Agência JB
Em Belo Horizonte

O atacante Valdir derrubou o segundo técnico no Atlético em pouco mais de seis meses. Depois de provocar a queda do treinador Vantuir Galdino, em agosto passado, Valdir foi o pivô da demissão do treinador Ricardo Drubscky, que pediu as contas no sábado à noite, um mês após ser contratado para o lugar de Carlos Alberto Torres. No amistoso deste domingo em Manhuaçu, no interior de Minas, em que o Atlético venceu o Ipiranga por 3 a 0, o time foi dirigido pelo diretor de futebol Toninho Cerezo.

O conflito entre Valdir e Drubsky começou na quarta-feira, quando o atacante insultou o técnico após se recusar a treinar cobranças de pênaltis. Ele chamou Drubscky de treinador de juniores e lhe disse que "técnico bom é Emerson Leão", que o dirigiu, no mesmo Atlético, em 1997. Na sexta-feira, quando os ânimos pareciam serenados, Valdir criou novo caso ao saber que iria treinar no time reserva e não começaria o jogo deste domingo em Manhuaçu. Ele deixou o campo de treinamentos fazendo gestos contra Drubscky e, furioso, jogou as canaleiras no gramado.

Ricardo Drubscky, que era o treinador de juniores do Atlético, considerou a insubordinação de Valdir "indisciplina gravíssima" e entregou o caso para a diretoria. Valdir anunciou que deixaria o Atlético se fosse punido. Como a direção do clube não puniu o atleta, Drubscky considerou-se sem condições no comando do time e pediu demissão. "A situação ficou insustentável, O respeito ao comando e à hierarquia foram quebrados", explicou ele.

O presidente do Atlético, Nélio Brant, alegou que o clube não podia punir Valdir, pois deve mais de R$ 1 milhão ao jogador, entre luvas e salários atrasados. Ele disse também que o técnico deveria saber "engolir sapos" e não contribuir para "desvalorizar" um patrimônio do clube, no caso o atacante Valdir. "Com a dívida monstruosa do clube, o Atlético se transformou num refém do atacante Valdir", diz o jornal Estado de Minas.

O jogador também foi o pivô da demissão de Vantuir Galdino, no início do campeonato brasileiro do ano passado. O técnico entrou em rota de colisão com o poderoso Valdir por pretender colocá-lo na reserva até que ele recuperasse a forma. O então presidente Paulo Cury ficou do lado de Valdir e demitiu o treinador, que hoje está no América Mineiro.

O ex-zagueiro da Seleção Brasileira Toninho Cerezo é o terceiro técnico do Atlético em menos de um mês. Ele assumiu o posto interinamente e até hoje à noite vinha resistindo aos apelos do presidente Nélio Brant para ficar no cargo em definitivo. Cerezo foi o responsável pela demissão, em janeiro, do técnico Carlos Alberto Tôrres, que o acusou de querer o seu posto. Valdir jogou hoje em Manhuaçu e entrou em campo com a faixa de capitão do time, mas não fez gol.