse na televisão, no horário
de pro
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
paganda eleitoral da Frente de Trabalho, que havia processado
por crime de injúria e calunia o prefeito de Osasco, Francisco
Rossi, que no início deste ano, entre outras acusações
graves, apontou-o como sendo o chefe de uma quadrilha organizado do Ministério
da Previdência Social para assaltar os cofres públicos.
O desmentido foi feito em Belém, pelo próprio
Francisco Rossi. Ao rever, pela TV, o vídeo em que Jáder
mostrava um documento datado de 13 de fevereiro deste ano, e através
do qual supostamente protocolara na Justiça a queixa-crime, Francisco
Rossi reagiu com sarcasmo. "Até hoje eu não recebi
nenhuma notificação. O Jáder deve ter protocolado
a ação no dia 31 de fevereiro, e não no dia 13",
disse o prefeito de Osasco, acrescentando em tom de desafio: "Eu
até rezei para que ele (Jáder) me processasse, quando o
acusei pela imprensa. Eu até gostaria de ser processado, para provar
em juízo todas as acusações. Eu disse e repito: no
Ministério da Previdência se organiza uma quadrilha para
assaltar os cofres públicos".
Apesar de tudo, Francisco Rossi disse que não
lhe compete fazer um julgamento de Jáder Barbalho sob o aspecto
moral. "Eu faço a afirmação. Agora, compete
à Policia Federal apurar os fatos, o que ela aliás já
está fazendo. O julgamento será do Judiciário",
disse ele. Se não é um julgamento, é de qualquer
forma uma opinião incômoda, para Jáder, a análise
que o prefeito de Osasco faz de sua passagem pelo Ministério da
Previdência. "Havia uma quadrilha, agindo por métodos
bastante sofisticados. E nessa quadrilha, o chefe de gabinete do ministro
Sr. Mário Alves Melo, tinha participação destacada.
Eu digo e provo", acrescentou em tom desafiador.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Um mar de lama
Documentos forjados, correspondências adulteradas,
exigências imorais, tudo isso faz parte do "escândalo
de Osasco", patrocinado por Jáder Barbalho à frente
do Ministério da Previdência Social. Adulterado, por exemplo,
na opinião de Francisco Rossi, foi o laudo exibido por Odair Mondelo
que a ele se apresentou como amigo pessoal e representante de Jáder
sobre o imóvel em que deveria ser construído o hospital
avaliado em 42 milhões de cruzados, quando ele na verdade valia
apenas 18 milhões. E forjada, conforme frisou, foi uma carta que
Jáder mandou publicar na imprensa, em defesa própria, como
sendo de autoria dos diretores do Hospital e Maternidade Santa Isabel
de Osasco S/C Ltda, instituição a que pertencia o imóvel
pretendido pela Prefeitura. Essa carta, datada de 4 de setembro de 1989,
teria sido encaminhada por Rossi ao Ministério da Previdência
juntamente com um ofício de sua própria autoria formalizando
o pedido de liberação do dinheiro para aquisição
do prédio. "Só que eu nunca enviei tal carta, O ministro
forjou essa carta, que não deveria existir no processo", aduziu.
Outra prova eloquente da fraude organizada dentro da
Previdência Social, segundo ele, foi a insistência com que
Odair Mondelo e o chefe de gabinete do ministro, Jário Alves de
Meio, tentaram obter dele a concordância com a `elevação
do valor do imóvel que se ria desapropriado, O caso de Mário
Alves é particularmente sugestivo: em duas ocasiões ele
chegou a questionar o valor fixado pela Prefeitura, por considerá-lo
baixo demais.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Na segunda contestação, Mário Alves de Meio,
voltaria a se referir, uma vez mais, ao laudo da Câmara de Valores
Imobiliários do Estado de São Paulo, que, corrigidos, elevaria
o valor do imóvel para 63 milhões de cruzeiros na
época, 38 milhões a mais do que o valor a que chegara a
Prefeitura, igualmente corrigido. Foi essa espantosa insistência
em contestar sua avaliação e supervalorizar o imóvel
que levou o prefeito Francisco Rossi à exasperação.
"Eu tentei sempre mostrar que nossa avaliação tanta
era justa como vinha em defesa do erário público, o que
poupava não apenas a Previdência Social. Mas não adiantou
nada argumentar. O Ministério da Previdência Social não
estava preocupado em resolver o problema de saúde de Osasco. A
preocupação maior parecia com a saúde financeira
dos donos do imóvel", afirmou.
Quando no dia 15 ele voltou a ser contestado pelo chefe
de gabinete de Jáder, sem convence-lo com argumentos que seriam
lógicos sob o critério da moral e do bom-senso, percebeu
que não adiantaria mais tratar da questão. Francisco Rossi
decidiu, então, denunciar publicamente a manobra fraudulenta que,
durante mais de um mês, fora articulada pelo Ministério da
Previdência. Através de notas publicadas nos grandes jornais
de São Paulo, como matéria paga, ele levou a fraude ao domínio
da opinião pública.
Certamente por causa de sua reação, ele
foi surpreendido no dia 23 de janeiro com um aviso de depósito
no Banco do Brasil no valor de 88 milhões de cruzados, repassados
pelo Ministério. No mesmo dia, e pelo mesmo Banco, ele procedeu
à devolução do dinheiro, que, àquela altura,
com inflação na casa de dois por cento ao dia, já
não seria suficiente para comprar o prédio, concluí-lo
e equipá-lo para a instalação do hospital.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
"Enquanto eu for o prefeito, Osasco não receberá
dinheiro com a marca da fraude e da corrupção. Nós
perdemos o hospital, mas conservamos nossa dignidade" ,foi sua ferina
comunicação ao então ministro Jáder Barbalho.
Para o público, o caso terminaria aí. Não
terminou, porém, dentro da máquina fechada da administração
pública. No meio do duelo verbal que na época travava com
o então ministro da Previdência, Francisco Rossi, recebeu
um telefonema do diretor geral da Polícia Federal, Romeu Tuma,
dizendo-lhe haver recebido recomendação do Presidente da
República para promover a abertura de inquérito. Ele juntou,
então, todos os documentos de que dispunha um alentado dossiê,
que o acompanhou na viagem a Belém e entregou-os ao delegado
Marcus Vinícius Deneno, designado para presidir o inquérito.
Entre os documentos, Rossi incluiu duas fitas contendo cerca de 40 minutos
de gravações com Odair Mondelo uma feita em conversa
telefônica e outra durante um encontro reservado que tiveram em
seu gabinete, na Prefeitura de Osasco.
O prefeito não precisou do teor das gravações,
limitando-se a dizer que o inquérito já está no final
As fitas, se não servirão como provas jurídicas,
pelo menos deram indicativos para as investigações policiais,
conforme frisou Francisco Rossi. Ele revelou, porém, que, num de
seus contatos com Odair Mondelo, o amigo pessoal e representante de Jáder
teria finalmente aberto o jogo: do valor que seria pago a mais pelo imóvel
em Osasco, 5 milhões de cruzados seriam embolsados pelo próprio
Mondelo "afinal, eu não iria ter todo esse trabalho
em troca de nada" e 17 milhões "seriam destinados
ao pessoal de Brasília"."
("O Liberal", 22.11.90, p. 16, doc.5).
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
"Jáder queria ganhar em Osasco US$ 2 milhões,
hoje Cr$ 300 milhões"
"Além de desonesto, o ex-ministro Jáder
Barbalho é também mentiroso. Esta é a única
conclusão que se pode tirar do relato feito em Belém, pelo
prefeito de Osasco, Francisco Rossi, acerca do episódio que, no
final do ano passado e no início deste ano, envolveu-o e ao então
ministro da Previdência numa guerra de acusações através
da grande imprensa do sul do país, tendo como pivô um convênio
para a construção de um hospital municipal naquela cidade
paulista.
Para Rossi, a guerra ainda não está terminada.
E ontem mesmo ele voltou a disparar mais alguns violentos torpedos contra
Jáder Barbalho, a quem acusou de, à frente do Ministério
da Previdência Social, haver montado uma quadrilha com o objectivo
de desfalcar os cofres públicos. Só na compra do prédio
que deveria abrigar o hospital, segundo ele, a quadrilha de Jáder
deveria pôr as mãos em algo próximo a dois milhões
de dólares, ou o equivalente hoje a 300 milhões de cruzeiros.
"Mas pode-se ter como certo que no mesmo negócio havia ainda
outras jogadas", acrescentou.
Francisco Rossi chegou a Belém na 2ª feira
à noite e no dia seguinte retornou a São Paulo, deixando
Belém no início da tarde, depois de conceder entrevista
reabrindo o caso que se tornou nacionalmente conhecido como "o escândalo
de Osasco". Sua vinda a Belém conforme fez questão
de frisar, foi ditada por um dever de consciência e depois de tomar
conhecimento de que o ex-ministro Jáder Barbalho, no programa de
televisão da Frente de Trabalho, no horário de propaganda
eleitoral, havia se referido ao episódio em termos não compatí
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
veis com a realidade dos fatos. Em seu programa, Jáder
rebateu as acusações que lhe fizera Francisco Rossi, através
da imprensa e anunciou que havia ingressado na Justiça com queixa-crime
por injúria e calúnia contra o prefeito de Osasco
o que este nega categoricamente.
"Eu decidi vir a Belém às minhas expensas,
pagando de meu bolso todas as despesas. Vim movido por um imperativo de
consciência. Ë preciso que as pessoas de bem se preocupem mais
com o futuro deste país, onde viverão nossos filhos e netos",
afirmou o prefeito de Osasco, ao iniciar o relato dos fatos que o levaram
ao confronto público com Jáder Barbalho.
Cronologia do escândalo
Desde setembro de 1985, conforme frisou a Prefeitura
de Osasco, uma cidade da Região Metropolitana de São Paulo,
com uma população estimada em 800 a 900 mil habitantes e
um déficit de leitos hospitalares dos mais altos do país,
vinha tentando adquirir com recursos próprios ou com ajuda dos
governos federal e estadual, um edifício em construção
para transformá-lo em hospital municipal.
Esse sonho, que depois se transformaria em pesadelo,
começou a ganhar formas concretas no dia 10 de dezembro de 1989,
quando ele foi procurado em sua própria casa por um cidadão
de ótima aparência e muito bem trajado. Esse cidadão,
identificando-se como Odair Mondelo, disse estar ali na condição
de amigo pessoal e representante do ministro da Previdência Social,
Jáder Barbalho, que o encarregara de levar ao prefeito de Osasco
uma proposta para a construção do hospital municipal, dada
a preocupação do governo federal com a crise no atendimento
hospitalar daquela importante cidade paulista.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Francisco Rossi, que hoje aos 50 anos, ocupa a Prefeitura de Osasco
pela segunda vez a primeira foi em 1972 e com a experiência
de 18 anos na vida pública, incluindo o exercício de um
mandato de deputado federal, disse que chegou a ficar surpreso diante
da proposta, embora já acostumado à atuação
de lobbies e de intermediários no oferecimento de verbas públicas.
A boa aparência do interlocutor, o seu ar de aparente dignidade
e o fato de não fazer a menor referência a qualquer ato menos
digno, porém, afastaram momentaneamente seus temores e desconfianças.
Naquele momento, a única restrição que poderia fazer
era com relação ao montante que a Previdência Social
se dispunha a repassar para a construção do hospital
85 milhões de cruzados , a seu ver insuficiente para a compra
do prédio, a sua conclusão e a aquisição dos
equipamentos. "Eu sabia que o valor não seria suficiente,
porque tenho bom conhecimento da questão hospitalar. Afinal fui
eu quem criou, em Osasco, a primeira Fundação Municipal
de Saúde do Brasil. Mas isso era secundário: com um pouco
de dificuldade, a Prefeitura poderia injetar os recursos que viessem a
faltar", completou.
Ainda para certificar-se de que estava tratando com uma
pessoa digna de confiança, Francisco Rossi indagou a Odair Montelo
se tinha em seu poder alguma carta do ministro da Previdência, formalizando
a oferta. Mondelo respondeu negativamente, mas garantiu que, em pouco
tempo, levaria ao prefeito algo capaz de dissipar suas dúvidas
de uma vez por todas. Surpreendentemente, ele cumpriu a promessa logo
no dia seguinte, quando se reapresentou a Francisco Rossi já de
posse do original do convênio assinado por ninguém menos
que o próprio ministro da Previdência Social.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Para Francisco Rossi, o convênio assinado era uma espécie
de "senha" que o ministro estava lhe transmitindo para dizer
que Mondelo tinha carta branca para agir em seu nome. A certeza disso
veio uma semana depois. No dia 18 de dezembro, o próprio Jáder
lhe telefonou, de Brasília, para comunicar a liberação
dos 88 milhões de cruzeiros. Com voz melíflua, o ministro
chegou a dizer-lhe que estava dando a Osasco "um belo presente de
Natal", e recomendou-lhe que se apressasse em adotar algumas providências
de ordem burocrática para que a Prefeitura pudesse receber o dinheiro.
"Tomei todas as providências cabíveis, inclusive declarando
o imóvel de utilidade pública e enviando mensagem à
Câmara Municipal, que aprovou lei, em tempo recorde, com a composição
de uma comissão de vereadores para acompanhar os trâmites
da aquisição do imóvel", acrescentou.
Corrupção mostra a face
Se tudo caminhava bem até aquele momento, daí
para a frente as coisas começaram a se complicar, com as primeiras
manifestações concretas de que a proposta da Previdência
como ele temera desde o princípio escondia, na verdade,
um escandaloso ato de rapinagem. No dia 26 de dezembro, Odair Mondelo,
o amigo pessoal e representante do ministro Jáder Barbalho, procurou-o
mais uma vez, mas já agora com uma exigência: o dinheiro
só poderia ser liberado mediante a apresentação de
um laudo da Prefeitura, e assinado pelo prefeito, em que o imóvel
estivesse avaliado por 52 milhões de cruzados.
Essa exigência, segundo Francisco Rossi, causou-lhe
um misto de espanto e indignação. Primeiro porque, em si,
ela era
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
descabida. E em segundo lugar porque ele já dispunha de
uma avaliação do imóvel, que fixava seu valor em
tomo de 18 milhões de cruzados. Mondelo passou-lhe, então,
um laudo da Câmara de Valores Mobiliários de São Paulo,
avaliando o prédio em 42 milhões de cruzados, argumentando
que ele poderia ser utilizado pelo prefeito como argumento para assinar
o documento com valor próximo ao pretendido. "Recebi o laudo,
mas fiz questão de argumentar que, embora reconhecendo a idoneidade
da Câmara de Valores Imobiliários, ainda assim, mandaria
fazer um laudo de avaliação por funcionários idôneos
e altamente técnicos da Prefeitura de Osasco".
Francisco Rossi nomeou a comissão no dia seguinte
(27). Feita nova avaliação, chegou ela à conclusão
de que o imóvel valia, de fato, Cr$ 18.573.009,54 ou seja,
o mesmo valor já revelado na avaliação anterior,
feita também pela própria Prefeitura. De posse do laudo,
e brandindo como argumento a diferença a mais pretendida pela Previdência,
Francisco Rossi declarou a Odair Mondelo que não poderia atender
a exigência por ele apresentada. "Para decepção
minha o referido senhor informou-me que, com o valor encontrado pela Prefeitura
de Osasco, não haveria como liberar a verba", disse Francisco
Rossi, acrescentando que, naquele momento, ele teve noção
exata do escândalo que fora montado no Ministério da Previdência
Social. "Ficou muito claro que estava armado um golpe para desfalcar
os cofres públicos, de maneira infame e deplorável",
enfatizou."
("O Liberal", 22.11.90, P. 16, doc. 5)"
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
"Trapalhada na origem da imensa fortuna de Jáder"
"Jáder vive dizendo que toda a sua fortuna
tem uma origem: a fazenda "Campos do Piriá", em Viseu,
que ele, um dia, vendeu para a Madeireira Bannach Ltda e, a partir dai,
construiu a imensa fortuna que tem hoje. A "Campos do Piriá"
está, portanto, para a fortuna de .Jáder come a moedinha
da sorte para a do famoso usuário Tio Patinhas.
Mas o que é a "Campos do Piriá".
Era uma terra muita terra, cerca de 10 mil hectares - que lavradores
humildes ocuparam e que Jáder, então deputado federal, mandou
pôr todos para fora. A área foi obtida de um agricultor arruinado,
José de Oliveira Soares, que não pôde conter os invasores
e confiou que Jáder, que julgou um amigo, os expulsaria. Jáder
fez isso mesmo, mas só quando a terra já passara para o
nome dele.
Quem conta a história é o ex-agricultor
José de Oliveira Soares, hoje com 59 anos, o proprietário,
antes de Jáder, de 9.240 hectares em Viseu. Ele chama de fazenda
"Batistão" ou "Tauary.-Assu". Jáder
só chama "Campos do Piriá". Quem sabe para esquecer
como tudo começou?
Em 1975, o então deputado federal Jáder
Barbalho aplicou a primeiro grande golpe de sua carreira política,
enganando o ambicioso mas simplório agricultor José de Oliveira
Soares através de um "acordo de cavalheiros", que lhe
rendeu, cinco anos depois, Cr$ 10 milhões (padrão monetário
da época) e levou José à miséria absoluta.
A fazenda "Batistão" (ou "Bastião")
foi uma herança deixada pelo avô materno de José,
José Calixtrato de Oliveira. Com a
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
abertura da estrada Bragança-Viseu, José Soares
começou a enfrentar a invasão de posseiros na fazenda e,
em 1973, ingressou com uma ação de manutenção
de posse. Apesar da concessão da liminar, pelo juiz Benjamin Lisboa,
as invasões aumentaram, a que levou José e a mãe,
Francisca de Oliveira Soares, a se decidirem pela venda das terras.
A primeira venda foi feita ao então presidente
do Banco do Estado do Pará, Jesus Medeiros, que antecipou Cr$ 30
mil como parte do contrato. O dinheiro foi usado para a indenização
dos posseiros, mas um ano depois eles não haviam deixado a área.
Nesse impasse, Jesus Medeiros recusava-se a completar o pagamento da compra,
a que resultou na devolução das terras a José. O
agricultor relata que esteve desesperado, tamanha as pressões dos
grupos que apoiavam os posseiros, recorrendo, então, a corretoras
particulares. Acabou, assim, indo parar, em 1975, o escritório
do advogado Domingos Emmi, em Belém, onde conheceu a deputado federal
Jáder Barbalho, a quem confiou como amigo e teve a pior decepção
de sua vida.
Traição
Jáder, visando dividendos futuros, interessou-se
pelo caso. Propôs a José uma sociedade, onde este passaria
as terras para a seu nome, recebendo inicialmente Cr$ 150 mil (um valor
irrisório). Outros Cr$ 150 mil ficariam como parte da sociedade
e Jáder lançaria mão de seu prestígio político
para expulsar os posseiros da fazenda e, depois, vender as terras a preços
de mercado. A "bolada" seria dividida entre os dois, meio a
meio. O "acordo de cavalheiros", contudo, ficaria só
entre os dois. Jáder condicionou que só a transferência
de terras seria feita legalmente.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Em 25 de setembro de 1985, a agricultor transferiu a posse das
terras denominadas "Batistäo"(ou "Tauary.-Assu"
ou, ainda "Recurso" e "Bastião") para Jáder,
em forma de escritura pública de compra e venda, no cartório
de Viseu. Em 10 de maio de 1986, José Concretizou a sua falência:
passou uma procuração com amplos poderes para Jáder.
A procuração, que pelo acordo deveria ser usada em favor
da "sociedade", acabou sendo a documento-chave que deu origem
à fortuna do ex-ministro.
O então deputado, realmente, fez de tudo para
a expulsão dos posseiros. Contratou pistoleiros armados e as famílias
invasoras foram obrigadas a abandonar suas roças (veja depoimentos
nesta página). Depois disso feito, José conta que Jáder
tornou-se o seu grande amigo. "Eu estava crente que era um sócio
dele. A gente saia sempre juntos, nossas famílias tornaram-se amigas
e andei cinco anos pela casa dele", diz José. Enquanto isso,
Jáder enrolava o agricultor, prometendo, inclusive, fazê-lo
prefeito de Viseu. Nessa época, o deputado já planeja candidatar-se
a governador.
Em 1978, a fazenda ainda não tinha sido vendida
e José já temia que tivesse entrado numa grande fria. Nessa
época, estourou uma denúncia na Assembléia Legislativa
do Estado, de que Jáder estava usurpando terras alheias. A denuncia
foi feita pelo deputado João Mota (Arena) e uma Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) foi aberta para apurar as irregularidades
na compra da fazenda "Bastião" José livrou Jáder
de ter seu mandato cassado, a pedido de Elcione Barbalho que o procurou
aos prantos. Ele assinou uma carta falsa, escrita pelo pai de Jáder
declarando que a venda foi legal e que recebeu corretamente pelo contrato.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
A fazenda "Bastião" foi vendida par Jáder
em 1980, cinco anos depois, para a Madeireira Bannach, por Cr$ 10 milhões.
O agricultor, que já tinha virado garçom em Belém,
para sobreviver, foi chamado um dia na casa do deputado e, então,
recebeu Cr$ 300 mil. "Eu reclamei, porque fique sabendo por quanto
ele (Jáder) havia vendido as minhas terras. Foi quando ele disse
que me daria mais Cr$ 200 mil e ponto final. E ficava a promessa que,
se eleito governador, eu iria ser prefeito". José diz que
foi "traído" em sua consciência, mas nada mais
poderia fazer.
A partir dai, Jáder passou a ter dinheiro para
outras negociatas. E hoje todos sabem a patrimônio que ele tem.
O ex-agricultor José diz que, na época
em que conheceu a deputado, ele tinha apenas "uma modesta casinha
na vila Marlene, na travessa do Chaco". Hoje, é tido como
um dos homens mais ricos do Brasil." ("O Liberal", 24.11.90,
p. 19, doc. 6.)
"E ele chegou, botando todo mundo pra fora"
Depoimentos dos posseiros expulsos da fazenda "Bastião".
Francisco "Maranhão", agricultor: "Se
conhecia essas terras como sendo tudo (sic) do Estado, né? Pertencia
disque (sic) ao governo. Então o povo trabalhava dentro. E nessa
época apareceu o deputado Jáder Barbalho, botando todo mundo
pra fora, tomando o que tinham. Aí botou uns pessoal (sic); botou
uns capangas pra querer matar o povo".
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
P.: Muita gente ficou passando fome?
"Maranhão": "Justamente. Ficou
porque ninguém podia ir nas roça apanhar milho, mandioca,
macaxeira, um feijão, nada. Ninguém podia atravessar prá
lá, por que ele estava com pistoleiro pra mandar matar o pessoal
."
Francisco Brito, agricultor: "Começou a meter
pistoleiro já querendo botar o pessoal das casas a pulso".
P: Quem colocou pistoleiros?
Brito: "Seu Jáder Barbalho".
Joaquim Vieira, agricultor: "Eu morei dentro dessas
terras doze anos".
P: Ameaçaram o senhor?
Vieira: "Me ameaçaram pra eu sair. Agora,
não fizeram uma posição (sic). Me deram uma mixaria
de dinheiro, vinte cruzeiros e eu sai."
Sebastiana da Silva, agricultora: "E nós
fiquemos (sic) maltratados e judiados. O que ele prometeu não cumpriu".
P: O que ele prometeu?
Sebastiana: "Um terreno, com uma casa boa onde eu
desejasse".
P: Em troca de que?
Sebastiana: "Do meu terreno lá, que eu deixei
com roça, com arroz, com feijão, com tudo, bananal, com
tudo".
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
P: A senhora perdeu tudo?
Sebastiana: "Perdi tudo. Porque ficou prá
lá. Prometeram me pagar depois e nunca pagaram."
P: Como é que foi a sua vida depois?
Sebastiana: "Vim me embora (sic) pra cá (Belém)
penando, pedindo esmola"."
("O Liberal", 24.11.90, p. 19, doc. 6).
"Minhas terras foram a salvação
de Jáder"
Trechos da entrevista do ex-proprietário da fazenda
"Batistão":
P: Na época, as suas terras valiam menos que as
propriedades que o então deputado Jáder Barbalho tinha ?
José - Não. Depois que eu vi, que conheci
a família Barbalho, vi que as minhas terras valiam muito mais.
Eu era um industrial sem saber, porque lá tinha de tudo, desde
madeira, campos naturais, caças, tudo isso tinha lá.
P. O que o deputado tinha naquela época?
José - Ele vivia na casa nº 2, na vila Marlene,no
Chaco. Eu conheci Jáder como uma pessoa humilde, com pouco patrimônio.
P. No final da história, quem ficou mais rico.
0 senhor ou ele?
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
José: Olhe, no final da história, eu continuo pobre
e ele ficou rico as custas das minhas terras. Inclusive, a política
contrária o atacou nos jornais e a dona Elcione, chorando, foi
em casa para eu dar uma declaração aos jornais.
P. - O senhor já tinha recebido algum dinheiro?
José : Não tinha recebido nada. Estava
na esperança de receber.
- Quando a dona Elcione chegou em sua casa, o que ela
disse para o senhor?
José - Que eu fosse com o pai de Jáder,
que na época morava no Chaco. Lá, telefonaram para Brasília
e então ele resolveu o problema. Ele falou comigo que ia bater
os documentos e que eu assinasse. Assim, a denúncia que estava
na Assembléia Legislativa não iria avante.
P. - Para isentar Jáder Barbalho de que?
José - De que ele tinha feito um bom negócio,
que as terras eram de herança, foi por meio de juiz, umas terras
documentadas. Inclusive que queriam tomar as minhas terras e que ele era
a tábua de salvação naquela época.
P. - 0 senhor assinou o papel mentindo?
José - Eu assinei mentindo, tudo dava garantias
a ele.
P. - 0 senhor ainda se achava sócio dele?
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
José - Eu ainda estava sócio. Ele era tão
meu amigo na época, a gente andava sempre juntos, andei cinco anos
pela casa dele. Inclusive, disse que se ele fosse governador, me colocaria
como prefeito de Viseu.
P. - 0 senhor foi prefeito?
José - Infelizmente, eu estou aqui sem emprego
e sem nada. Quando ele era governador, fui atrás de um emprego
para mim, porque estava desempregado. Então ele mandou que eu passasse
lá dentro de quinze dias. Eu passei, dei várias viagens
lá na residência do governador. Inclusive não tinha
ordem para eu falar ao menos com o pai dele. Falei duas vezes com a dona
Elcione, para ela dar emprego para duas filhas minhas. Trabalho não
consegui nada. De forma que hoje elas estão empregadas, mas graças
aos amigos delas e ao governador Hélio Gueiros. Elas estão
empregadas no setor do governo do Estado e estão me ajudando no
presente.
P. - Quem foi que enganou quem? O senhor enganou Jáder
ou ele lhe enganou?
José - Olha, eu acho que ele enganou a minha consciência,
porque eu passei tudo para o nome dele, as minhas terras, confiando na
honestidade dele. Conclusão: ele ficou numa boa, eu fiquei numa
pior. Até hoje trabalhando como garçom, agora me encontro
doente, sem poder trabalhar mais, com medo de represálias por que
o poder que ele tem, hoje, pode prejudicar minha família, me dar
sumiço, fazer o que quiser.
P. - O senhor assinou uma carta endereçada ao
deputado Antônio Teixeira, dizendo que Jáder era um homem
honesto para isentá-lo de cassação do mandato .Por
quê?
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
José - Eu tive boas informações dele, que
era uma pessoa honesta. Só que isso não aconteceu comigo.
P. - Foi o senhor quem fez a carta?
José - Não, quem fez foi o pai de Jáder
mesmo.
P. - Essa carta ia livrar Jáder Barbalho das acusações?
José - De todas as acusações.
P. - Ele poderia ser cassado?
José - Poderia, até porque ele não
tinha dinheiro como hoje. Então, ficava difícil aparecer
com tanta terra. 10 mil hectares é muita terra. Quando eu o conheci,
ele tinha apenas 3 mil hectares de terra, no quilômetro 51 da Belém
- Brasília. Sei que ele estava até tirando um empréstimo
de Cr$ 2 milhões para pagar em 12 anos, pelo Proterra, para arcar
com os prejuízos dessa propriedade que tinha. Então as minhas
terras foram a salvação dele."
("O Liberal", 24.11.90, p.16, doc.6).
A própria Previdência Social não
ficou impune à ambição de seu temporário administrador
como bem demonstram outra série de reportagens à merecer
a atenção do Ministério Público, a quem cabe
defender os interesses da Nação contra aqueles que dela
se beneficiam em exclusivo proveito.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
"Fraude até na lista de devedores do INSS"
Brasília (AJB) - A existência de erros grosseiros
na lista dos principais devedores da Previdência adiou de ontem
para hoje o envio da relação pelo secretário da Administração,
João Santana, à CPI mista do Congresso. Mesmo frustrados
na expectativa de obter a relação no dia de ontem, os parlamentares
pertencentes à CPI compreenderam as justificativas do secretário-adjunto
de Santana, Pedro Maranhão, que foi pessoalmente ao Senado explicar
por que o prazo havia sido alterado. "As incorreções
eram tão grandes que a empresa que encabeçava a lista apresentava
um débito falso de Cr$ 479 bilhões", comentou Maranhão.
Segundo Pedro Maranhão, as falhas na lista vão desde a demonstração
de valores irreais dos débitos das empresas até a falta
de embasamento jurídico para a avaliação contábil
das dívidas. Para Maranhão, a lista não apresenta
apenas problemas de exatidão numérica, mas informações
que induzem a cúpula da Secretaria da Administração
a imaginar que houve boicote por parte de técnicos do INSS. "Vamos
abrir inquérito administrativo para apurar quem são os culpados
por esta lista irregular "disse Maranhão detalhou aos parlamentares
da CPI o maior dos erros da lista emitida pela Dataprev - Empresa de Processamento
de Dados da Previdência - baseada em informações fornecidas
pelas superintendências regionais do INSS. Segundo ele, a empresa
que estava encabeçando a relação dos devedores, uma
entidade filantrópica mato-grossense, devia à Previdência
nada menos que Cr$ 479 bilhões. "Dívidas absurdas como
essa nos parecem estranhas. Temos suspeitas sérias de que houve
alguma interferência intencional na formulação desta
lista", afirmou, O presidente da Comissão de Fiscalização
e Controle da Previdência, João Santana, revelou que uma
das empresas que
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
tem grande débito com a Previdência é a Rede
Ferroviária Federal. Santana disse que a rede reconhece seus débitos,
mas alega que não pode saldá-los porque o Tesouro não
repassa os recursos previstos em lei. Santana descartou que qualquer empresa
de comunicações esteja no elenco dos maiores devedores,
o que chegou a ser aventado por ex-diretores do INSS, poucos dias antes
de serem exonerados, há um mês. "Estas empresas podem
até ter compromissos a cumprir, mas não são responsáveis
pelos principais débitos da Previdência, afirmou, O presidente
da Confederação Geral dos Trabalhadores, Francisco Canindé
Pegado, declarou ontem à CPI mista do Congresso que uma grande
quadrilha está promovendo fraudes da Previdência em São
Bernardo do Campo, São Paulo. Segundo informações
que conseguiu apurar junto a funcionários da Previdência
na cidade dos 300 mil aposentados registrados em 1989, 40.180 conquistaram
o benefício por invalidez, enquanto 15.680 foram aposentados por
tempo de serviço. "Existe um forte grupo de contraventores
que está promovendo aposentadorias por invalidez", disse.
"Não é possível que São Bernardo, um
dos maiores redutos industriais do Brasil, seja uma terra de pessoas com
incapacidade física", analisou. Pegado acolheu a maioria de
suas informações junto ao ex-agente do Iapas João
Américo de Andrade Martins, que foi demitido por seus superiores
por ter apurado casos de fraude. De acordo com o dirigente sindical, uma
situação típica de fraude chama-se "operação
casada". O golpe é aplicado basicamente por advogados que
orientem mutuários do Sistema Financeiro da Habitação,
SFH, a requererem na Justiça aposentadoria por invalidez. "Como
a lei permite que o inválido quite sua propriedade, mesmo que tenha
várias parcelas a pagar, estabelece-se uma rede de fraudadores,
composta por juizes, advogados e os beneficiários", acusou."
("O Liberal", 24.4.91, p. 15, doc. 7).
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
"Procurador anula negócio de US$ 1 milhão do ex-lapas"
Rio (AE) - O procurador-geral do Instituto Nacional de
Seguridade Social (INSS), José Domingos Teixera Neto, decidiu ontem
anular a troca de três imóveis da Previdência Social,
localizados em área altamente valorizada da cidade - como Ipanema
(Zona Sul) e Centro - , por um prédio de três andares, na
encosta de um morro, onde funciona um hotel de alta rotatividade.
A operação _ feita em janeiro do ano passado,
com a autorização do então ministro da Previdência
Social, Jáder Barbalho (PMDB), atual governador do Pará
- causou prejuízo estimado em US$ 1 milhão (cerca de Cr$
256 milhões, ao câmbio comercial), segundo o procurador.
Ele afirmou que pedirá a abertura de inquérito policial
contra os envolvidos, entre eles, Barbalho e o ex-presidente do lapas,
Antônio César Pinho Brasil.
"O pardieiro não vale nem 10% do valor de
cada um dos imóveis cedidos pela Previdência", disse
ontem Teixeira Neto, que classificou como indecente e imoral o negócio.
A troca é motivo de uma ação popular que corre na
5ª Vara de Justiça Federal do Rio desde agosto de 1990, impetrada
pelo comerciante Ademar de Almeida Rebelo. Ele tenta impugná-la
alegando que, como locatário de uma loja na avenida Visconde de
Pirajá, 44, em Ipanema, incluída pelo lapas na transação,
tentou, sem sucesso, exercer o direito preferencial de compra do imóvel,
com base no edital de venda publicado pelo Instituto dia 23 de agosto
de 1989.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
O comerciante esclarece na ação que, apesar de ter
oferecido 226.755,38 BTNs pela loja, preço fixado no edital, ele
foi preterido pelo lapas, que acabou permutando três imóveis
por um prédio de três andares, localizado na rua Sara 55,
na encosta de um morro na Gamboa, próximo à Central do Brasil.
Na troca, o Instituto avaliou o imóvel de Ipanema por apenas 147.639,20
BTNs, cerca de 35% menos que o preço oferecido pelo comerciante.
Na Justiça, o INSS (que atualmente engloba o lapas e o INPS) argumentou
que como não houve dinheiro na operação, uma eventual
diferença de preço em uma das lojas seria compensada pelos
valores fixados para os outros dois imóveis cedidos pelo órgão.
A transação foi intermediada por Francisco das Chagas Paiva
Ribeiro, também citado na ação popular. Segundo Rebelo,
além de sugerir o negócio ao então presidente do
lapas, Ribeiro hoje é dono de um terreno na Tijuca (Zona Norte),
também trocado pelo hotel. Curiosamente, no mesmo dia e no mesmo
cartório em que foi registrada a permuta entre o lapa e o casal
de portugueses Armindo de Azevedo Folha Pinheiro e Celeste Viana, foi
registrada também a promessa de vendi do terreno a Ribeiro. A época,
ele teria pago pelo imóvel a quantia de Cz$ 6.268.421,07.
Ao tomar conhecimento da existência da ação,
na semana passada, o procurador geral do INSS pediu vista ao processo
ao juiz André Kozlowski, da 5ª Vara da Justiça Federal.
Alguém tirou proveito econômico neste negócio, disse
ele ontem, depois de ler toda a documentação. Pelo telefone,
de Brasília, pouco antes de uma reunião com o presidente
da comissão que apura fraudes contra a Previdência, João
Santana, Teixeira Neto assegurou: "só um cego não vê
que a operação é imoral e danosa ao INSS".
("O Liberal", 24.4.91, p. 15, doc. 7.)
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
"Governador diz que autorizou a troca"
"São Paulo (AE) - O ex-ministro da Previdência
e atual governador do Pará, Jáder Barbalho (PMDB), afirmou
ontem que autorizou a troca de imóveis da Previdência por
um prédio particular - o que acarretou um prejuízo calculado
em US$ 1 milhão para os cofres públicos - sem maiores informações
sobre a transação. "Eu, como ministro, não poderia
me deslocar até o Rio para constatar se a permuta era ou não
conveniente ao ministério. Confesso que sequer conheço estes
imóveis. Se a cada processo eu tivesse de deixar Brasília
para verificar pessoalmente os pareceres que me eram repassados, eu não
administraria.
Barbalho, em entrevista pelo telefone a Agência
Estado, classificou como palhaçada a denúncia envolvendo
seu nome na permuta de três imóveis por um hotel de alta
rotatividade, realizada pelo ministério no Rio de Janeiro em 1989.
O governador afirmou que, se houvesse alguma irregularidade no processo,
esta partiu da Caixa Econômica Federal, responsável pela
avaliação dos imóveis envolvidos na transação.
"E a Caixa, além de ser um órgão insuspeito,
não é subordinado ao Ministério da Previdência".
O processo da permuta, segundo o ex-ministro, lhe foi
encaminhado pelo então presidente do lAPA, Antônio César
Pinho Brasil, e continha pareceres favoráveis à transação.
Barbalho explicou ainda que não concorda, em princípio,
que houve irregularidades na transação. Segundo ele, só
após a comprovação legal é que se pode falar
em fraude. O ex-ministro disse que processará o procurador-geral
do INSS, José Domingos Teixeira Neto, por injúria, infâmia
e difamação, caso ele o responsabilize pelo caso."
("O Liberal", 24.4.91, p. 15, doc. 7.)
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
"INSS quer sustar negócio de US$ 1 milhão"
"Antigo lapas trocou três imóveis valorizados
por um hotel de alta rotatividade no Rio."
"RIO - O juiz André Kozlowski, da 5ª
Vara Federal, deverá determinar nas próximas semanas o cancelamento
de uma transação imobiliária feita pelo Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) em janeiro de 1990. A operação
classificada pelo próprio INSS como "escandalosa", foi
autorizada pelo então ministro da Previdência, Jáder
Barbalho, que aceitou trocar um hotel de alta rotatividade, na encosta
de um morro, por 3 imóveis do antigo Instituto de Administração
Financeira da Previdência Social (lapas), situados em áreas
valorizadas.
Desde agosto do ano passado, o comerciante Ademar de
Almeida Rebelo vinha tentando impugnar a troca que, segundo ele, causou
um prejuízo de quase US$ 1 milhão (cerca de Cr$ 256 milhões
no câmbio comercial). Com a ajuda do advogado Jorge de Oliveira
Beja, Rebelo ingressou com uma ação popular contra o presidente
do lapas Antônio César Pinho Brasil, que recomendou a troca
a Jáder.
Na sexta-feira, o processo chegou às mãos
do procurador-geral do INSS, José Domingo Teixeira Netto que entrou
em contato com Kozlowsky para saber sua opinião sobre o assunto.
Ao final de um telefonema de quase uma hora, Teixeira Netto ficou convencido
sobre o prejuízo da operação.
No ofício encaminhado a Jáder, Pinho Brasil
manifestou o interesse do lapas em adquirir uma unidade de apoio ao Hospital
de Oncologia, no Rio, pedindo a aprovação do ministro para
"uma permuta" de imóveis lapas por um prédio situado
na Rua
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Sara, em Santo Cristo. O ministro autorizou a troca, que foi efetivada
menos de um mês depois. Com a transação, a Previdência
cedeu uma loja de 200 metros quadrados da Rua Visconde de Pirajá,
em Ipanema, na Zona Sul, mais um terreno de 2.158 metros quadrados, na
Tijuca, e outra loja, na Avenida Graça Aranha, no Centro, onde
funciona atualmente um amplo restaurante. Em troca, recebeu um prédio
de três andares, na encosta do Morro da Providência, onde
funciona um hotel de alta rotatividade.
FRAUDES
As fraudes contra a Previdência, nos últimos
2 anos, em 9 das 20 varas cíveis da Justiça sob investigação
no interior do Estado do Rio atingem Cr$ 15,4 bilhões, conforme
foi constatado pelos valores de depósitos judiciários feitos
pelo INSS no Banerj. O corregedor-geral da Justiça do Estado, desembargador
Polinicio Buarque de Amorim, informou que já existem "provas
suficientes" sobre o envolvimento de pelo menos um juiz - Pedro Diniz,
da 5ª vara de Duque de Caxias, aposentado no ano passado. O desembargador
pretende oficiar ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça
pedindo punição contra o juiz."
("O Estado de São Paulo", 23.4.91,doc.8).
"Todos devem ficar de olho no lAPAS"
"Os jornais estão publicando desde ontem,
sob o título "O lapas vai ficar de olho em você",
anúncio sobre a chamada revisão cadastral dos contribuintes
empresariais da Previdência Social. É o que pode denominar-se
prova material pública de delito. Neste caso, uma negociata de
NCz$ 51,8 milhões noticiada no sábado pelo GLOBO, praticada
com o beneplácito
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
inexplicável do Tribunal de Contas da União, a partir
de um voto do Ministro Fernando Gonçalves. Os responsáveis
são o grupo que tomou de assalto o órgão arrecadador
e pagador do sistema previdenciário, na gestão Jáder
Barbalho.
Neste final de administração, como se podia
temer em face do estilo Sarney na relação do Presidente
com os subordinados, o lapas explicita-se como uma verdadeira central
de corrupção que, no Rio de Janeiro, atinge limites extremos.
Aqui, as denúncias de maior gravidade, todas documentadas e já
sob investigação de uma auditoria interna em estágio
conclusivo , são oriundas do próprio setor de fiscalização.
Surpreendentemente, ainda restou no Instituto gente honesta, embora revoltada
pela sensação de desonra de toda a categoria.
A revisão do cadastro de empresas contribuintes
é uma necessidade. Acontece que já vinha sendo feito, há
vários meses, mediante um convênio entre o Ministério
da Previdência e o Departamento Nacional de Registro do Comércio,
do Ministério do Desenvolvimento Industrial. Do projeto de atualização
do Cadastro Nacional de Empresas participa o lapas. Ele não podia
alegar desconhecimento da iniciativa, quando, em abril do ano passado,
abriu o ritual de uma concorrência pública para empresas
de informática, a fim de fazer a revisão do cadastro dos
contribuintes da Previdência.
Não é, de qualquer modo, um projeto isolado.
Faz parte de um bolo de nada menos que 68 projetos de informática,
que o lapas, sob a direção de Antônio César
Pinho Brasil, decidiu contratar a empresas privadas à margem da
Dataprev, a empresa de processamento de dados da Previdência Social.
A licitação, em si, ficou sob suspeita, a partir do momento
em que o
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
jornal "Folha de São Paulo" publicou, em código,
por antecipação, o nome do consórcio vitorioso. Ele
é formado pelas empresas Intertec, Cetil e Beldata - esta última,
pouco conhecida no Sul, é do Pará, terra do Ministro Jáder
Barbalho.
Além da licitação suspeita, a contratação
do consórcio esbarrou na resistência da Associação
Nacional dos Empregados da Dataprev (Aned). Sob a alegação,
por sinal procedente, de que a empresa de processamento de dados da Previdência
estava perfeitamente aparelhada para fazer o serviço, a Aned entrou
com ação popular a fim de sustar o contrato. A direção
do lapas não se deu por vencida. E o Ministro Barbalho determinou
providências internas para, aparentemente, assegurar-se da regularidade
da contratação. Entre outras coisas, determinou à
Dataprev que apresentasse, "em 24 horas", uma proposta de execução
do serviço, a fim de que pudesse ser cotejada com a do consórcio.
A despeito do prazo, isso foi feito.
Com base em parecer do Ministro Fernando Gonçalves,
aprovado no TCU, a direção do lapas acabou desqualificando
a Dataprev para execução do serviço. Curiosamente,
o projeto desenvolvido pelo consórcio é praticamente idêntico
ao da empresa pública. Mais grave, porém, é que nem
o TCU, nem o lapas, nem o próprio Ministério consideraram
o parecer técnico da Secretaria de Estudos Especiais sobre o objetivo
de revisão cadastral, cuja inconveniência ficou patente num
parecer demolidor apresentado em fevereiro último.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Parecer contrário
De acordo com este parecer, há no mínimo
seis razões, independentes entre si, que desaconselham a revisão
cadastral nos moldes pretendidos pelo lapas.
Em primeiro lugar, trata-se de uma superposição
de ações. É que já estão em curso os
projetos de atualização do Cadastro Nacional de Empregados
e do Cadastro Nacional de Empresas, envolvendo os Ministério do
Desenvolvimento Industrial e do Trabalho, em ambos com participação
direta também do lapas. Estes projetos estão a cargo da
Dataprev, sendo custeados principalmente pelo Ministério da Previdência.
Segundo o projeto do lapas "possui característica
estática, visto que prevê apenas uma única coleta".
Segundo parecer, é possível que as informações
obtidas "já estejam desatualizadas ao término de seu
processamento, dada a dinâmica de constituição, alteração
e baixas de empresas, resultando em um conjunto de informações
de escasso valor e alto custo". É que as informações
são obtidas, e assim especifica o anúncio publicado nos
jornais, através de formulários enviados pelo correio. Uma
única vez. Sem previsão de acompanhamento, revisão
e atualização.
Terceiro, não há obrigatoriedade legal
no preenchimento de fichas de revisão cadastral. "Pode-se
prognosticar" -, diz o parecer -, "com base na experiência
das coletas de informações sociais por órgãos
do Governo, que as informações obtidas a partir do projeto
do lapas possuirão baixa confiabilidade, e que haverá grande
quantidade de omissão, caso inexista dispositivo legal - medida
provisória ou lei - que obrigue as empresas a
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
prestar declaração, penalizando os faltosos".
Diga-se que essa obrigatoriedade existe no caso da atualização
em curso dos cadastros de trabalhadores e das empresas.
Quarto, o número de fichas emitidas para preenchimento
é muito maior que o número de empresas ativas no Cadastro
Geral de Contribuintes. São 4,5 milhões de fichas de revisão
cadastral, mais 9,5 milhões de etiquetas, enquanto "os ativos
do CGC simplificados registram cerca de 2 milhões 736 mil empresas".
Por que o excesso?
Quinto, há informações a serem inseridas
no formulário de revisão que são perfeitamente dispensáveis.
"As fichas de inscrição cadastral" - diz o parecer
- contém campos a serem preenchidos com dados sobre inscrição
estadual, inscrição municipal e registro de título.
O lapas está ciente da impossibilidade de validar tais informações.
Convém considerar que num projeto desse porte, qualquer incorporação
de campo onera sobremaneira os custos com digitação, processamento
e armazenamento de dados."
Finalmente, o parecer técnico da Secretaria de
Estudos Especiais do Ministério da Previdência assinala que
há necessidade de "melhor avaliação das rotinas
a serem implantadas". É que, "embora descentralizado,
o projeto não prevê a execução de piloto capaz
de avaliar resultado e corrigir rumos. Tal fato, em um projeto desse porte,
é questionável, principalmente por parte da Previdência
Social, onde a magnitude das informações a serem processadas,
e o que se espera em termos de resultados justifica atitudes técnica
e politicamente mais acuradas".
É preciso, pois, que todos fiquem de olho no lapas,
à vista deste parecer e da revisão cadastral já contratada
e anuncia
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
da. A propósito, a direção regional só
tomou conhecimento do projeto pelos jornais, segundo me informou ontem,
por telefone, o superintendente do Iapas-RJ, Carlos Eduardo Fioravanti.
Entretanto, a questão do lapas regional também merece atenção.
Só que deve ser tratada separada, e oportunamente."
("O Globo, 20.2.91, p.5, doc. 9)
"Um rombo na gestão do lapas"
"Acobertado pelo chamado Plano de Ação
1989/90, de iniciativa do ex-ministro Jáder Barbalho, os contratos
de prestação de serviços de terceiros, nas áreas
de auditoria externa de consultoria de informática, custaram ao
lapas, no ano passado, o equivalente a um quarto de todo o seu orçamento.
Foram Ncr$ 1.594 milhões em valores correntes, cifra 22% superior
a to do gasto de pessoal do Instituto que ficou em Ncr$ 1.303 milhões.
No ano anterior, 1968, os serviços de terceiros haviam representado
14,8% do orçamento.
Antes mesmo da efetivação, alguns desses
contratos haviam sido questionados por órgãos técnicos
do próprio Ministério da Previdência, sob a alegação
de que se referiam a serviços que já estavam sendo realizados
pela Dataprev, ou que podiam ser feitos pelos órgãos internos.
O primeiro parecer formal contrário foi ignorado, de sorte que
os demais foram assinados sem consulta aos setores técnicos. Através
de um preposto, o assessor Silvio Cordeiro, o então presidente
do lapas, Antônio Pinho Brasil, montou um esquema de gerenciamento
inteiramente à margem dos controles formais.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Uma auditoria interna, iniciada na gestão passada, constatou
diversas irregularidades nos contratos e encaminhou aos órgãos
de controle do Ministério do Trabalho e da Previdência relatórios
parciais que são verdadeiros libelos contra os antigos administradores
do Instituto. O descalabro chegou ao ponto de uma empresa de consultaria,
a Brasilconsult, ser contratada para supervisionar os serviços
prestados pelas demais, de sorte que os pagamentos eram feitos com base
exclusivamente em seus pareceres, inclusive no que se referia aos próprios
supostos serviços.
De acordo com o levantamento da auditoria, os preços
dos serviços foram claramente manipulados, com o provável
intuito de confundir os órgãos de controle. Assim, para
um mesmo contrato havia um preço para publicação
no Diário Oficial; outro para divulgação em edital
de licitação; outro para fixação contratual;
outro para efeito de reajustes; outro para complementação
através de termos aditivos e, finalmente, outro para o efetivo
pagamento, não raro antes do prazo legal. Houve duplicidade de
serviços contratados entre as próprias empresas, invadindo
atribuições dos serviços internos do lapas e com
superposições de tarefas e atividades. Enfim, os serviços
eram atestados como "a contento" por pessoa estranha ao quadro
permanente do Instituto no caso, o assessor da Presidência,
Silvio Cordeiro, que liberava dessa forma o pagamento das duplicatas.
Os contratos ficaram a cargo de 12 empresas ou consórcios.
São os seguintes, com os respectivos valores pagos, corrigidos
para abril último: Consórcio lntertec/Cetil/Beldata, Cr$
121.469 mil; Tecnosolo S.A. (três contratos), Cr$ 73.248 mil, Cr$
8.783 mil e Cr$ 137.749 mil; Maia Mello Engenharia Ltda.,
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Cr$ 30.215 mil; Campiglia Bianchessi & Cia. Auditores, Cr$
115.597 mil; Brasilconsult (dois contratos), Cr$ 140.918 mil e Cr$ 30.817
mil; Consórcio LEG/Rede, Cr$ 70.184 mil' Arthur Andersen S/C, Cr$
17.497 mil; Annemberg - Recursos Humanos, Consultoria e Treinamento S/C
Ltda. (dois contratos), Cr$ 19.359 mil e Cr$ 37.754 mil' Astel
Assessores Técnicos Ltda., Cr$ 18.992 mil; Planec Engenharia S/C
Ltda., Cr$ 24.226 mil e IMS - Informações, Microformas e
Sistemas Ltda., Cr$ 28.920 mil.
Não obstante a evidência das irregularidades
apontadas, até o momento não houve qualquer providência
do INSS, novo órgão que incorporou o lapas, ou mesmo do
Ministério do Trabalho e da Previdência, no sentido de determinar
a abertura de inquéritos a fim de caracterizar as responsabilidades.
Independente disso a auditoria prossegue. Qualquer que seja o desfecho,
dificilmente serão aprovadas as contas dos últimos gestores
do órgão arrecadador e pagador da Previdência Social
."
("O Globo", 8.5.90, doc.1O.)
Lamentavelmente, Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral
da República, há mais, muito mais, como bem demonstrarão
as matérias elencadas logo a seguir.
"Eloy quer que Jáder declare seus bens
aos parlamentares"
"O vice-líder do PDS deputado Eloy Santos,
exigirá junto à mesa Diretora da Assembléia Legislativa
que oficie ao governador Jáder Barbalho prestar informações
àquela Casa, a respeito do que o deputado classifica de "gastos
incomensuráveis" que o governador "emprega em programa
dos atos que diz realizar".
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Por outro lado, o parlamentar do PDS advertiu que está
disposto a impugnar a candidatura de Jáder Barbalho para qualquer
cargo eletivo que venha a concorrer nesse, ou em qualquer outro pleito
eleitoral, caso o governador não preste informações,
relacionando suas "declarações de bens". O deputado
põe dúvida quanto a procedência dos bens atuais do
governador, especificamente relacionados às últimas aquisições
de Jáder Barbalho.
Eloy Santos citou um exemplo, do qual se disse vítima:
a compra pelo governador, da PRC-5, onde o deputado dirigia um programa.
Ele indagou a origem do dinheiro para a operação de compra,
para em seguida: investiguei cartórios públicos, nas agências
das loterias estadual e federal, na esportiva e na loto, se o novo adquirente
da emissora havia sido contemplado com alguma herança, doação
testamentária ou prêmios de jogos. Tudo foi negativo."
Observou para completar:
- Fui mais fundo ainda. Consultei os "búzios",
que não falham, e a resposta foi negativa". Relatou ainda
o parlamentar que partiu então para o confronto da declaração
de bens", e aqui disse ele suponho que o Sr. Barbalho
tema relacionar os bens que possui, pois as datas de aquisições
são posteriores à sua investidura no cargo de governador
do Estado.
Eloy Santos preveniu ainda que vai exigir o direito de
fiscalizar a aplicação dos 60 milhões de dólares
tomados por empréstimo para execução de arrojado
Plano de Obras em todo o Estado, além de recursos arrecadados,
que somam cifras monumentais. Segundo o parlamentar, o Pará, no
atual governo, já se endividou em montante acima da capacidade
dos compromissos assumidos.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
O parlamentar duvida, ainda, dos "milhões de cruzeiros"
aplicados "numa simples pintura asfáltica em cima da área
empiçarrada e compactada". Segundo ele, é claro que
isso é duvidoso. "Pois é aí que mora o perigo",
alertou, acrescentando que no setor de Educação, a despeito
da falácia da Televisão, induzindo os incautos de que há
excessos de salas de aulas para atender a demanda, milhares de crianças
estão praticamente marginalizadas nos planos de ensino estadual.
Para o deputado, é difícil obter resposta
para tão clarividente verdade nos dias atuais. Disse que a classe
política, considerada nos países civilizados como porta-voz
dos anseios populares, está descurando os objetivos de sua missão.
"A classe política está se deixando profanar pela instabilidade
nos ideais, que vende ou aluga aos poderosos", arrematou.
No fim, o parlamentar da PDS alertou que o povo do Pará,
continuará observando, fiscalizando e denunciando os cambalachos
político-administrativos, nas suas autênticas e verdadeiras
dimensões."
("O Liberal", 6.3.86, doc. 11.)
"Prefeito Rossi acusa Jáder de corrupção"
O prefeito de Osasco, Francisco Rossi, acusou ontem o
ministro da Previdência, Jáder Barbalho, de manter em sua
pasta "uma quadrilha organizada para saquear o erário público".
Rossi afirmou que "gente de Ministério" estaria se beneficiando
de um empréstimo de Ncz$ 88 milhões, da Previdência,
para a construção de um hospital em sua cidade. O próprio
ministro,
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
segundo o prefeito, teria participado de manobras para liberar
o pagamento de uma indenização quase duas vezes superior
ao valor real do terreno onde será construído o hospital.
Um dos acusados é o chefe de gabinete de Jáder, Mário
Alves."
("0 Estado de São Paulo", 20.1.90, doc.
12).
"Jáder Barbalho, o supercampeão!"
"Uma vitória inquestionável, Jáder
Barbalho, ex-governador do Pará, ex-ministro
e de novo candidato a governador, liderou o Campeonato
Brasileiro de Corruptos -Taça 171 - de ponta a ponta.
Quando lançamos este concurso Jáder era
considerado pelo pessoal da redação um cavalo azarão.
Tinha gente que apostava no Maluf, outros em Antonio Carlos Magalhães.
Os mineiros não abriam mão do governador Newton Cardoso.
Mas Jáder era considerado segundo time.
Surpresa. Logo na primeira quinzena recebemos dois tomos
de um livro chamado o "Escândalo do Aura - A Nova República
e a Justiça" que conta a história processual de uma
desapropriação escandalosa. E daí não parou
mais.
Os votos para os candidatos pipocaram de todo o Brasil.
Gente indignada escreveu cartas contestando que seus preferidos não
estavam na lista dos cinco mais corruptos. Recortes e documentos pintaram
contra dezenas de ladrões públicos que a comissão
julgadora colecionou, examinou e arquivou (tudo à prova de queima)
para próximas empreitadas do Pasquim
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Assim, a comissão julgadora encerra o concurso 171, declarando
Jáder Barbalho o vencedor. Estamos aqui querendo um voluntário
para entregar o troféu pessoalmente ao Jáder Barbalho no
Pará, durante o comício de encerramento de sua campanha.
Se você tiver coragem se habilite pois o Pasquim teve peito para
fazer o concurso, mas entregar o troféu são outros quinhentos.
Nem diante de um aumento de 100% no salário estimulou a rapaziada
aqui do Pasca. Pedimos então mais uma vez a colaboração
de nossos leitores. Se você estiver a fim, pagamos a passagem, estadia
e a urna funerária. O Fausto Wolff garantiu que manda uma coroa
de flores no enterro. E o Albino Pinheiro mandará rezar a missa."
"Os escândalos e denúncias contra Jáder
Barbalho são muitos. O homem recebia propina de todo o mundo, de
acordo com as denúncias publicadas em jornais de todo o país.
Sua mulher ganhou uma emissora de televisão quando era ministro.
E vai por aí.
Selecionamos quatro casos principais que levaram a comissão
julgadora decidir-se sem hesitação:
Escândalo 1
O caso Aurá
Primeiro chegaram dois livros. Depois dezenas de recortes.
O campeoníssimo Jáder Barbalho, então governador,
foi acusado de desapropriar uma área no Pará, alegando urgência
para construção de 35 mil casas populares. Jáder
pagou 8 bilhões de cruzeiros na época, quando valia a metade
de acordo com a avaliação da Cohab. Uma ação
popular impediu a transação
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
e já há uma sentença do juiz Pedro Paulo
Martins, da 15ª Vara de Feitos da Fazenda Pública Estadual
condenando o ex-governador.
Escândalo 2
O golpe da Comissão
Em 85, .Jáder é governador do Pará
e participa de uma transação esdrúxula no Banco do
Estado. Mandaram pagar ao Instituto Tecnológico de Brasília
a quantia de 350 mil dólares como antecipação de
uma comissão pela intermediação de um empréstimo
internacional de 20 milhões de dólares para aumentar o capital
do banco.
O valor recebido foi desdobrado em vários cheques
que nunca entraram na contabilidade do tal Instituto, mas um dos cheques
foi depositado na conta de João Francez Medeiros, de endereço,
profissão, local de trabalho, RG e CPF desconhecidos. Na mesma
hora o mesmo valor foi sacado da conta do fantasma João e foi parar
na conta de Hamilton Assis Guedes, diretor do Banco do Estado que havia
assinado o cheque, Hamilton hoje é candidato a deputado e, naturalmente,
apoiado por Jáder. Afinal parte do valor foi depositado numa conta
da agência Itaú, Jardim Botânico, Rio, que se acredita
seja de Jáder Barbalho.
O Banco Central está investigando, mas mesmo no Governo Collor
essas coisas demoram.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Jader Barbalho - O Brasil não merece
|
|
|
|
|
|
|
|
CÂMARA DOS DEPUTADOS
|
|
|
|
|
Escândalo 4
O Superfaturamento
Se pagar o dobro pelo valor das terras desapropriadas
já é um costume consagrado por Jáder, na Previdência
Social não poderia ser diferente. Na compra de 36 equipamentos
para exame de sangue houve um Superfaturamento que causou um prejuízo
de Ncz$ 160 milhões ao ministério, relativos à diferença
entre o pago e o preço real no mercado.
A denúncia foi feita pelo sindicato dos médicos
paulistas."
("Pasquim", 27.9.90, doc. 13).)
Não há dúvida, Senhor Procurador-Geral,
que a representação deve ser acolhida e a abertura de inquérito
civil providenciada com urgência, com a imperiosa ajuda da Secretaria
da Receita Federal.
Todas estas matérias, cujas cópias anexamos,
juntamente com outras, são apenas o ponto de partida de um novelo
que precisa ter um fim.
Toda uma comunidade clama por providências imediatas
e, respeitosamente, espera que o douto Ministério Público,
dando cumprimento à sua função institucional, abra
o inquérito civil público para que em toda a sua extensão
as dúvidas formuladas nos periódicos anexados sejam apuradas
em toda a sua profundidade e extensão e, após devidamente
comprovadas,
|
|
|
|
|