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Crianças discutem sobre terra
Toni Pires/Folha Imagem
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Menino com bandeira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra na passeata
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LAURA MATTOS
free-lance para a Folhinha
O Dia da Criança foi diferente para 400 meninos e meninas. Os sem-terrinha são filhos de trabalhadores do
campo que lutam por um pedaço de terra para plantar
(veja ao lado).
Eles estiveram em São Paulo para brincar e fazer reuniões importantes. Passaram
três dias num clube da capital.
No Dia da Criança, fizeram
teatro, cantaram músicas e
dançaram. Muitas crianças
nunca tinham visto uma piscina e puderam nadar pela
primeira vez.
Atividade séria
Mas, no segundo dia, participaram de uma reunião para
conversar sobre os problemas dos trabalhadores
sem terra.
Nessa reunião escreveram
um documento com reivindicações (mistura de pedido e
reclamação).
Essas crianças sem terra
moram acampadas com seus
pais no interior do Estado de
São Paulo. Geralmente, só
têm aulas com professores
que chegam lá e começam a
ensinar ou com alguma pessoa do acampamento.
Por isso, no documento,
pedem que as escolas dos
acampamentos sejam legalizadas e que os professores recebam salários para dar aulas.
O último dia do encontro
das crianças foi cansativo.
Os sem-terrinha fizeram
uma passeata pelo centro de
São Paulo e foram à secretaria
da Educação para entregar o
documento.
Crianças gostaram do encontro
``Adorei as brincadeiras'',
disse a sem terrinha Patrícia,
9. Letícia, 8, concorda: ``Foi
legal porque tinha muita
criança para brincar.
Silvia, 10, achou o encontro
bonito porque tinha muita
criança reunida.
Terra não é do trabalhador
Sem-terra é o trabalhador
do campo que não tem um
pedaço de terra para produzir
(plantar, colher e vender).
Muitos deles moram em
acampamentos e têm uma
qualidade de vida ruim.
Na maioria dos acampamentos não existe luz elétrica, posto de saúde, nem escolas.
Para tentar melhorar sua vida, esses trabalhadores organizaram o Movimento dos
Trabalhadores Rurais
Sem-Terra (MST).
O que é Reforma Agrária
No Brasil há muitos lugares
que não são aproveitados para a plantação de alimentos
ou criação de animais.
Há fazendeiros que têm pedaços enormes de terra (latifúndios) e não aproveitam a
maior parte do terreno.
O MST quer que o governo
distribua novamente essas
terras para que os trabalhadores possam trabalhar em
seu próprio terreno.
Essa nova distribuição de
terras é chamada de Reforma
Agrária. A luta por essa reforma já era muito forte no século passado.
(LM)
Algumas famílias invadem fazendas
Toni Pires/Folha Imagem
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Trabalhador com filha, na passeata
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Algumas famílias sem terra
estão invadindo os latifúndios enquanto a Reforma
Agrária não acontece.
Procuram ocupar apenas as
terras que não estão sendo
usadas (chamadas de terras
improdutivas).
Geralmente ocorre briga
nessas invasões. Os fazendeiros expulsam os sem-terra, e
eles não querem sair.
O maior problema da falta
de terra para essas famílias é
que elas acabam indo morar
na cidade (êxodo rural).
A situação continua ruim
porque muitos ficam desempregados, e as crianças continuam precisando de escola,
saúde e alimentação melhor.
O governo tem se esforçado
mais para fazer a Reforma
Agrária, apesar de o Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem-Terra reclamar
que está demorando.
Música
No encontro dos sem-terrinha, as crianças cantaram
músicas sobre a Reforma
Agrária para aprender sobre
a terra no Brasil.
(LM)
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