Por que você não se sente seguro?
FABRIZIO RIGOUT
da Redação
Dia 19 de agosto, um menino de 10 anos assaltou um
banco em São Paulo. Enquanto os adultos apontavam
revólveres para o gerente, ele
recolheu o dinheiro. Você teria motivo ou coragem para
fazer a mesma coisa?
Não é certo que uma pessoa, seja criança ou adulto,
ameace a vida de outra. Mas
há explicações para esses crimes.
Para o juiz Luís Fernando
Vidal, muitas pessoas escolhem o crime porque sofreram alguma forma de violência quando eram pequenas:
``É o caso dos meninos de
rua. Alguns comerciantes
acham que todos eles são
bandidos e pedem para a polícia expulsá-los. Isso também é uma violência.''
Crianças estão envolvidas
em atos violentos também
como vítimas (veja quadro).
Muitas buscam a proteção
dos shoppings. ``Tenho medo de brincar na rua por causa dos ladrões'', diz Priscila
Cristina, 11.
``Vamos ficar no shopping
sozinhos até as oito da noite'',
completa Thaís Palma, 8.
Mas seu irmão Fernando teme um crime menos comum,
o rapto: ``Tenho medo dessas
pessoas que levam a gente
embora para vender''.
Violência tem duas caras
PAULO MESQUITA NETO
especial para a Folhinha
A violência é uma ação de
uma pessoa contra outra
com o objetivo de matar,
machucar ou agredir.
Algumas vezes a violência
é planejada e tem o objetivo
de forçar uma pessoa a fazer alguma coisa que ela
não quer.
Outras vezes, a violência
não tem um objetivo claro.
É apenas uma reação de
uma pessoa com medo ou
desesperada contra alguém
que está próximo.
Casa e comida
Para diminuir a violência,
é preciso punir as pessoas
que têm intenção de usá-la
para atingir seus objetivos.
Mas não adianta nada só
punir as pessoas que são
violentas.
Muitas pessoas matam ou
roubam porque têm muito
medo de serem agredidas
ou mortas ou estão passando necessidades.
Nesses casos, é preciso
que as pessoas tenham família, amigos, casa, comida, escola, hospitais, trabalho e parques públicos.
Precisam também de polícias competentes, bons
governantes e leis justas.
Daí elas vão saber como
vencer as necessidades e o
medo sem matar ou roubar.
Esconder-se não resolve
Também não adianta tentar escapar da violência
morando em apartamentos
ou em casas cercadas por
muros e andando de carro
com as janelas fechadas. Isso não diminui a violência
nem o medo.
Além disso, ninguém
passa a vida toda dentro de
casa e dentro do carro com
as janelas fechadas. Muita
gente nem tem casa e carro.
O que você acha que podemos fazer para diminuir
a violência? Converse com
seus amigos e escreva para
a Folhinha dando sua sugestão.
Paulo Mesquita Neto é pesquisador
do Núcleo de Estudos da Violência da
Universidade de São Paulo (USP).
Fale com a Folhinha: folha@uol.com.br