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  Entrevista


Silvio Meyerhof
Olimpus diversifica produção e aposta nas exportações
Na tentativa de driblar a crise que afeta o setor automobilístico, a fabricante nacional de antenas para automóveis Olimpus decidiu diversificar seu portfólio de produtos e elevar a participação das exportações no faturamento da companhia de 10% para 12%. Uma das recentes apostas da Olimpus é o Fast Block, um bloqueador de ignição para motos lançado em maio deste ano. Até o final de 2003, a empresa tem intenções de colocar no mercado um rastreador via satélite com transmissão de voz, dados e imagens.

Em entrevista concedida ao UOL Business, Silvio Meyerhof, presidente da Olimpus, também fala sobre a concorrência com produtos piratas e os excessivos impostos que incidem sobre o setor produtivo. "A utilização de um sistema trabalhista obsoleto no país, em que o empregador chega a pagar mais de 100% de encargos sobre o salário de cada funcionário, incentiva a fuga para a informalidade", afirma o empresário.

 
Foto: Ivan Luis Gomes
Foto: Ivan Luis Gomes
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UOL Business - De que forma a crise pela qual passa o setor automobilístico tem afetado os negócios da Olimpus?
Silvio Meyerhof
- Tivemos uma redução nas vendas em relação ao ano passado, mas em contrapartida temos lançado novos produtos para manter o faturamento. Além das antenas, trabalhamos com alarmes, desenvolvemos uma linha de bloqueadores para automóveis e pretendemos lançar, no segundo semestre, rastreadores via satélite com transmissão de dados, voz e imagem com tecnologia GSM/GPRS. Também temos intenção de ampliar nossas exportações.

UOL Business - O alarme para motos lançado pela Olimpus também se encaixa nesse contexto?
Meyerhof
- Sim, é uma forma de diversificar.

UOL Business - Essa retração gira em torno de quanto?
Meyerhof
- Algo em torno de 8%.

UOL Business - A Olimpus fornece antenas para todas as montadoras nacionais?
Meyerhof
- Fornecemos para quase todas as montadoras nacionais - exceto Peugeot, Honda e Toyota - e para praticamente todos os modelos.

UOL Business - Que estratégias estão sendo usadas para aumentar as exportações?
Meyerhof
- Contratamos novos profissionais em toda a América Latina, Europa e Ásia, buscando nos aproximar mais dos clientes potenciais, e apostamos em um custo agressivo na exportação. Atualmente exportamos para Estados Unidos, México, Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai, Alemanha e China. Agora pretendemos expandir nossos negócios na Europa, até por uma questão econômica, já que o euro está bastante valorizado. Mas também porque a linha de montagem européia é mais semelhante à brasileira do que a linha norte-americana, o que facilita esse tipo de intercâmbio. No ano passado as exportações responderam por 8% do faturamento da empresa, hoje está em torno de 10% e queremos fechar o ano em 12%.

UOL Business - A Olimpus oferece treinamento técnico para os instaladores de acessórios. Esse treinamento é gratuito?
Meyerhof
- Sim, e é oferecido em várias partes do Brasil. Reunimos os instaladores de determinada localidade em um hotel e oferecemos treinamento durante o dia todo. Além de qualificar a mão-de-obra, o treinamento nos é vantajoso também do ponto de vista econômico, porque muitos dos produtos que retornam à fábrica como se tivessem problema de fabricação na verdade foram apenas mal instalados. Os programas de treinamento tiveram início em 1997 e até hoje já certificaram cerca de 2,5 mil profissionais.

UOL Business - Existe no mercado uma grande quantidade de produtos piratas. Como a Olimpus lida com isso?
Meyerhof
- Existe um modelo de antena que fabricamos, que é instalada no vidro do carro, e há mais ou menos 40 fabricantes que fazem um produto semelhante ao nosso, produtos que chamaríamos de pirata. A pirataria está presente em todos os segmentos e não temos muitas alternativas para lidar com isso, porque todas essas empresas trabalham na informalidade. Você pode até ocasionar o fechamento de algumas, mas depois aparecem outras. Acredito que o fenômeno seja conseqüência do momento econômico que estamos vivendo.

UOL Business - A pirataria tem se expandido rapidamente, como vem ocorrendo no mercado de CDs?
Meyerhof
- Esse mercado sempre cresce. E quanto mais excessivos forem os impostos sobre as empresas formais, maior a fuga para a informalidade. É o que acontece hoje, com a utilização de um sistema trabalhista obsoleto no país. No México, por exemplo, o empregador paga 36% de encargos sobre o salário de cada funcionário. No Brasil esse valor chega a mais de 100%. Então, evidentemente, quando alguém quer investir, vai para o México, não vem para o Brasil.

UOL Business - Qual é o principal produto da empresa, o líder em vendas?
Meyerhof
- O modelo líder são as antenas de teto, colocadas na parte traseira do carro e que têm um amplificador interno. Já houve outras épocas em que as antenas de vidro é que lideravam as vendas. As antenas, que antes eram produtos mecânicos - antenas telescópicas ou elétricas -, hoje são produtos totalmente eletrônicos. A própria fábrica, que foi montada e estruturada para uma produção mecânica, teve que ter sua linha de produção totalmente reformulada, enfatizando agora a parte eletrônica.

UOL Business - Os principais clientes da Olimpus são apenas as montadoras ou a venda para o consumidor final também é relevante?
Meyerhof
- Dividimos o mercado em três partes. Aproximadamente 45% da nossa produção de antenas vai para a linha de montagem da indústria automobilística. Outros 45% destinam-se ao mercado de reposição, formado principalmente por carros populares - que saem da fábrica sem antenas - e são distribuídos por representantes comerciais, distribuidores e atacadistas. E por último tem os 10% de exportação, que hoje se concentram nas vendas para a Volkswagen da Alemanha, equipando o Golf, o Passat e outros modelos.

UOL Business - Quais as metas da Olimpus para este ano?
Meyerhof
- Se alcançarmos o mesmo faturamento do ano passado, já estará ótimo.

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