Conte as horas de seu videogame
Cesar Itiberê/ Folha Imagem
|
Pilha de Playstations aguarda assistência técnica na ômega System, em São Paulo
|
FABRIZIO RIGOUT
da Redação
Aquele videogame Playstation que você ganhou no Natal não vai durar para sempre.
Existe uma peça no interior
do console que vai gastando
com o uso. Depois de aproximadamente 1.500 horas, ela
começa a apresentar problemas. O nome dessa peça é
``canhão do disco óptico''.
O Playstation, fabricado pela Sony dos Estados Unidos e
do Japão, é um console que
funciona com discos ópticos,
como os CDs de música.
O canhão de laser que lê os
discos do Playstation sofre
um desgaste maior que o do
toca-discos, pois tem que traduzir sinais de vídeo também.
Essa peça dura um ano e
meio, mais ou menos, se o game for usado três horas por
dia, dentro das normas.
Uso requer cuidados
Se você transportar o game
para lá e para cá ou usar CDs
piratas, o tempo de uso diminui ainda mais.
Outra maneira de arruinar
seu console lentamente é
usá-lo por muito tempo em
seqüência, provocando superaquecimento.
O técnico Aílton de Alexandre, 50, da Ômega System
Games, já trocou o canhão de
mais de 200 Playstations nos
últimos sete meses.
``É um bom videogame,
mas as pessoas têm que entender que ele não foi feito
para durar'', diz.
Game sem garantia
da Redação
Ao contrário do Saturno e
do Mega Drive, por exemplo,
o Playstation não tem importador oficial no Brasil. Portanto, a garantia do produto
não vale para nosso país.
Isso quer dizer que, se seu
videogame quebrar, você tem
que pagar pelo conserto.
Aí começa o problema: a
Sony também não vende peças de reposição. Os técnicos
têm de tirar peças de Playstations-sucatas e colocá-las no
lugar das quebradas.
Segundo Bruno Pereira, advogado da Sony do Brasil, a
empresa não se responsabiliza por produtos Sony comprados em outros países.
Peça tem preço de game novo nos
EUA
Há produtos programados
para durar um certo tempo e
depois ser descartados.
Ao contrário da comida,
que tem um prazo de validade determinado pela natureza, as roupas, os carros e os
eletrônicos podem ser construídos de maneira tal, que
um dia eles não sirvam mais.
Essa armação foi pensada
-é lógico- para que você
troque seu produto velho por
outro ``melhor e mais avançado'', do mesmo fabricante.
A lógica é simples. Quanto
mais barato for o produto em
relação ao salário de uma
pessoa, menos ela vai se importar em trocá-lo por um
novo.
Assim, o norte-americano
que comprou um game pelo
equivalente a R$ 170,00 vai ficar menos bravo, quando ele
quebrar, do que o brasileiro
que pagou R$ 400,00.
A raiva do brasileiro será
ainda maior porque ele, em
média, ganha menos e, o que
é pior, não encontra videogame novo por um preço razoável. Além disso, o conserto do
canhão custa R$ 180,00, mais
do que um game novo nos
EUA.
Travou em 4 meses
da Redação
``O game quebrou depois de quatro meses'', reclama Ivan Alfredo. ``Travava no meio do jogo, como se apertasse `pause'''.
Ivan confessa que teve
seu console ``desbloqueado'': uma adaptação no
chip que permite usá-lo
com CDs piratas.
Mas o uso que Ivan fez
do game foi abaixo da média. Seu Playstation fica ligado meia hora por dia.
Já Gabriel Suzigan conseguiu desalinhar o canhão de seu console depois de sete meses pelo excesso de transporte e o uso
de CDs piratas. ``É muito
mais barato e compensa o
custo do conserto'', diz.
Fale com a Folhinha: folhinha@uol.com.br