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Delei, ex-herói, tenta conduzir Fluminense de volta ŕ elite
22h52 - 19/07/98

Jorge Henrique Cordeiro
Agência JB
No Rio de Janeiro

Aos 39 anos, o ex-jogador Delei assume o posto de técnico do Fluminense pela segunda vez num dos momentos mais delicados da história do clube, que luta para voltar à elite do futebol brasileiro.

Sem dinheiro e com jogadores que não animam nem o mais otimista torcedor, o Fluminense se prepara para estrear no domingo que vem na segunda divisão do Campeonato Brasileiro nas mãos de um dos mais combativos personagens das Laranjeiras.

Delei está na galeria dos heróis do Fluminense, ao lado de craques como Edinho, Rivelino e Carlos Alberto Torres. Sua foto está ao lado desses e de outros símbolos tricolores numa sala da diretoria do clube nas Laranjeiras. "Tem foto minha, é? Não sabia disso não..."

Para alguém que passou dez anos como jogador do Fluminense (entre 77 e 87), conquistou títulos importantes para o clube como os quatro estaduais (o título de 80 e o tri de 83 a 85) e o Campeonato Brasileiro de 84, um quadro sem moldura com uma foto em preto e branco é muito pouco.

Em campo, era um meio-campo habilidoso, que lançava como poucos. "Perdi a conta dos gols que fiz com lançamentos dele", disse uma vez o centroavante Washington, que formava o casal 20 do Fluminense com Assis, outro que se beneficiou com os longos passes de Delei.

Como em 83, quando aproveitou um lançamento de Delei aos 45min do segundo tempo para dar o primeiro título do tri da década de 80. Fora das quatro linhas, os adversários eram os contratos nem sempre condizentes à sua contribuição ao time.

As negociações com os dirigentes na hora de renovar sempre foram atribuladas; ficou meses sem jogar por conta disso. Protegido do guerreiro São Jorge, Delei crescia muito além dos seus 1,72m e 68 quilos quando negociava novos contratos e, por isso, foi aos poucos conquistando inimizades.

Talvez esteja aí a razão pela qual nunca fora lembrado para a seleção brasileira. Esteve lá apenas uma vez, em 84, pelas mãos do técnico Edu. O Brasil venceu o Uruguai num amistoso, Delei jogou bem, mas nunca mais voltou à seleção. "Não consigo entender. Às vezes, acho que jogo menos futebol do que penso." Ficou de fora das Copas de 82 e 86. "Se o técnico fosse o Zagallo (técnico do Fluminense em 80) , talvez eu tivesse uma chance, ele gosta de mim", disse à época da convocação feita por Telê Santana em 86. Estava no auge. Mesmo assim, o Fluminense o vendeu no ano seguinte para o Palmeiras - por problemas extra-campo. Há dez anos sem título, o Palmeiras enfim teve o gostinho da vitória com a conquista do primeiro turno paulista.

Mas problemas de saúde começaram a minar a saúde de Delei - uma virose quase o deixou cego do olho esquerdo. Foi mal no segundo turno e, depois de 15 meses, voltou ao Rio para outro clube que sofria com o jejum de títulos: o Botafogo.

Delei ficou menos de um ano e saiu antes do título de 89. Depois, os caminhos do futebol o levaram para Portugal (Beleneses), o trouxeram de volta ao Rio (Volta Redonda e América de Três Rios) e enfim, para casa de novo.

O Fluminense o recebeu em 94, primeiro como supervisor e depois como técnico, que levou a equipe ao vice-campeonato. Novamente saiu antes de um título: o Fluminense ganharia no ano seguinte o campeonato depois de nove anos. No ano passado, foi auxiliar do técnico Arturzinho no Brasileiro e retorna ao posto principal para tentar apagar uma página inglória da história do clube.

Jogo-treino - O Fluminense derrotou neste domingo o São Cristóvão por 2 a 0 em jogo-treino realizado nas Laranjeiras. O destaque foi o meio-campo Sídnei, que marcou um belo gol. Magno Alves fez o outro.



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