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Anexo III
Entrevista com empreiteiro que participava de esquema de corrupção no governo Jader

Jader Barbalho - O Brasil não merece

DEGRAVAÇÃO DO DEPOIMENTO DE JOSÉ MARCOS COELHO DE SOUZA ARAUJO

( 11 DE ABRIL DE 2000)

O SR. JOSÉ MARCOS DE SOUZA ARAUJO- - ..... comecei a trabalhar em consultoria, em diversas empresas. Mais ou menos em 1983, eu estava fora de Belém há muitos anos e estava desempregado e, casualmente, chegando a Belém, soube que o Brasil era o Secretário de Transportes do Governo do Jader e eu era muito amigo do Brasil, desde quando trabalhamos juntos, anos antes.

O procurei e ele disse que não tinha nada :

- "agora não tenho nada. O que posso fazer por ti é te arrumar algum serviço, mas não agora."

E assim foi, telefonei diversas vezes até que ele disse:

-" Pode vir."

E eu fui. Fui e comecei a fazer umas pontes de madeira e etc. e fui me entrosando melhor. Passei para a consultoria (?) e a exercer vistoria na construção. Foi quando começou a grande obra do primeiro governo do Jader, que foi a Belém-Marabá. Aí o Brasil... -a princípio ele tinha prometido uma parte do trecho para mim, uma parte do trecho para a e outra parte do trecho para, não me lembro o nome da empresa.

Um dia, na casa dele, o Jader me disse:

- Quem vai ter de ganhar a licitação da construção de toda essa estrada é a EIG Engenharia".


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- Eu fico chateado...

- Não, mas a EIG Engenharia vai ter de subempreitar com você uma parte.

Então, seria subempreitada uma parte com a minha firma, uma parte com a Maia Melo e outra parte com uma firma de Belém, que era de um rapaz que até já morreu, o Brito.

Bem, a Eig ganhou a licitação... Eu sei que esse Brito entrou na concorrência, para melar, e foi um bochincho tremendo na Secretaria de Transportes. O Brasil chamou o Brito e o fez retirar a proposta.

Retirou a proposta, a EIG ganhou e etc...

Uma coisa era até, achei, esquisita, porque não era preço, era percentual. Eu até disse: olha, é a primeira vez que vejo contrato de consultoria na base de percentual, porque vão ter dois pontos. Primeiro, quanto mais o empreiteiro fatura, mais aí eu, como construtor faturo. Esse é um ponto Mas, também tem o contraponto, sem trabalhar eu não faturo, como é que eu vou pagar o meu pessoal?

E eu falo isso como construtor. Lá no Norte nós temos um regime de trabalho em que se trabalha de março a novembro, mais ou menos, e de dezembro a março não se trabalha.

Então, como vou fazer durante a época em que as empreiteiras não faturarem? E se houver um trecho dividido em vários lotes, como eu vou ganhar um lote com uma empreiteira vagabunda, ela vai faturar pouco e eu vou ganhar pouco, com a mesma equipe que o meu colega vizinho, às vezes, vai ganhar com o percentual... O percentual dele é o mesmo, 7%, e o empreiteiro dele é bom, produz.

Bem, continuou... e ficou por isso mesmo.


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Tempos depois, eu ganhei um trecho de lá, através da EIG, porque ninguém podia ter contrato de construção livre, só quem podia ter era a EIG Engenharia. E a EIG tinha várias empresas, vários nomes Não me lembro, francamente, isso foi há mais de 20 anos. Mas, se for na Secretaria e se perguntar quem são os donos da EIG, todo mundo sabe.

Bem, como eu era muito amigo do Brasil, o Brasil tinha muita confiança em mim, e eu nele, eu comecei a fazer parte do esquema do pessoal que dirige as concorrências. O que aconteceu?

Todas as concorrência eram feitas no meu escritório, todas, todas, todas. O brasil me chamava e dizia:

- " Nós vamos licitar isso, isso e isso e quem vai ganhar esse trecho é fulano e esse é sicrano.

Eu tinha um contrato com um outro nome, que eles chamavam contrato de gaveta, para poder fazer esses serviços. Eu elaborava todos os editais, montava todas as concorrências e fazia as propostas para as firmas. Tinha os papéis com os impressos delas e eu fazia as propostas.

Bem, tinha coisas que eu fazia sabendo o que estava fazendo e tinha outras coisas que eu ficava surpreso. Houve uma vez em que o Brasil fez uma daquelas reuniões que ele fazia lá e determinou o seguinte:- " Tu vais pegar tal trecho, tal trecho tal trecho e nós vamos inaugurar tal dia, tal dia e tal dia. O José Marcos é que vai preparar as documentações.

A única empresa que disse que não queria nada, porque não tinha capacidade para fazer foi a Andrade Gutierrez.

Quando acabou a reunião, eu fui para a sala do Brasil e disse: - Brasil, tu não vais conseguir fazer isso não.

E ele perguntou: - por quê?


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Eu disse: - Tu não vais conseguir fazer porque não vais ter tempo hábil para inaugurar esse troço antes de terminar a licitação , porque o tempo que tu destes foi muito pequeno entre o início da obra e a inauguração. Nós vamos ter que montar o edital, publicar o edital, montar a concorrência... A não ser que se faça tudo no mesmo dia, assina a proposta hoje, assina o contrato hoje, faz a obra amanhã e paga depois de amanhã.

- Não me interessa saber do dinheiro. Quero saber da obra pronta.

Quer dizer, não havia intenção de pagar. Era vigarice.

- então, não vais pagar o pessoal?

Ele disse para mim:

- Tanto faz como tanto fez.

Bem, especificamente, existe uma obra... por exemplo, existe uma ponte na PA- 254, a ponte sobre o Rio Maicuru, essa ponte foi executada pela ENGENORTE, olha como foi feita essa licitação, foi feita com 3 ( três) editais, tomadas de preços para o mesmo dia ou dias próximos, um para a parte de fundação, outro para a parte de médio-estrutura e outra para a parte de superestrutura. Eu nunca vi isso na minha vida. É a mesma coisa que se construir um prédio de 12 andares e se realizar uma concorrência para a construção até o 4º andar, outra até o 7º andar e outra entre o 7º e o 12º andar. Se o cara que ganhar a parte entre o 7º e 12º andar quiser executar a sua parte, mas ou outros que ganharam as primeiras partes não as fizerem, ele vai poder realizar a dele? Quer dizer, é para dar para alguém! É para dar para alguém!

Outra coisa que eles faziam muito também eram aquelas verbas que vinham através do Ministério do Interior,


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eles prestavam contas em tomadas de contas - essas cotas são graciosas, são simplesmente pelo preenchimento de boletins. Você preenche um boletim e não precisa apresentar autorização nenhuma. E se você apresentar esse troço o Ministério aceita, mas estará se arriscando a sofrer uma fiscalização. O Ministério pode ir lá fiscalizar-.

Então, o que acontecia? Eles mandavam, em Brasília, dar um sumiço nos processos. E tinha lá um rapaz do Ministério do Interior - não me lembro mais o nome dele, que tinha um escritório atrás da Secretaria, numa rua atrás da Secretaria - e ele vivia na Secretaria de Transportes pedindo o aval do Diretor de Obras, Arnaldo Moraes Melo, era parente daquele ex- Deputado José Arnaldo, é sobrinho do José Arnaldo. Ele foi Diretor da Divisão de Obras, foi também, durante um certo tempo, Presidente da Comissão de Licitação, porque, como havia uma norma na SETRAN de que não se poderia ser Presidente da Comissão de Licitação mais de um ano seguido, ou dois, não me lembro bem, eles alternavam entre o Dr. Cláudio -não me lembro o sobrenome- e o Arnaldo. Um ano era o Cláudio e o outro era o Arnaldo e o Iraci Rodrigues. Mas o Iraci já morreu.

Eu tinha fitas gravadas, eu fiz muitas denúncias, mas nunca ninguém me deu valor. Eu joguei tudo fora. A minha agenda era cheia de telefones, mas já era. A primeira vez que alguém me dá bola é agora.

Então, havia uma obra, na BR-222, que é a antiga Belém-Brasília-Marabá, que era PA-70, depois passou para PA-50, hoje em dia é a BR-222. Pois bem, veio uma verba do Ministério do Interior especificamente para pagar a obra, - isso mais ou menos em 1985- e eles pagaram a EIG, porque pagando à EIG, metade do dinheiro iria para o Jader.


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Eu não posso provar isso, mas foi o que ocorreu.

Bem, pagavam à EIG e não tinham como provar que pagaram a empreiteira e a empreiteira reclamando que não recebia. E o Arnaldo foi enrolando, enrolando, enrolando até quando ele não tinha mais jeito e prestou contas com o nome da empreiteira. Aí, mandou o processo para Brasília e, em Brasília, não sei quem, no Ministério do Interior, extraviou esse processo arrebentou ou jogou fora...

Hoje em dia, o Brasil e o Arnaldo, não sei porque, estão no DNER, o que eles estão fazendo lá, não sei. Parece que foi o ex-Diretor do DNER, Saad, quem os colocou lá. Esta é informação que tive ontem, que Arnaldo Moraes Melo e Antonio Cesar Coelho Brasil estão no DNER

Eu sei de uma estória de um aeroporto que o Jader tem lá na fazenda dele, em Americana, no Município de Americana. Esse aeroporto quem fez foi uma firma de Belém chamada A Camelo Maraes, é o nome do dono, que é Antonio Camelo de Moraes, só que ele fez como se fosse uma obra da SETRAN. Foi uma outra empresa que deu o recibo para a fazenda dele, porque era necessário para homologar o aeroporto.

Eu sei também o seguinte, que o valor do recibo é muito inferior ao valor da pista, porque a fazenda dele não comportava o correspondente ao valor do empreendimento. A obra foi paga pela SETRAN, mas não foi paga como aeroporto não, foi paga em outro local que não sei qual foi.

O recibo do aeroporto, me parece que quem deu foi a C.R.Almeida, ou a C.R.Almeida ou uma outra empreiteira de Curitiba ligada, ou por amizade ou por interesse, com a C.R.Almeida. Eu sei que o nome da C.R.Almeida também não apareceu. Sei porque, na época, houve muita discussão justamente por isso ....


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Tenho aqui uma relação de empresas que ajudaram na campanha do segundo governo do Jader. Tudo foi pago em nome da Engevisa, que é uma firma do Brasil. Uma firma de consultoria começou a pagar camiseta, boné... Sei que a Engevisa pediram a falência dela porque ela não pode pagar e o Jader não pagou para ela e não sei se essa firma ainda existe ou não.

As pessoas que poderiam confirmar o que estou dizendo: a Creuza, que era a secretária do Brasil, essa aí não sei se vai confirmar o que estou dizendo. Vocês terão que perguntar em Belém. Se forem perguntar na testa, lá, não vão encontrar resposta. Essa Creuza era a secretária do Brasil na SETRAN. Dona Iolanda, era a secretária do Arnaldo na SETRAN.

Se se verificar o protocolo da SETRAN, vai-se verificar o seguinte: existiam muitas licitações que a numeração de origem era, por exemplo, o Memorando nº 49, 49-a, 49-b, 49-c, 49-d, por quê? Porque, precisavam legalizar, às vezes, uma obra que já estava pronta. Entrava-se com o processo num dia, com data de um mês atrás, como exemplo: o Memorando nº 50 era o memorando do dia seguinte ao pretendido, então, se pegava o memorando da véspera, do dia que precisavam, e se empregava b, c, d, e, f, g... Então, ao invés de fazer 49, 50, 51, se fazia 49, que era o último memorando do dia 2, e, no dia 3, começava com 50, o que se fazia era 49-a, 49-b... Então, você vai encontrar isso aí dezenas de vezes. Quem fazia essa jogada de memorandos era a Iolanda. Ela é quem era encarregada disso.

Quanto ao tipo de vida que eles levavam, de viagens, farras e etc. Tem uma moça que não era da Secretaria, era de uma empresa de turismo, a Dalva, era ela quem preparava as viagens deles para a Europa. O Antonio Brasil, durante muitos anos, sustentou o filho dele em Paris, fazendo mestrado.


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E o Jader recebia percentual de tudo, da EIG eu sei que era 50%. Toda obra lá, eram 10% de saída, pelo menos. Agora, fora as vantagens que eles tinham de fazer as obras, aviões emprestados da Andrade Gutierrez. Eles só viajavam em aviões da Andrade Gutierrez.

A mulher do Brasil dizia o seguinte para a minha mulher, que era um troço horrível quando o Jader queria dinheiro, que ele vinha em cima do Brasil, e o Brasil ficava doido, quando o Jader chegava e dizia: - Olha, eu quero tanto. O Brasil ficava doido enquanto não conseguia o dinheiro para ele. E os maiores fornecedores de dinheiro eram a Andrade Gutierrez e a EIG, que sempre foram as maiores fornecedoras de dinheiro.

Outro cara que também era muito chamado na casa do Jader. O Jader pedia dinheiro para ele pessoalmente era o Antonio Camelo de Moraes.

Se não tivesse dinheiro, não tinha obra. Agora, o problema é o seguinte também, todos nós dávamos dinheiro e no final não tínhamos dinheiro. Eu estou aqui, hoje, em dificuldade, e tenho muito dinheiro para receber no Pará. Quando chegava no fim do governo, ele não pagava as firmas pequenas e pagava as grandes, porque as grandes iam emprestar um volume de dinheiro na época da eleição.

Se se for ver os pagamentos feitos nos últimos dias de governo, só firma grande tinha dinheiro lá. Eu, por exemplo, cheguei a fazer um movimento lá no último governo dele, fui ao jornal e etc, porque nós não íamos receber nada.


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Eu era amigo pessoal do Brasil, de longa data, nós praticamente cortamos relações por causa disso, porque ele achou que eu não deveria ter feito isso. E eu disse: - Puxa Cara, eu me submeti a tudo e não vou receber o meu dinheiro? Vocês estão pegando o dinheiro de todo mundo aí, por que que eu não vou receber o meu dinheiro? Está certo, tu me destes serviço, eu ganhei o meu serviço, como todo mundo ganhou, mas eu executei o meu serviço. Todas as minhas faturas estão aqui, não tem nada aqui que não tenha sido executado. Está tudo de acordo com o nosso trato.

Eu tinha gravações com o Brasil, mas já apaguei tudo, porque tentei tantas vezes, escrevi para a Veja, escrevi para a IstoÉ, escrevi recentemente para os Senadores Pedro Simon e Emília Fernandes, não deram bola. Achei que estava perdendo tempo com isso aqui e acabei com todo o meu arquivo e ontem à noite, após nosso primeiro contato foi que comecei a tentar me rememorar das coisas. O que eu anotei são os nomes das pessoas que vocês podem confirmar, talvez tenha gente até com mais detalhes do que eu.

Tenho todos os empreiteiros da época aqui, isso é fácil. Por exemplo, a SEPRODAN, que foi a empresa de informática que informatizou a apuração paralela feita no segundo governo do Jader, embora seja uma empresa de informática, ela também fez muita consultoria de estrada, depois, tomou um prejuízo tremendo aí, porque não lhe pagaram. O Jader tinha esse negócio, ele achava que você deveria ficar agradecido por te tomar o seu dinheiro, te dar serviço e não te pagar.

E isso ele fazia na Secretaria de Transportes, através do Brasil.


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O primeiro contrato que eu peguei com ele, no segundo Governo, foi um contrato dividido, foi um contrato que teve três licitações, uma eu ganhei, a outra ganhou essa SEPRODAN e a outra ganhou uma outra empresa, que não sei o nome dela agora.

Essa licitação teve por finalidade fazer uma verificação em todas as obras executadas pelo governo Hélio Gueiros. E nada daquilo que nós apuramos - e encaminhamos aquele relatório- foi levado em conta. Havia discrepâncias enormes de volumes pedidos e volumes que realmente foram executados, distâncias, quantitativos totalmente mentirosos em relação ao que se encontrou nas obras e o que estava na medição, mas nada foi considerado, a única finalidade que tiveram aqueles contratos foi nos pagar, sei lá.

Sempre que se podia substituir uma concorrência pública por duas tomadas de preços se substituía, sempre que se podia substituir uma tomada de preços por convites se substituía, como foi feito com aquela ponte.

O cara da Andrade Gutierrez que tratava com ele diretamente era o Itamar.

Tem também uma ligação boa, mas eu não tenho muita coisa, com a Norberto Odebrecht, que lidava com ele era o Bonifácio. O quente mesmo era o Itamar, da Andrade Gutierrez. Eles tentaram envolver ainda a OAS, mas a OAS não deu bola para eles.

Tem uma firma de Pernambuco que também contribuiu muito para a segunda campanha dele, que foi a COBRASCA (?), que também levou ferro.

Os casos mais concretos que tenho para dizer são os casos das pontes e o caso do Ministério do Interior, que depende de entrar na central para ver, e esse caso das numerações dos memorandos.


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O SR INTERLOCUTOR- Eles chegavam e faziam essas divisões através de boletins?

O S JOSÉ MARCOS COELHO DE SOUSA ARAUJO- Não, mas é norma, é norma mesmo. Não faziam errado.......

Eram várias colunas em que se diz: longa rodovia, prefixo da rodovia, extensão, serviço realizado. A prestação de contas era essa. Agora, a aplicação do dinheiro era errada. Quando, depois de prestar contas, vinha uma fiscalização, eles pegavam e ficavam com o documento que entregavam à prestação de contas e davam fim no processo em Brasília, por intermédio de um funcionário do Ministério do Interiror. Então, não tinha como ir uma fiscalização, porque o processo não corria em Brasília.

Bem, se você vir a casa do Jader, na Fazenda de Americana, é um troço cinematográfico. Essa casa, até parece que já saiu na Veja uma vez, é uma coisa de cinema, toda de madeira trabalhada. Para se ter uma idéia, a mão de obra para fazer trabalho em madeira é... imagine se fazer uma casa com essas rosas aí, toda rosada, a fortuna que não é! E a casa tem três pisos, é um troço de louco. Lá nessa casa também, inclusive, ele fez a pista de pouso. E a CELPA fez uma rede elétrica até à fazenda. O posteamento vai da BR até dentro da fazenda, lá acaba, os outros fazendeiros não têm. Pode até ser que hoje até já tenha, mas na época não tinham.

Pessoas que tinham ligações mais diretas com o Governador, da SETRAN: quem mais tinha ligação com ele era o Brasil, realmente. E quem mais dava assessoria ao Brasil eram o Arnaldo e o Armando Mendonça, que era o cunhado do Brasil e Diretor Administrativo, e ainda o Cláudio Ferreira de Souza -lembrei o nome-, o Cláudio era o Diretor Financeiro.


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Esse era o pessoal que realmente dava cobertura, e mais aquela moça Creuza, que era secretária do Brasil, e a Iolanda, que era secretária do Arnaldo.

As firmas que mais eram ligadas ao Brasil - porque tudo da SETRAN era por intermédio do Brasil- somente a Andrade Gutierrez falava diretamente com o Governador, só as grandes empresas falavam diretamente com o Jader. Então, através do Brasil, tinham: a COIMPA; a Andrade; a Leal Júnior; ; o Camelo; a Engenorte já falei, a Esplanada; a Engevisa, que era dele mesmo, Antonio Brasil - a Engevisa nasceu depois que o Jader terminou o primeiro governo e ela ficou paralisada até a campanha do segundo governo e serviu de testa de ferro para as compras do material de campanha-; a Construtora Nazaré -que é do ex-Deputado Manoel Ribeiro-.

Bem, pessoal que fazia, para o Arnaldo, a parte de medições dentro da SETRAN: eram o Fernando Silva e a Conceição. O Arnaldo determinava que tal firma ia receber tanto, ia receber quanto, e eles tinham que montar a medição de acordo com a determinação, sem discutir.

A parte de empenho, quem lidava com a parte de empenhos era a Cátia. O Sr. se lembra daquele caso do cheque do Banpará?

O SR INTERLOCUTOR- Está paralisado o processo.

O SR JOSÉ MARCOS COELHO DE SOUSA ARAÚJO- Mas como é que ele consegue paralisar ?

O SR INTERLOCUTOR- Está nas mãos de um procurador.


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O SR JOSÉ MARCOS DE SOUSA ARAÚJO- Mas já tem tanto tampo, faz mais de dez anos isso. São esses troços que não consigo entender, a capacidade que ele tem de fazer paralisar as coisas Assim como ele paralisa esses processos dos cheques dele, ele paralisava os processos no Ministério do Interior.

O SR INTERLOCUTOR- O Sr. alguma vez levou dinheiro para ele?

O SR JOSÉ MARCOS COELHO DE SOUSA ARAÚJO- Não, dinheiro para ele não, eu levava dinheiro para o Brasil e para o Arnaldo.

O SR INTERLOCUTOR- Como era levado o pagamento?

O SR JOSÉ MARCOS DE SUSA ARAÚJO- Levava sempre em dinheiro.

O SR INTERLOCUTOR- Eram 50%?

O SR JOSÉ MARCOS DE SOUSA ARAÚJO- Não. Levava 10% das obras e ele recebia 50% só da EIG, o resto todo era 10%. Tinha gente que pagava 5%, era muito pequeno. A única vez que levei dinheiro foi para a senhora dele, Dona Elcione e foi lá dentro da obra social dela e foi publicamente, isso não foi segredo, todo mundo que estava ali viu e chegou uma moça lá e disse que o dinheiro era para pagar alguma coisa. Foi o único dinheiro que dei diretamente, mas que acho que teve uma aplicação boa.


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O que de mais importante que me lembrei foi isso. Foi o caso da concorrência da EIG, que houve uma confusão muito grande, que marcou bem o governo dele, em que fizeram uma ata e depois refizeram a ata para retirar a proposta da outra empresa. E é o que lhe disse, eu montei propostas para mim também. Eu também participei. Eu fui conivente com isso. Mas acho o seguinte, quando você é conivente, você, se comentam o assunto contigo, você cala a boca. Não pode dar uma de santo e esculhambar com o cara só porque ele está respondendo a uma CPI, porque ele é tão criminoso ou mais criminoso que os outros. E a estória eu sei realmente, só que eu não tenho como provar.

O SR INTERLOCUTOR- No Pará todo mundo sabe que ele é ladrão?

O SR JOSÉ MARCOS DE SOUSA ARAÚJO- Sabe, no Pará todo mundo sabe que ele é ladrão. Por que que o Brasil foi ser Deputado Federal? Ele teve um mandato, porque ele tinha pavor... O Brasil tem conta no exterior, tem conta na Suiça, que eu sei. O Arnaldo tem conta na Suiça. Se você for ver a casa do Brasil e a casa do Arnaldo, eles não poderiam morar do jeito que moram, eles não podiam, não tinham condições. Eu não tenho casa própria e o Arnaldo comprou uma casa minha na bufunfa. Eu fiquei doente, precisava vender minha casa com urgência, porque estava precisando de dinheiro para pagar minhas contas e ele comprou. Comprou a minha casa com o meu dinheiro e eu saí da minha casa e fui pagar aluguel.


 



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