Muita pele atrapalha a limpeza
MIRNA FEITOZA
da Redação
Cerca de um em cada cinco
meninos precisa fazer uma
cirurgia chamada circuncisão, para retirar um excesso
de pele que cobre a cabeça do
pênis. Essa pele, chamada
prepúcio, é muito apertada e
impede que os meninos façam a higiene do pênis.
"Normalmente, a pele é
mais aberta e deixa sair a
glande (cabeça do pênis)" ,
diz o cirurgião-pediatra Uenis Tannuri, professor da Faculdade de Medicina da USP.
Meninos que têm esse problema sofrem de fimose.
Geralmente, a mãe descobre o problema logo nos primeiros meses de vida, durante o banho do neném. Ao limpar o pênis do menino, ela
sente que a pele é apertada e o
bebê chora de dor.
Quem não faz corre riscos
Limpar o resíduo da
urina é o principal motivo de se fazer a circuncisão. Portanto,
quem precisa fazê-la e
não faz, corre riscos relacionados à falta de higiene -como infecções nas vias urinárias
(pênis, bexiga e rins).
A cirurgia dura de 50
minutos a uma hora, e
o paciente tem alta no
mesmo dia. Depois, é
só tratar com banhos
diários, pomada e remédio contra dor.
Uma alternativa à cirurgia é massagear o
pênis com água morna
durante o banho. Se
não resolver, a solução
é operar.
Bebê também faz
da Redação
Alguns médicos acham que
a cirurgia deve ser feita no
primeiro ano de vida. "A cirurgia é mais fácil de fazer",
conta o cirurgião-pediatra
Uenis Tannuri.
O pediatra João Coriolano
Barros, responsável pelo berçário do Hospital das Clínicas, recomenda cirurgia a
partir dos seis anos. "Quando a criança é pequena, ela
não deixa fazer os curativos",
justifica.
Mas, nos primeiros meses de
vida, os pais devem esperar
um pouco. Pode ocorrer uma
abertura natural.
Meninos têm medo
da Redação
Muitos meninos ficam ansiosos. "Estou com medo",
diz Alexandro Navarro, 9,
que vai fazer a cirurgia.
Quem já passou por ela,
acha fácil. "Não é difícil, não
dói", conta Leonardo Lembo,
9, que fez aos cinco anos.
Ele, que ganhou festa no dia
da cirurgia, não entende porque seus primos Marcos, 11, e
Fernando de Oliveira, 8, ainda não fizeram. Fernando diz
que ter excesso de pele não
"incomoda nada", enquanto
Marcos garante estar preparado. "Já fiz cirurgia uma
vez", afirma.
Religião obriga o corte
da Redação
Entre judeus e muçulmanos,
a cirurgia segue a religião.
Os judeus devem fazê-la no
oitavo dia de vida, numa cerimônia chamada Brit Mila
(ato da circuncisão). Além do
bebê, participam o Mohel
(que faz a cirurgia), o pai, o
padrinho e a madrinha.
O ritual revive uma passagem bíblica: Abraão recebe
uma mensagem de Deus para
circuncidar a si e a seu povo.
Os muçulmanos não têm
cerimônia. Eles seguem a tradição de Abraão, somada à
orientação do profeta Maomé. No caso deles, a circuncisão é para preservar a higiene
e o corpo. Deve ser feita por
um médico até o primeiro
ano de vida.
(MF)
Editoria de Arte/Folha Imagem
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