Publicidade

 
UOL Business - Volta à página principal
 
  Entrevista


Cláudio Miccieli
Giraffas foca expansão na
região sul do país
Não vai muito longe o tempo em que o nome Giraffas só era conhecido pelos brasilienses. Hoje, no entanto, a rede de lanchonetes criada em 1981 não só ocupa a quarta posição no ranking nacional em número de lojas como também segue firme na sua estratégia de expansão por meio de franquias.

Com mais de 120 lojas espalhadas pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e Paraíba, o Giraffas prevê a inauguração de mais 20 unidades franqueadas até o final do ano e a entrada em praças como Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina. Com isso, a empresa já projeta um faturamento 38% maior que em 2002.

Em entrevista concedida ao UOL Business, Cláudio Miccieli, um dos seis sócios da Restpar Alimentos Ltda., que administra a marca Giraffas, falou sobre o perfil do franqueado da rede e suas principais dificuldades. "A fase mais crítica é aquele momento de transição, que vai da assinatura da franquia até 3, 4, 5 meses depois da loja inaugurada."

 
Foto: Ivan Luis Gomes
Foto: Ivan Luis Gomes
Foto: Ivan Luis Gomes
Mais informações sobre:
- O entrevistado
- A empresa
- O segmento
UOL Business - O Giraffas chegou a ter mais unidades no Nordeste, mas acabou fechando-as. Por quê?
Cláudio Miccieli - Saímos do Nordeste há cerca de 4 anos, no momento em que decidimos investir e focar esse mercado do Sudeste, no eixo Rio-SP. Até por uma questão de otimização de recursos e capacidade de supervisão, de atendimento aos franqueados, resolvemos concentrar nosso foco nos grandes mercados para depois irradiar para outras praças. Tivemos uma boa aceitação da marca e dos produtos. Prova disso é que já temos hoje 37 unidades no estado de São Paulo e 18 unidades no Rio.

UOL Business - Então ainda existe a possibilidade de o Giraffas voltar a atuar no Nordeste?
Miccieli - Lógico. O Nordeste é um bom mercado. A decisão de sair de lá foi uma questão de prioridade logística. Do ponto de vista do esforço, da energia gasta para você expandir a rede, com certeza o eixo Rio-SP foi mais favorável do que o Nordeste naquele momento. Hoje nós somos bastante procurados por pessoas que querem abrir em Recife, Salvador, mas ainda não é o momento. Quando resolvemos focar nosso negócio e administrar a marca decidimos primeiro criar condições para depois expandir. Fizemos investimentos nesses dois últimos anos não só contratação de pessoal para SP e Rio como também abrimos escritórios para dar esse suporte. Porque se ficássemos lá em Brasília suportando um crescimento desses pela internet seria meio complicado.

UOL Business - UOL Business - Ao que você atribui esse rápido crescimento?
Miccieli - Existem vários fatores. Primeiro, o fator interno, de o nosso produto ter uma excelente aceitação, uma excelente qualidade, a um custo bastante atrativo. Essa seria a visão do cliente final, o consumidor. Na visão do franqueado, a nossa franquia tem um custo de investimento bem menor do que outras redes que atuam no mesmo segmento, ou seja, o custo de montagem de uma loja Giraffas é bem mais acessível. Em terceiro, o investimento que a Restpar fez na marca ao longo desse período, ou seja, o investimento na tecnologia de franquia, na assistência ao franqueado, na parte de capacitação, em marketing, no desenvolvimento de novos produtos e equipamentos, tudo isso resultou não só no crescimento da rede como também no reconhecimento. Ganhamos vários prêmios ao longo desse período. No ano passado, por exemplo, fomos TOP of Mind em Brasília no segmento lanchonetes. Acho que pela primeira vez na história - não só de Brasília mas talvez do Brasil - uma lanchonete tenha ficado à frente do McDonald's numa pesquisa espontânea. Outra chave para o sucesso da nossa marca é a parceria com os fornecedores, em especial os nacionais, como Coca-Cola, Perdigão, McCainn, a empresa de logística Fast-Food etc. Sem elas, nós não teríamos conseguido expandir na velocidade e com a qualidade que expandimos. Além disso, há o fator da estabilidade econômica, que é um fator externo inegável. Nos últimos oito anos, tivemos um ambiente externo favorável e propício ao crescimento da rede.

UOL Business - O aumento do desemprego também não tem contribuído para que um número maior de pessoas pense em ter um negócio próprio?
Miccieli - Eu não diria o aumento do desemprego simplesmente. O que existe, de fato, são vários franqueados oriundos de PDVs - planos de demissão voluntária, ou seja, um tipo de desemprego planejado, em que a pessoa opta por deixar um emprego muitas vezes seguro para vir para abrir um negócio próprio, no caso uma loja franqueada.

UOL Business - Quais os erros mais comuns de um franqueado que não dá certo?
Miccieli - Existem vários motivos de insucesso de franqueados - não de franquias. Um deles é aquele franqueado que tem capital para investimento aplicado no banco e está insatisfeito com a rentabilidade de um fundo DI que está dando menos de 1% ao mês. Aí ele vê uma propaganda de uma franquia que dá uma rentabilidade de 10%, 15%, e acha que aquilo ali é líquido, certo e garantido. Só que não é assim que funciona. Se ele não tiver tempo disponível, não tiver espírito empreendedor, não estiver disposto realmente a tocar o negócio, é melhor ele deixar o dinheiro no banco. Existe também aquele que se torna franqueado porque o filho ou um parente está desempregado. Ou seja, ele está disposto a aplicar, mas é preciso saber se a pessoa que vai assumir o negócio realmente quer, gosta, está disposta, tem perfil para aquilo ali.

UOL Business - No setor de alimentação, isso é pior?
Miccieli - Não, independentemente do setor, qualquer negócio que você abra no esquema de franquia é assim. Porque a franquia pressupõe que você terá um "dono" dentro da loja tocando o negócio. Você vai ter um parceiro, um sócio... Porque se é para entregar nas mãos de terceiros é melhor colocar gerentes para administrar o negócio, ou seja, ter lojas próprias.

UOL Business - A taxa de franquia de 40 mil reais do Giraffas não é a das mais baixas do mercado. Ao que você atribui esse valor?
Miccieli - A todo o investimento, o apoio que damos ao franqueado. Você pode não entender nada de franquia, nada de alimentação, porque nós entregamos todo o projeto civil e de instalações da loja, fazemos aprovação do ponto, acompanhamos todo o período de montagem, fazemos a seleção e o treinamento do pessoal, acompanhamos toda a solicitação e contratação de equipamentos e material, ou seja, o nosso suporte começa desde o momento em que você assina a franquia até a inauguração da loja e depois, obviamente, da loja funcionando.

UOL Business - Nesse processo todo, o que você vê como principal dificuldade para o franqueado?
Miccieli - Eu diria que é justamente aquele franqueado que nunca teve um negócio de alimentação. Não é que ele dê mais trabalho, mas ele tem as suas especificidades, tem sua legislação, tem suas regras. Além disso, você tem toda a questão de gerenciamento de processos da loja, de rotinas, de pedidos de mercadorias... Embora a gente dê todo o apoio de logística, o franqueado tem de saber o momento de fazer, como fazer o pedido etc. Então, a fase mais crítica é aquele momento de transição, que vai da assinatura da franquia até 3, 4, 5 meses depois da loja inaugurada. É quando que a gente tem de estar ali, de mãos dadas com o franqueado o tempo todo, até ele adquirir ritmo e alçar vôo.

UOL Business - Qual o perfil do franqueado do Giraffas?
Miccieli - É bem variado. Temos muitos homens, mas também temos muitas mulheres atualmente. Eles estão na faixa dos 30 anos ou mais, normalmente têm nível superior, já trabalharam, alguns estão se aposentando ou saindo das empresas por esses planos de demissão voluntária, vários já tentaram outros negócios e não deram certo ou outros negócios até que deram certo e estão expandindo.

UOL Business - Esse perfil mudou nesses últimos anos ou não?
Miccieli - Eu diria que o perfil do franqueado vem aprimorando talvez mais por uma seleção nossa do que propriamente pela procura do franqueado. Acho que ao longo desses 20 anos aprendemos a selecionar os nossos franqueados melhor, com critérios mais apurados.

UOL Business - Quais são as metas do Giraffas para 2003?
Miccieli - Vamos começar a atuar em outros estados. Nossa meta é abrir mais 20 unidades este ano [20 já foram abertas]. Estamos abrindo agora, ainda neste semestre, no Espírito Santo, depois vamos abrir no Paraná e em Santa Catarina. Em termos de faturamento, nossa previsão é crescer 38% em relação ao ano passado. Em breve também teremos uma série de novidades na linha de grelhados. Vamos lançar o contrafilé grelhado, a costelinha de cordeiro grelhado, o Croc Burguer, um sanduíche empanado de carne.



Clique aqui para ler mais entrevistas do UOL Business.