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Todo dia é dia de sofrimento e dor

Associated Press
Menino africano hutu, no hospital de Gesenyi


MARCELO MUSA CAVALLARI
da Redação

O dia 1º de janeiro é o Dia Mundial da Paz. Mas muitas pessoas no mundo não terão muito o que comemorar.
Para quem mora em países que estão em guerra, o dia 1º vai ser igualzinho a outros dias de sofrimento e medo. As armas de guerra causam muita morte e destruição.



Na África, tutsis e hutus não param de brigar

Associated Press
Multidão de africanos hutus deixam campo de Mugunga, no Zaire, e voltam para Ruanda


da Redação

As pessoas que mais estarão sofrendo por causa da guerra nesse início de ano são as que moram num pedaço da África conhecido como região dos grandes lagos.
Aí ficam Zaire, Ruanda, Burundi, Uganda e Tanzânia.
Dois povos dessa região brigam entre si há muito tempo: os tutsis e os hutus.
Há tutsis e hutus em todos esses países, mas principalmente em Ruanda e Burundi.
Os tutsis mandam em Ruanda e em Burundi, embora os hutus sejam a maioria em ambos os países.
Preparam vinganças
Cada vez que um grupo toma o poder, o outro foge para algum país vizinho.
Aí, ficam se preparando para voltar e se vingar.
Em 1994, os hutus mandavam em Ruanda.
Um grupo de guerrilheiros tutsis que vivia em Uganda invadiu o país e tomou o poder.
Mais de um milhão de pessoas morreram nesses conflitos. Quase dois milhões de hutus fugiram de Ruanda para o Zaire.
Briga de novembro
Em novembro passado, um grupo de tutsis do Zaire atacou a região em que hutus estavam morando desde que fugiram de Ruanda.
Milhares de hutus voltaram a pé para suas casas ou foram para a Tanzânia.
Faltam comida e higiene
Muitas dessas pessoas, que nem tinham nada a ver com a guerra, foram mortas.
Muitas outras morreram de fome ou de doenças porque, quando estão fora de seu país, nos acampamentos de refugiados, vivem em condições muito ruins, com pouca comida e remédios, pouca água e pouca higiene. (MMC)



Não obedecem ao acordo de paz de 1994

da Redação

Também no Oriente Médio não haverá muita paz para festejar no dia 1º de janeiro de 1997. Lá, israelenses e palestinos continuam em conflito, apesar de um acordo de paz assinado em 1994.
Quando dois países ou grupos em guerra assinam um acordo de paz, eles combinam coisas que cada um terá de fazer para a briga acabar.
Brigam desde 1947
Israelenses e palestinos brigam desde 1947.
Naquele ano, a Organização das Nações Unidas decidiu que haveria dois países na mesma região, um para judeus e outro para palestinos.
Os judeus fundaram Israel e os palestinos não aceitaram a decisão, porque queriam a região toda para si.
Os territórios dos palestinos foram então tomados pela Jordânia e pelo Egito, dois países árabes vizinhos.
Em 1967, Israel atacou seus vizinhos e ocupou os territórios palestinos na Guerra dos Seis Dias.
Acordo de paz
O acordo de 94 foi feito para resolver essa situação.
Israel tinha de sair das cidades palestinas que ocupou na Guerra dos Seis Dias.
Os palestinos teriam de tomar conta para que não houvesse ataques contra israelenses.
Um não confia no outro
Israel ainda não devolveu a cidade de Hebron, como tinha ficado combinado.
Os israelenses dizem que a polícia palestina não vai conseguir cuidar dos judeus que moram lá.
Se isso não for resolvido, todo o acordo pode ir por água abaixo, e israelenses e palestinos voltarão a se enxergar como inimigos. (MMC)



O primeiro dia de paz, desde 1991

Associated Press
Protesto de estudantes na Coréia do Sul


da Redação

Na Bósnia, o dia 1º de janeiro de 1997 vai ser o primeiro festejado com alguma paz desde 1991.
Naquele ano, a Bósnia quis se tornar um país independente. Antes, ela fazia parte da Iugoslávia, país formado por outras cinco repúblicas.
O problema é que, na Bósnia, moravam pessoas de três grupos.
Os sérvios, que são cristãos ortodoxos e escrevem com letras iguais às dos russos.
Os croatas, que são católicos e escrevem com letras iguais às nossas.
E os muçulmanos, que mudaram de religião quando o país foi invadido pelos turcos, há muito anos.
Os sérvios queriam que o pedaço da Bósnia em que eles moravam ficasse com a Iugoslávia.
Os croatas queriam que o pedaço em que eles moravam ficasse com a Croácia, que já era independente. Os muçulmanos queriam que a Bósnia não fosse dividida.
Aí começou uma guerra muito sangrenta que matou muita gente e destruiu boa parte do país.
Acordo de paz em 94
Em 1994, os três grupos fizeram um acordo de paz. Eles decidiram fazer um governo com representantes de todos. Também dividiram áreas em que cada grupo iria morar.
Embora as coisas não estejam ainda muito arrumadas, pelo menos a guerra acabou.
Acontecem algumas brigas entre sérvios e muçulmanos, principalmente.
Mas os exércitos já não estão em combate. Para tomar conta das coisas enquanto não se acalmam de vez, vários países, como Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido mantêm soldados na Bósnia. (MMC)



Não há guerra, mas também não há paz

Há um lugar em que não há guerra faz bastante tempo, mas também não há paz. E as coisas estão se complicando.
É na península em que ficam a Coréia do Norte e a Coréia do Sul. A Coréia era um país só, mas foi divido depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A Coréia do Norte é comunista e a do sul é capitalista.
A guerra entre os dois países, da qual participaram também os EUA, a China e a URSS, acabou em 1953.
Mas nunca houve tratado de paz. Assinou-se apenas uma trégua, que é um compromisso de que os países não vão mais brigar, mas também não ficarão amigos.
O mais grave é que o governo da Coréia do Sul decidiu gastar um dinheirão para comprar armas mais poderosas para seu Exército. (MMC)

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