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'Fogueteira' marcou Brasil x Chile de 89
22h26 - 23/06/98

Agência JB
No Rio

Num domingo de 1989, ela foi ao Maracanã com foguetes e bandeiras para ajudar o Brasil a vencer o Chile e conquistar uma vaga para a Copa do ano seguinte. Mas quase estragou a festa. A então desconhecida Rosenery Mello lançou um sinalizador no gramado, e o goleiro chileno Rojas simulou ter sido atingido. Ele mesmo se cortou com uma gilete e deixou o campo ensopado de sangue e mercúrio. Rosenery passou a noite na delegacia da Praça da Bandeira. Depois que a farsa foi desfeita, a fogueteira decolou para a fama. Posou para nua, ganhou algum dinheiro, mas hoje, aos 33 anos, ela se veste de vítima.


"Não creio que minha vida tenha mudado para melhor. Nunca tive ambição de ser famosa como modelo nem como artista. Talvez se tivesse aproveitado melhor. Mas acabou que eu é quem fui aproveitada", diz ela quase uma década depois, e às vésperas de mais um Brasil e Chile. O adversário já é uma velho conhecido até de seu filho Wanderson, de apenas 9 anos. Sempre que vê os chilenos na TV, o menino dispara: "Olha mãe, já vão falar alguma coisa da senhora".


E como falaram, até que o ator Rojas fosse desmascarado. O saudoso João Saldanha chegou a temer, pelo rádio, que o Brasil fosse eliminado na Copa. Depois, descobriu-se que o foguete, era um sinalizador da Marinha, incapaz de queimar ou ferir. Rojas foi punido com a expulsão definitiva do futebol e o Chile ficou quatro anos afastado de competições internacionais. "Ele teve muita coragem de se cortar todo. Hoje eu o perdôo o Rojas", diz a fogueteira, que na verdade é secretária.


Fogos nunca mais, mas de futebol ela continua gostando. "Sempre fui uma torcedora doente. O Brasil vai dar uma lavada no Chile por 3 a 1, com gols de Ronaldinho, Bebeto e do Denílson, se ele entrar", diz, mostrando que entende do assunto. Há cerca de dois anos, ela visitou o Chile para celebrar a paz entre os dois países. Pelo que viu, Rosenery acha que o sentimento chileno para o jogo de sábado não é de revanche. "Eles têm vergonha do que aconteceu e querem o nosso perdão". Aqui no Brasil, Rosenery já foi perdoada. Mas numa semana de um Brasil e Chile, e em plena época das festas juninas, é impossível esquecer da fogueteira.

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