BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Parmalat do Brasil, Ricardo Gonçalves, admitiu nesta quinta-feira pela primeira vez que a venda da empresa é uma das alternativas para garantir a sobrevivência da companhia, num momento em que a crise financeira se agrava e a paralisação nas fábricas avança.
"Nós podemos trabalhar no sentido de poder resgatar essa companhia", disse Gonçalves durante audiência na comissão da Câmara criada para investigar a crise na Parmalat.
Ele acrescentou que outra opção é que ela seja "entregue a um interessado que possa vir a comprar a Parmalat".
Uma fonte próxima à companhia afirmou na quarta-feira que o grupo tem recebido manifestações de interessados em adquirir a Parmalat Brasil S.A Indústria de Alimentos, unidade operacional no país.
A empresa, em dificuldade financeira desde a revelação do escândalo contábil na matriz italiana em dezembro, pediu concordata na semana passada. Com falta de matéria-prima e de recursos para comprar insumos, a produção nas fábricas da empresa vem sendo interrompida.
"Estamos buscando uma medida provisória que nos permita, com nossos próprios ativos, financiar nossa operação, e não buscar um ajuda do Estado. Nunca propusemos isso", afirmou Gonçalves aos deputados.
Muitos dos parlamentares presentes na audiência consideram que o representante da Parmalat no país não falou tudo o que sabe sobre a situação da empresa. "Há uma falta de vontade de passar a informaçãao que estamos precisando", disse o deputado João Grandão (PT-MS).
O presidente da Parmalat do Brasil deveria ter feito apresentação aos deputados sobre a situação da empresa por 30 minutos, mas falou durante oito minutos.
(Por Andrew Hay, texto de Cesar Bianconi)