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Palmeiras ganha um semestre para planejar Libertadores
19h10 - 31/05/98

Da Agência Folha, em São Paulo

Além do título da Copa do Brasil, conquistado neste sábado, com vitória sobre o Cruzeiro, os palmeirenses comemoravam o semestre a mais que terão para ajustar o time para a disputa da Taça Libertadores da América de 99. Ganham vaga na Libertadores os campeões da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro.

Como o campeão do Brasileiro só é definido no final do ano, o time de Luiz Felipe Scolari terá um semestre a mais que ele considera decisivo para colocar em prática o plano elaborado quando de sua chegada e que foi responsável pela sua contratação: a decisão do Mundial interclubes, em Tóquio. A final no Japão é disputada entre o campeão da Taça Libertadores e o campeão da Copa dos Campeões da Europa. Luiz Felipe Scolari já chegou à decisão quando comandava o Grêmio, em 95, contra o Ajax, da Holanda. O time holandês, à ocasião, venceu nos pênaltis.

"Agora o Palmeiras tem condição de se organizar por mais seis meses para ver se chega ao final do projeto que nós idealizamos quando o clube nos chamou", comemorava o treinador. Mas, enquanto o técnico e os jogadores festejavam, o presidente do clube, Mustafá Contursi, tentava serenar os ânimos com um discurso destoante, para evitar um possível relaxamento no segundo semestre, já que o objetivo maior fora atingido antecipadamente.

"A Libertadores é um projeto para o ano que vem. Vamos parar com essa história de Tóquio, pois temos a Copa Mercosul e o Brasileiro antes", pregava. O discurso de Contursi, porém, tendia mais à teoria, já que nesta quarta-feira dirigentes e comissão técnica do clube começam a definir os passos para que o "projeto Tóquio" seja bem-sucedido. Segundo o coordenador de futebol Paulo Angioni, reforços estarão na pauta. Entretanto, não quis adiantar nomes nem posições. Para a zaga, um nome certo: Júnior Baiano, que entrou na negociação envolvendo a transferência do lateral Pimentel ao Flamengo.

Sargentão

Para o técnico Luiz Felipe Scolari, além de a conquista ser o primeiro passo com êxito no plano de chegar a Tóquio, serviu também para amenizar as críticas que vinha sofrendo por seu estilo.

Durante o primeiro semestre deste ano, por diversas vezes o treinador teve atritos com jornalistas, chegando a agredir um repórter ao final de um treino. Mas, diferentemente da imagem que tem junto aos jornalistas, dentro do grupo de jogadores é visto como um paizão. "A gente tinha falado que ia ganhar esse título para ele", festejou o zagueiro Roque Júnior.

‘‘O Felipão (Luiz Felipe Scolari) merece pra caramba", fazia coro Paulo Nunes. Ao final do jogo, o técnico, chorando, foi abraçado por cada um dos atletas. Na sequência, eles levantaram o treinador. No vestiário campeão do Palmeiras, era possível encontrar amostras do estilo paternalista do técnico com os atletas. Em cada um dos pontos do vestiário onde os atletas se trocaram, o técnico afixou antes do jogo cartazes individuais com um mensagem de incentivo do psiquiatra e psicanalista Içami Tiba, com o título "As Portas". Ao final da mensagem _"...para a vida, as portas não são obstáculos, mas diferentes passagens."_, o técnico acrescentou: "Vamos transpor esta porta (a decisão) com amizade, trabalho, superação e amor. Felipão."

"Ninguém é sargentão, general, ou qualquer outra dessas coisas. Na verdade, eu sou o paizão que tem que cobrar. E se não cobrar, quando nós formos levantar a cabeça, estamos fora", explicava o seu conceito de trabalho Scolari. Na saída do ônibus da equipe do estádio, o treinador foi aclamado.

Os torcedores palmeirenses saudaram o técnico com o coro: "Au, au, au, Felipão é genial". De dentro do ônibus, Luiz Felipe Scolari acompanhava, gesticulando com as duas mãos, como a torcida costuma fazer nas arquibancadas.

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